É possível aumentar o teor de proteína da silagem e, ao mesmo tempo, contribuir com a saúde do solo? A inclusão de leguminosas nos sistemas consorciados tem se tornado uma estratégia cada vez mais presente nas propriedades rurais do Brasil.
Ao consorciar leguminosas e uma cultura anual, você pode produzir silagens de alta qualidade nutricional, melhorar a produtividade por hectare e ainda aproveitar os benefícios da fixação biológica de nitrogênio no solo da sua propriedade.
Neste artigo você vai entender como funciona esse sistema, quais leguminosas são mais indicadas e de que forma o consórcio pode transformar a alimentação do seu rebanho.
Por que consorciar leguminosas e culturas anuais para a produção de silagem?
O milho e o sorgo são as gramíneas mais usadas na produção de silagem, sendo conhecidos por seu alto rendimento e bom valor energético. Porém, eles apresentam teores de proteína bruta (PB) relativamente baixos, com médias entre 7% a 9%.
Por outro lado, leguminosas, como o feijão guandu, os estilosantes e a alfafa, podem alcançar teores de proteína que variam de 14% a 20%, agregando um valor nutricional muito superior à dieta do gado. Ao combinar gramíneas e leguminosas para a produção de silagem, você equilibra e complementa as características de cada planta:
- Grãos e carboidratos solúveis presentes nas culturas como milho e sorgo garantem substrato para uma fermentação adequada;
- Maior matéria seca de culturas como milho e sorgo reduzem a umidade excessiva presente nas leguminosas;
- Proteína de alta qualidade, fundamental para desempenho animal é fornecida pelas leguminosas.
Desafios no uso de leguminosas para silagem
Apesar das vantagens, as leguminosas exigem atenção especial no manejo. Entre os principais desafios, destacam-se:
- Alta umidade na fase de ensilagem;
- Elevado poder tampão, dificultando a rápida queda do pH;
- Baixos teores de carboidratos solúveis;
- Alta fibra nos seus caules.
Se essas características não forem bem manejadas, você pode ter silagens de baixa qualidade e palatabilidade, além da presença de fungos.
Como o consórcio pode resolver esses problemas?
O cultivo consorciado entre uma cultura anual, como o milho ou sorgo com uma leguminosa, como o feijão guandu ou o estilosante, representa uma estratégia eficiente para superar essas limitações, pois proporciona:
- Aumento da matéria seca total por hectare, equilibrando a alta umidade das leguminosas;
- Presença de grãos, que facilitam a fermentação lática;
- Maior teor de proteína bruta na silagem final;
- Fixação biológica do nitrogênio, melhorando a fertilidade do solo para safras futuras.
Ou seja, você otimiza a produtividade da área, melhora a qualidade nutricional da silagem e ainda proporciona a sustentabilidade da sua propriedade.
Quais leguminosas usar no consórcio?
Entre as leguminosas mais indicadas, utilizam-se:
- Feijão guandu (Cajanus cajan): excelente teor proteico e alta produção de biomassa.
- Estilosantes (Stylosanthes spp.): boa adaptação a solos pobres e fixação eficiente de nitrogênio.
- Alfafa (Medicago sativa L.): alto teor de proteína e alta digestibilidade.
A escolha da leguminosa deve-se considerar o clima, solo, logística de colheita e objetivos nutricionais do seu rebanho.
Conclusão
O uso de leguminosas em consórcio na produção de silagem é uma excelente estratégia para você aumentar a qualidade nutricional da dieta do rebanho e melhorar a saúde do solo. Ao incluir leguminosas no sistema, você garante mais proteína na silagem, maior produtividade por hectare e maior sustentabilidade para a sua propriedade.
Referências
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