Manejo de mofo branco
Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Condições favoráveis para o desenvolvimento do mofo branco.
- Estratégias de manejo do mofo branco na soja.
Agente causal
O fungo Sclerotina sclerotiorum é o agente causal da doença conhecida como mofo branco. A doença denomina-se “mofo branco” pelo fato de seus sintomas envolverem a formação de uma rede densa de hifas brancas sobre os tecidos vegetais. Na soja, essa doença pode se desenvolver em praticamente qualquer parte da planta, como raízes, caule, folhas, flores e vagens.
Condições favoráveis para o desenvolvimento da doença
Os anos que apresentam alta umidade e temperaturas mais amenas, principalmente durante a noite, aumentam a severidade do mofo branco. Estudos indicam que para cada ponto percentual de aumento de mofo branco na cultura da soja, ocorre um decréscimo na produtividade de aproximadamente 17 kg/ha, além de aumentar significativamente os escleródios presentes na área em 100 g/ha (MAYER et al., 2018). Apesar da doença poder se manifestar tanto no estágio vegetativo quanto no estágio reprodutivo da cultura da soja, é no período de floração e de formação dos legumes que ocorre a maior suscetibilidade da cultura ao S. sclerotiorum. Isto ocorre porque as estruturas denominadas de ascósporos conseguem ser transmitidas facilmente pelo vento até os apêndices florais e infectar as flores, as quais servem como fonte de alimento para o fungo.
Medidas de manejo
Para evitar grandes perdas de produtividade, as estratégias mais conhecidas para o controle desta doença são semeadura sob palhada de gramínea (pois gramíneas não são hospedeiras de S. sclerotiorum), rotação de culturas, uso de sementes certificadas e aplicação de fungicida no início do florescimento e durante a floração. Deve-se dar mais atenção às áreas com histórico de mofo branco e elevada densidade de escleródios, reduzindo o intervalo de aplicação para evitar a reinfestação da doença. Além disso, quando o dossel da cultura fechar na entrelinha, deve-se optar por aumentar a vazão e/ou volume de calda, com o objetivo de atingir uma melhor cobertura do terço inferior das plantas.
Outro aspecto bem importante relacionado ao ciclo do mofo branco é o manejo de cobertura, utilizando a cultura do nabo antes da semeadura do trigo, principalmente no estado do Rio Grande do Sul. Embora essa rotação traga benefícios agronômicos (ciclagem de nutrientes, descompactação, entre outros), essa prática pode favorecer o desenvolvimento do patógeno. Dessa maneira, as sementes de nabo forrageiro costumam apresentar elevadas quantidades de escleródio, sendo semeadas juntamente com a cultura. Portanto, dentro desse tipo de manejo, deve-se priorizar as sementes de alta qualidade fitossanitária, isentas de estruturas de disseminação do mofo branco, e realizar vistorias frequentes nas lavouras com nabo forrageiro, nas quais, quando for observada a incidência da doença, deve-se optar por eliminar os restos culturais e não retirar sementes da área.
Referências
MAYER, M. C.; CAMPOS, H. D.; GODOY, C. V.; UTIAMADA, C. M.; SEII, A. H.; DIAS, A. R.; JACCOUD FILHO, D. S.; BORGES, E. P.; JULIATTI, F. C.; NUNES JUNIOR, J.; SILVA, L. H. C. P. da; SATO, L. N.; MARTINS, M. C.; VENANCIO, W. S. Eficiência de fungicidas para controle de mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) em soja, na safra 2017/2018. Londrina: Embrapa Soja, 2018. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 140).
AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; CAMARGO, L. F. A. Manual de Fitopatologia: doenças em plantas cultivadas. 5. ed. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2016.