O solo é considerado um recurso não renovável, que depende do processo de intemperismo para o seu desenvolvimento, a partir dos fatores de formação, tais como clima, organismos, material de origem, relevo e tempo. Sendo assim, o manejo realizado de maneira inadequada gera perdas de um recurso que pode demorar séculos para se formar. Sabe-se que demora cerca de 300 anos para que seja formado um cm de solo. Mas para degradá-lo é rápido: vários centímetros de solo podem ser carreados por uma única chuva, caso o solo esteja descoberto (LEPSCH, 2010) (Figura 1).
Figura 1. Exemplo de perda de solo por erosão hídrica.
Fonte: Daiane Dalla Nora e Marcieli Piccin
Por isso a importância de fomentar debates, estudos, cursos e afins, visando a sempre entender como podemos e devemos focar em sistemas produtivos mais sustentáveis. Tendo em vista a crescente necessidade de produzir, que se dá em função do aumento exponencial da população, é necessária a total compreensão de que a produção em larga escala não deve excluir conceitos e manejos mais adequados, visto que a completa exaustão do solo tende a gerar perdas, que podem ser econômicas, sociais ou ambientais. Isso porque o uso intensivo da terra pode causar desertificação e salinização, assim como assoreamento de rios e lagos, como consequência da necessidade da utilização de mais corretivos e adubos, a fim de manter a produtividade.
Conceito de solo
O solo pode ser definido como o material mineral e/ou orgânico não consolidado na superfície da Terra, que serve como substrato e meio natural para o crescimento e o desenvolvimento dos organismos vegetais e animais (SSSA, 1997). De acordo com Kämpf e Curi (2012), o termo solo vem do latim ‘solum’, que indica suporte, superfície, base. Esses mesmos autores definem solo como a parte superior da crosta terrestre, mais precisamente, a parte superior ao regolito. Entende-se por regolito o material solto, constituído do intemperismo da rocha. Dessa forma, o solo é formado por partículas sólidas, que podem ser de origem mineral ou orgânica, ordenadas formando a matriz do solo, que apresenta espaços porosos, os quais podem ser preenchidos por ar ou água. As proporções do material sólido, assim como dos poros, são dependentes das condições ambientais e de formação, do mesmo modo que das ações antrópicas (Figura 2) (NOVAIS; MELO, 2007).
Figura 2. Componentes gerais do solo. Fonte: Novais e Melo (2007).
Biodiversidade do solo
Além de ser formado por parte sólida, líquida e gasosa, o solo é considerado vivo, pois contém uma biodiversidade de milhares de organismos, dos mais variados tamanhos, com as mais diversas funções.
Com relação ao tamanho, podem ser classificados como macrofauna (cupins, formigas, percevejos, baratas, por exemplo), mesofauna (ácaros, colêmbolos) e microfauna (animais microscópicos, como nematoides) (LAVELLE et al., 1997; BROWN et al., 2001) (Figura 3).