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Início / Plantas daninhas e a resistência a herbicidas

  • Materiais Técnicos
  • 14/10/2016

Plantas daninhas e a resistência a herbicidas

Sumário

  1. Histórico do manejo e resistência à herbicidas.
  2. Qual a diferença entre resistência e tolerância à herbicidas
  3. Como se desenvolve a resistência
  4. Falhas de manejo que levam ao aparecimento de resistência
  5. Considerações sobre a existência ou não de plantas daninhas resistentes

Introdução

O aparecimento de populações resistentes a herbicidas é um fenômeno mundial, que começou na década de 70 e já atinge mais de 250 espécies de plantas daninhas, causando perdas financeiras de bilhões de dólares, constituindo-se em uma grave ameaça à produção sustentável de alimentos no mundo. Somente o uso racional de herbicidas, em um sistema onde se utilizem produtos com diferentes mecanismos de ação aliados a diversas ferramentas de controle de plantas daninhas, poderá permitir que as tecnologias atualmente disponíveis não se percam e assim, alterar este cenário em favor dos produtores.

A cena está se tornando cada vez mais comum. De um lado, um produtor preocupado e insatisfeito com o herbicida que apresentou controle ineficiente de uma ou mais espécies de plantas daninhas presentes em sua lavoura. De outro lado, profissionais do setor público e privado, consultores e especialistas em manejo de plantas daninhas, algumas vezes perplexos ao explicar ao agricultor o porquê aquele produto, que era tradicionalmente eficiente sobre determinada espécie, repentinamente, não é mais capaz de exercer o seu controle. 

Resistência ou tolerância? 

É importante definirmos o que é a resistência a herbicidas, e como ela difere de outro conceito importante, conhecido por “tolerância” a herbicidas. Resistência define-se como a habilidade de uma planta, biótipo ou população de plantas daninhas, de sobreviver e se reproduzir após a aplicação de um herbicida, em dose que seja letal a plantas suscetíveis da mesma espécie. Mais recentemente, definiu-se que biótipos resistentes devem sobreviver ao herbicida, quando usado em dose cheia (100% da dose recomendada de acordo com a bula), para eliminar plantas supostamente resistentes. Resistência se refere a plantas, de uma determinada espécie, que são capazes de se comportar de maneira distinta a espécie, no caso sobreviver à aplicação de doses que seriam letais a espécie. Já o conceito de tolerância a herbicidas relaciona-se à habilidade da espécie em sobreviver à aplicação do herbicida, sendo, portanto, a resposta inerente à espécie e não sendo exclusiva de algumas populações ou biótipos.  Populações de três espécies de buva ou voadeira (Conyza canadensis, C. sumatrensis, e C. bonariensis) (Figura 1) resistentes ao herbicida glifosato, ingrediente ativo presente em produtos como o Roundup®, foram encontradas em lavouras de vários estados brasileiros. 

Figura 1 – (A) Planta de buva ou voadeira (Conyza sp.); (B) Buva em floração

 

O controle de buva com este herbicida era eficiente nestes estados, em decorrência do predomínio de populações suscetíveis. Este exemplo caracteriza-se, então, como um caso de resistência. Por outro lado, temos plantas daninhas, como a trapoeraba (Commelina benghalensis) (Figura 2) e a corda-de-viola ou corriola (Ipomoea spp.) (Figura 3) que devido a fatores morfológicos e fisiológicos apresentam dificuldade de controle com a utilização de glifosato. Essas espécies exigem altas doses do herbicida e caracterizam-se como espécies nas quais o escape de plantas e ausência de controle são comuns. Neste caso, a tolerância ao glifosato é algo inato das espécies, e não se apresenta como uma particularidade de alguns biótipos ou populações, como é o caso da buva.  


Figura 2 – (A) Trapoeraba (Commelina benghalensis); (B) Plântula de corda-de-viola ou corriola (Ipomoea spp.)  

 

Figura 3 – (A) Plântula de corda-de-viola ou corriola (Ipomoea spp.) (B) Flor de Ipomoea

 

Surgimento de mecanismos de resistência

Diferentemente das culturas, as populações de plantas daninhas apresentam uma grande variabilidade genética entre si. Em uma mesma área geográfica, quanto maior for a variabilidade genética e maior for a densidade da infestação, maiores as chances de surgimento de resistência a um determinado herbicida ou a mecanismos de ação. O mecanismo de ação de um herbicida é a maneira pela qual o herbicida afeta a planta a nível histológico ou celular. Como exemplo, temos o ingrediente ativo glifosato (presente em uma gama de produtos formulados), que atua através da inibição da enzima EPSPs (enolpiruvil-shiquimato-fosfato sintase). Esta enzima está presente no cloroplasto e age na rota do ácido chiquímico, sendo o glifosato o único ativo que possui este mecanismo de ação. A resistência a um mecanismo de ação, em uma população ou biótipo, ocorre de formas distintas. Pode processar-se quando a mutação acontece diretamente sobre o sítio de ação do herbicida (como mutações em uma enzima-alvo ou superprodução desta), ou quando age sobre mecanismos fora do sítio de ação.

Os mecanismos fora do sítio de ação são variados e englobam importantes mecanismos de resistência, como a metabolização acelerada do herbicida em populações resistentes (evitando assim que o herbicida se acumule no sítio de ação e alcance níveis fitotóxicos, e como a reduzida translocação e absorção do herbicida, através da cutícula foliar, dentre outros. A elucidação do mecanismo de resistência em determinada população da planta daninha é de extrema importância, para que medidas de manejo sejam definidas. As medidas de manejo devem levar em conta a fisiologia da planta, visto que alguns biótipos resistentes podem apresentar mais de um mecanismo de resistência em uma mesma planta, dificultando o uso de outros herbicidas do mesmo mecanismo de ação, ou mesmo de outros mecanismos de ação.

