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Início / Complexo da brusone

  • Materiais Técnicos
  • 15/02/2017

Complexo da brusone

Sumário

Neste material você irá encontrar aspectos essenciais do complexo de Brusone na cultura do arroz como:

  1. Introdução
  2. Gênero Magnaporthe
  3. A doença
  4. Condições favoráveis à Brusone
  5. Sintomas
  6. Características do processo infeccioso
  7. Controle

Introdução

A confirmação de altos patamares produtivos na cultura do arroz vem anualmente sofrendo a interferência de doenças sobre a cultura, vindo a reduzir quantitativamente a produção, bem como qualitativamente, através da depreciação da qualidade final do grão do arroz.

Neste sentido, a brusone vem ganhando maior representatividade sobre a grande maioria das áreas cultivadas com arroz.

A espécie do patógeno responsável ainda não é unanimidade frente aos micologistas que estudam o assunto. No entanto, estudos mais recentes são categóricos em afirmar que se trata do Complexo Magnaporthe (Choi, J. 2013), fase teleomórfica do gênero, onde sua fase anamórfica ganha a denominação de Pyricularia.

 

Gênero Magnaporthe

Dentro do gênero Magnaporthe, existem cinco espécies: M. salvinii, M. grisea, M. oryzae, M. poae e M. rhizophila, onde as duas últimas infectam somente raízes das gramíneas hospedeiras. Já a M. salvinii, M. grisea e a M. oryzae têm habilidade de infectar colmos e folhas dos hospedeiros, havendo alguns relatos dessa última infectar também por meio das raízes.

A diferença entre essas é que a M. salvinii produz esclerócios sobre os tecidos atacados enquanto que a M. grisea e M. oryzae não apresentam a mesma estrutura (Zhang, N. 2011).

Essas duas últimas são as espécies mais representativas para a cultura do arroz e ambas podem ser responsáveis pela inoculação e geração dos sintomas característicos de brusone, por isso denominado de Complexo Magnaporthe (Choi, J. 2013).

 


A doença

Anteriormente essa doença estava restrita a regiões próximas ao litoral ou à beira de regiões montanhosas, onde as condições climáticas eram favoráveis ao progresso acelerado do patógeno.

Hoje a doença está presente em praticamente todas as áreas produtivas do país, inclusive no interior do estado do Rio Grande do Sul, onde a pressão era abaixo do nível de dano.

O aumento do potencial produtivo dos materiais e consequente queda na rusticidade, aliado à dispersão de inóculo pela semente e permanência deste nos restos culturais são fatores responsáveis por esta “interiorização” do patógeno.

 

Condições favoráveis à Brusone

As condições adequadas para a infecção são temperaturas diurnas entre 25 a 28 °C e noturnas entre 17 a 23 °C, UR acima de 90%, nebulosidade elevada e longos períodos de molhamento foliar. Sob essas condições, a ocorrência de brusone será notada, mesmo com baixa infestação na folhagem.

O contrário também será verdadeiro, sendo observada a lesão nas folhas e baixa infecção no “pescoço”. Além disso, estresses causados por fornecimento intermitente de água aliado à desequilíbrio nutricional (principalmente excesso de Nitrogênio no início do ciclo) e associados à elevada população de plantas também são fatores que aumentam a sensibilidade do arroz à brusone.

 

Sintomas 

Em regiões de sequeiro ou mesmo áreas irrigadas nas regiões tropicais (Tocantins, Roraima, etc.), os sintomas da brusone passam a se manifestar a partir das primeiras folhas da planta de arroz. Nas folhas estabelecidas, os sintomas caracterizam-se pela formação inicial de pequenas lesões necróticas de coloração marrom, rodeadas por um halo amarelado (Figura 01).

Figura 1 – Sintomas de brusone em plantas de arroz no início do estádio vegetativo.

Após, evoluem para manchas alongadas com formato típico de diamante, com bordos irregulares e de coloração marrom, com centro grizáceo (Figura 02).

Figura 2 – Sintomas de brusone em plantas de arroz no estádio reprodutivo.

As lesões coalescem, em condições favoráveis ao patógeno, podendo causar morte de folhas ou da planta inteira (Figura 03).

 

Figura 3 – Sintomas de lesões coalescidas de brusone em folhas de arroz.

No colmo a infecção pode bloquear a circulação de seiva, provocando a quebra no ponto de infecção e, consequentemente, o acamamento da planta.

Além disso, a infecção pode iniciar no colar, onde a lâmina da folha entra em contato com o colmo, causando necrose na junção destas duas estruturas (Figura 04), produzindo inóculo para a infecção de ráquis e grãos.

No nó da base da panícula a infecção, também conhecida como “brusone de pescoço”, provoca enegrecimento desta região e obstrução no transporte de seiva, resultando em panículas esbranquiçadas, enfezadas e chochamento total dos grãos (Figura 04).

Figura 4 – Sintomas de brusone na base da panícula (“pescoço”) no arroz.

É importante salientar que os sintomas na base da panícula não necessariamente resultarão da infecção presente na folha do arroz, pois a fonte de inóculo pode ser do micélio ou conídio nos restos culturais, plantas daninhas ou lavouras de curta e média distância, se as condições permitirem.

Assim, o ponto chave para a infecção do patógeno no “pescoço” e seu manejo passa pelo entendimento do período vulnerável da planta à infeção do fungo, que compreende todo período entre final do emborrachamento e emissão das panículas.

Durante esta fase, qualquer chegada de inóculo, seja produzido pela lesão da folha ou não, irá depositar-se sobre a folha bandeira e o molhamento encarrega-se de movimentá-lo até o interior da bainha, onde encontrará o ambiente ideal para iniciar a infecção no nó da base da panícula – “pescoço” (Figura 04).

