Você sabia que é possível recuperar pastagens degradadas e, ao mesmo tempo, produzir uma silagem de alta qualidade para o seu rebanho?
O consórcio triplo de culturas combinando uma cultura anual, uma gramínea tropical e uma leguminosa tem se mostrado uma estratégia eficiente, sustentável e de grande impacto para o bolso do produtor. Além de gerar forragem para o período seco, esse sistema aumenta a proteína na dieta dos animais e melhora a fertilidade do solo, contribuindo para o uso sustentável do solo nas propriedades.
Neste artigo, você vai entender como o consórcio triplo funciona, quais cultivares utilizar, quais são os benefícios e os cuidados no manejo para obter uma boa silagem e uma boa pastagem.
Por que utilizar consórcio triplo na propriedade?
Tradicionalmente a silagem é feita com milho ou sorgo, que oferecem alto valor energético, porém baixos teores de proteína bruta (geralmente entre 6% e 9%). Para melhorar a qualidade dessa silagem, estudos recentes mostraram que o consórcio com leguminosas e gramíneas tropicais podem enriquecer essa silagem produzida na propriedade. Além de promover a recuperação de pastagens.
Como o consórcio contribui para a recuperação de pastagens?
A pastagem degradada é um problema comum em diversas regiões do Brasil, principalmente por manejo inadequado, superpastejo e baixa fertilidade do solo. Ao introduzir um consórcio triplo com a calagem e adubação correta, você promove ao solo da sua propriedade:
- Maior cobertura do solo, consequentemente reduzindo a erosão;
- Incremento na matéria orgânica;
- Fixação biológica de nitrogênio pelas leguminosas;
- Melhoria na estrutura do solo com sistemas radiculares mais profundos e
- Redução de invasoras e pragas, em favor da competição entre as culturas.
Após a colheita para silagem, as gramíneas e leguminosas podem rebrotar e formar um pasto de qualidade para a entressafra, periodo de maior escasses de forragem nas propriedades.
Quais culturas utilizar no consórcio triplo?
O sucesso do consórcio triplo depende da escolha correta das espécies. Aqui estão algumas opções:
- Cultura anual principal: Milho (Zea mays L.) ou Sorgo (Sorghum bicolor L.).
- Gramíneas tropicais: Forrageiras do gênero Panicum maximum (por exemplo: BRS Tamani, BRS Quênia, BRS Zuri, etc); Forrageiras do gênero Brachiaria (por exemplo: Ruziziensis, BRS Integra, Marandu, Paiaguás, etc).
- Leguminosas: Feijão guandu (Cajanus cajan), estilosante Bela (Stylosanthes guianensis cv. Bela), estilosante Campo Grande (Stylosanthes cv. Campo Grande).
Lembrando que a escolha deve sempre levar em conta o clima da região, o tipo de solo, a mão de obra disponível e o objetivo nutricional da silagem.
Benefícios do consórcio triplo para a silagem
- Com o consórcio triplo bem manejado, é possível obter silagens com:
- Teor de proteína bruta acima de 11%, contra 6 a 9% da silagem de milho em monocultivo;
- Maior produção de massa verde e seca por hectare;
- Menores perdas de matéria seca e por efluente devido ao melhor equilíbrio de umidade;
- Melhor perfil fermentativo, com aumento da produção de ácido lático e redução da capacidade tampão;
- Redução da necessidade de suplementos proteicos na dieta dos animais e de custos de aquisição.
Dicas de manejo para melhores resultados
- Planejar a adubação com base na análise de solo;
- Semear as culturas com espaçamento adequado, evitando sombreamento e competição excessiva;
- Determinar o ponto ideal de colheita com base no teor de matéria seca (MS) da cultura annual;
- Compactar bem a silagem e manter o silo bem vedado.
Figura 2. Sugestão de espaçamento para semeadura do consórcio triplo. Fonte: os autores
Conclusão
O consórcio triplo é uma excelente estratégia para quem busca melhorar a qualidade da silagem e ao mesmo tempo, recuperar a pastagem da propriedade. Ao associar culturas de perfis complementares, você promove maior sustentabilidade, produtividade e rentabilidade em uma mesma área da sua propriedade.
Referências
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