Na sessão anterior (disponível em: confira aqui) foi apresentada a importância, ocorrência e as principais estruturas dos fungos ectomicorrízicos. Nessa sessão serão vistos mais detalhes sobre a estrutura, e o lado economicamente promissor das trufas.
A estrutura
As ectomicorrizas podem viver saprofiticamente no solo e por isso é possível cultivá-las em meio de cultura e manter no laboratório. Em condições adequadas, as ectomicorrizas estabelecem relação mutualística com alguns tipos de plantas, e em alguns casos podem ocorrer os espocarpos (cogumelos).
O cogumelo é considerado a estrutura reprodutiva macroscópica das ectomicorrizas. Como visto anteriormente, esse é composto por estruturas que ficam acima e abaixo do solo. Acima do solo encontram-se o píleo, o himénio, o anel e o estipe e abaixo do solo estão a volva e o micélio (conjunto de hifas) (Figura 1).
Figura 1: Detalhes da estrutura reprodutiva dos fungos ectomicorrízicos (A) e Rede de Hartig em raízes de Gimnosperma e Angiosperma (B).
Adaptado de PRATES JÚNIOR et al., 2021.
A associação entre o fungo ectomicorrízico e a planta modifica a estrutura da raiz (Figura 1A). As hifas dos fungos colonizam apenas os espaços intercelulares e formam a Rede de Harting (PRATES JÚNIOR et al., 2021). Essa rede tem algumas diferenças dependendo do grupo de plantas que colonizam. Em gimnosperma a Rede de Hartig pode ocupar todo o córtex, até a endoderme. Já no caso das angiospermas, a rede de Hartig restringe-se às células da epiderme e, no máximo, à primeira camada do córtex (Figura 1A).
Funções ecológicas
Como visto na primeira parte dessa sessão, as ectomicorrizas desempenham uma função ecológica muito importante: o fornecimento de água e nutrientes minerais para as plantas colonizadas. No entanto, uma outra possibilidade foi descoberta para as ectomicorrizas.
Em 2016 o pesquisador Marcelo Sulzbacher encontrou em pomares de nogueira-pecã de Santa Maria e Cachoeira do Sul uma espécie comestível de fungo, a Tuber Floridanum (https://www.ufsm.br/2016/11/01/%E2%80%8Bpesquisadores-da-ufsm-encontram-trufas-raras-no-centro-do-rs/https://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/produtos-ingredientes/trufa-brasileira-existe-nao-pode-ser-consumida/). Essa descoberta possibilita a comercialização desse produto pelos produtores de noz-pecã, agregando valor à propriedade, e seu uso na gastronomia. Em outros locais do mundo, como na Eslovênia, espécies de Tuber são consideradas iguarias e muito utilizadas em tempo em pratos culinários.
REFERÊNCIAS
PRATES JÚNIOR et al. Micorrizas: conceitos, metodologias e aplicações. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Núcleo Regional Leste, 2021.