A resistência é, portanto, a perda de eficácia de um herbicida que ocorre ao longo do tempo, devido à intensa pressão de seleção exercida pelo herbicida, através de seu uso repetitivo no campo. Herbicidas são ferramentas altamente eficazes para controle de plantas daninhas, apresentando em geral controle acima de 80-90%. Assim, ano após ano, plantas resistentes conseguem sobreviver e se reproduzir, sofrendo seleção até que se torne perceptível e estabeleça-se o problema de resistência a herbicidas na lavoura. Contudo, a resistência a herbicidas não é o único problema que pode levar a falhas de controle após a aplicação de herbicida. Na realidade, antes que haja a suspeita da presença de populações resistentes, todos os fatores envolvidos nas falhas de aplicação devem ser eliminados (Figura 4).

 

Figura 4 – São vários os fatores a serem eliminados antes que se considere que a planta daninha desenvolveu resistência a herbicidas.

Falhas no controle – como distinguir entre resistência e outros fatores

Podemos dividir os fatores relacionados ao controle ineficiente de plantas daninhas por um herbicida em duas categorias: (i) problemas com a aplicação do produto, como uso de pontas de aplicação entupidas, equipamento mal calibrado, pulverização em situações climáticas inadequadas (temperaturas muito elevadas, umidade relativa baixa, presença de ventos fortes, chuva após a aplicação), ou uso de produtos sem validade; (ii) aspectos relacionados ao alvo – aplicação realizada em estádio de crescimento das plantas daninhas inadequado  (por exemplo, aplicação sobre planta em estádio mais avançado do que o indicado para o produto), ou sob plantas em condições de estresse ambiental.

Deve-se também garantir que possíveis misturas de tanque que, apesar de não permitidas são às vezes utilizadas, não sejam as responsáveis pela diminuição da eficácia dos produtos, visto que casos de antagonismo entre produtos são comuns. As características de distribuição de invasoras geralmente estão associadas ao desenvolvimento de resistência a herbicidas em determinada lavoura.

Características relacionadas a distribuição de escapes (plantas sobreviventes) na lavoura que podem indicar que populações resistentes de uma espécie de planta daninha estão presentes.  

1) Distribuição de plantas na área em reboleiras e bem localizadas

2) Distribuição em formato retangular devido a distribuição de sementes pela colhedora

3) Algumas plantas em estádio de crescimento similar foram controladas, mas outras não

4) Ausência de sinais indicando falha na aplicação, como controle ineficiente de todas as plantas da espécie, ou ainda presença de faixas definidas no campo devido a problemas na pulverização 

Algumas considerações que devemos fazer ao encontrarmos plantas remanescentes e indicar a possibilidade de existência ou não de plantas daninhas.

  1. A aplicação foi feita sob condições climáticas corretas? Choveu logo após a aplicação?

  2. Houve incompatibilidade de misturas no tanque?

  3. Qual o estádio de desenvolvimento a planta daninha estava?

  4. A dose foi ajustada de acordo com o estágio de crescimento das plantas daninhas?

  5. Foi utilizado o adjuvante recomendado? O pulverizador foi calibrado corretamente?
Foto de Dr. Rafael Pedroso

Dr. Rafael Pedroso

Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Mestre e Doutor em Horticultura e Agronomia pela Universidade da Califórnia em Davis/CA, EUA e especialista em manejo de plantas daninhas pela mesma universidade. Professor temporário na ESALQ/USP (Piracicaba/SP) desde 10/2018 e docente na UniFeob (São João da Boa Vista/SP). Até a presente data, possui um acumulado de mais de 1.000 horas/aula na ESALQ/USP ? entre disciplinas da Graduação e Pós-graduação, além de 900 horas/aula na Unifeob. Membro da atual diretoria da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD) e um dos editores do boletim trimestral desta sociedade. Atualmente atuo também como vice-coordenador do II Weed.Con, a ocorrer em Novembro de 2021. Atuação em Ciências Agrárias, ênfase em Ciência das Plantas Daninhas e sistemas de produção de grandes culturas. Realização de mais de 50 palestras, apresentações e treinamentos in-company ou online. Atuou como coordenador do Núcleo de Herbologia e Herbicidas do Instituto Phytus, estando envolvido em condução de pesquisa a campo e estufa para avaliação de eficácia de controle de plantas daninhas junto à agroquímicas, para fins de registro ou desenvolvimento do produto. Fortes componentes ligados ao ensino como o preparo de materiais didáticos em diversas formas de mídia (vídeo, escrita, podcast, webinar) para a plataforma PhytusClub, tendo produzido mais de 100 materiais. Atuo também na produção e organização de cursos para a plataforma Agrischool, treinamentos em fazendas e revendas, e atuação como palestrante em eventos contratados por empresas ou reuniões societárias.
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Me. Carla do Amaral Siqueira

Me. Carla do Amaral Siqueira

Possui graduação em Curso de Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (2000) e mestrado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (2002). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Manejo e Tratos Culturais e Fitossanidade. Atua principalmente nos seguintes temas:arroz irrigado, manejo de plantas daninhas, nutrição e fisiologia vegetal. Atua ainda na área de segurança alimentar, com condução de ensaios de campo para determinação de resíduos. Tem experiência no sistema de qualidade BPL.
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