 

Características do processo infeccioso 

Este fungo, em especial, possui algumas características no processo de infeção que o diferenciam da grande maioria dos causadores de doenças em plantas. Com o início do processo de germinação do patógeno sobre os tecidos do hospedeiro, há formação do tubo polínico e posterior apressório que produz compostos diferentes dos demais.

Neste processo, o fungo sintetiza biopolímeros a partir de compostos fenólicos, formando a melanina. Assim, ela passa a ser biossintetizada nas paredes do apressório, formando a hifa de infecção para a penetração na epiderme do hospedeiro (Figura 07)

Figura 05 – Mecanismo de penetração do apressório de Pyricularia oryzae em epiderme de arroz (adaptado de Kurahashi, 2001).

Essa é uma característica essencial à patogenicidade, conferindo vantagens adaptativas em condições inadequadas de infecção e aumentando a virulência do patógeno (Suryanarayanan, 2004), visto que indivíduos mutantes que não produzem melanina não causam brusone.

Além do Complexo Magnaporthe, patógenos do gênero Colletotrichum sp. também fazem da melanina um componente fundamental do seu processo de patogenicidade (Rodrigues, 2006).

 

Figura 06 – Rota biossintética da melanina (adaptado de Kurahashi, 2001).

Controle

Como vimos anteriormente, qualquer posicionamento químico após a emissão total da panícula terá o intuito somente de reduzir a produção de inóculo que chegará na ráquis ou nos grãos (Figura 07).

Figura 07 – Porcentagem (%) de incidência de brusone na base da panícula (“pescoço”) devido ao atraso no posicionamento químico.

No caso do descrédito da interação da elevada população de plantas x desequilíbrio nutricional (principalmente, excesso de N), mesmo a aplicação do fungicida não será suficiente para reduzir a taxa de progresso do patógeno sobre os tecidos do hospedeiro, resultando em grandes quebras (Figura 08).

 

Figura 08 – Porcentagem (%) de incidência de brusone na base da panícula (“pescoço”) em função de densidade de plantas e Kg de N/ha.

De acordo com o FRAC 2013 (Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas), alguns produtos têm a habilidade de impedir a biossíntese de melanina, causando a morte do patógeno.

Esses mecanismos de ação são responsáveis pela redução ou desidratação enzimática na rota de biossíntese da melanina DHN (polímeros de 1,8-dihydroxynaphthalene), sendo, portanto, os principais sítios alvo (Quadro 1).

 

Quadro 1 – Fração do quadro de classificação de fungicidas de acordo com o mecanismo de ação (FRAC, 2013)

De todos os produtos citados no quadro 1, o tricyclazole é o ingrediente ativo (i.a.) de maior comercialização para controle de brusone e sua ação é relatada entre os compostos 1,3,8 Trihidroxynaphtalene (THN) e Vermelone (Figura 06). Plantas de arroz foram tratadas com este i.a. e observou-se que a germinação e o início do desenvolvimento do apressório não sofreram alterações, porém a melanização deste foi reduzida, diminuindo a patogenicidade e coloração de cinza escuro para marrom claro.

Além disso, ocorreu acúmulo de Scytalone, evidenciando que a continuação do processo de biossíntese foi interrompida a partir dali (Rodrigues, 2006).

Além destes grupos de fungicidas, vale lembrar que alguns i.a. dos grupos dos triazois e estrobilurinas também são eficazes quanto à supressão desta doença, especialmente quando posicionados preventivamente e dentro de um programa de proteção foliar associado às estratégias de manejo para reduzir as condições adequadas ao estabelecimento e avanço do patógeno sobre a planta.

 

Foto de Ph.D. Ricardo Balardin

Ph.D. Ricardo Balardin

"CEO do Phytus Group e CRO da DigiFarmz Smart Agriculture. Ph.D. em Crop and Soil Sciences, Plant Pathology pela Michigan State University (EUA); Doutorado em Crop and Soil Sciences, Plant Pathology. Michigan State University, MSU, Estados Unidos. (1994 - 1997); Mestrado em Fitotecnia pelas Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. (1982 - 1984); Graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. (1977 - 1982). Área de atuação: Soja, milho, proteção de plantas e controle químico das doenças, arroz, cereais de inverno e tecnologia de aplicação de fungicidas."
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Drª. Caroline Gulart

Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fitopatologia, Nematologia, Tratamento de sementes, atuando principalmente nos seguintes temas: doenças de grandes culturas , avaliação da sensibilidade in vitro de fungos a fungicidas, manejo e identificação de nematóides em soja, milho e algodoeiro. Pesquisadora, coordenadora de Microbiologia e Tratamento de sementes do Instituto Phytus.
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Engenheiro Agrônomo, MSc. em Engenharia Agrícola (UFSM) e Dr. em Agronomia: Fitopatologia e Tecnologia de Aplicação de Fungicidas (UFSM). Professor e Pesquisador na Universidade Regional Integrada, Campus Santiago e Santo Ângelo. Diretor da Madalosso Pesquisas. Palestrante. Participa do desenvolvimento de Fungicidas e Tecnologias de Aplicação. Autor de bibliografias na área e revisor. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle químico, estudo avançados de fungicidas, fitotoxidade, absorção foliar e tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, atuando principalmente nos patossistemas ligados a soja, milho, arroz e trigo.
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Diretora Técnica Sul do Instituto Phytus. Formação: Doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil (2008 - 2011); Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil (2006 - 2008); Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil; (2000 - 2005).
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