O mosaico comum do trigo é uma virose favorecida pelo clima úmido e frio comumente encontrado em lavouras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná. Nessa safra (2018), o problema tem sido relatado em lavouras do RS em cultivares mais suscetíveis, visto a ocorrência de condições favoráveis.
Os danos à produção podem ocorrer em cultivares suscetíveis, em geral ficando restritos às áreas de maior ataque.
Sintomas e identificação
Na lavoura, a doença ocorre comumente nas cabeceiras, em manchas ou reboleiras ou em faixas. Nas folhas, os sintomas típicos são de mosaico e estrias longitudinais de cor amarelada, conforme imagens abaixo. As estrias longitudinais no limbo foliar são um bom indicativo para diagnose dessa doença.
Ocorrência e condições favoráveis
É uma doença mais frequente no início da safra, em solos bastante úmidos que na maioria das vezes está associado às áreas compactadas, com maior tráfego de máquinas, principalmente próximo as cabeceiras da lavoura. Safras com chuvas frequentes, que provocam elevada umidade no solo associada à temperaturas frias, na faixa de 15 a 18°C, são muito favoráveis.
O aumento das temperaturas na primavera desfavorece a evolução da doença.
Como a doença se desenvolve?
O vírus pode ser transmitido por vetores do solo como fungos, protozoários e nematoides. O vetor mais comumente descrito tem sido o fungo Polymyxa graminis que é um habitante natural dos solos. A infecção ocorre apenas pela transmissão através do fungo, ou seja, não há passagem do vírus por contato de uma planta para outra. Não há relatos também de transmissão do vírus via semente.
Elevada umidade no solo favorece o deslocamento do fungo e dessa forma o desenvolvimento da doença.
Semeaduras em solos muito úmidos não são recomendadas.
A transmissão do vírus geralmente ocorre bastante cedo na cultura, logo após a fase de germinação e emissão das primeiras raízes.
Os zoósporos do fungo infectam diretamente as raízes e posteriormente migram para parte aérea, de tal forma que os sintomas se manifestam em estágios ainda muito jovens, conforme figura abaixo.
Resposta varietal e controle
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Após o aparecimento dos sintomas não há muito o que ser feito.
Pesquisadores afirmam que elevar a adubação nitrogenada pode estimular o trigo a se desenvolver mais rapidamente e responder melhor ao ataque do vírus. Não existem produtos químicos para controle do vírus nem do fungo vetor.
Para safras futuras, o controle deve ser preventivo, utilizando as seguintes estratégias:
i. A principal estratégia é utilizar cultivares resistentes ou tolerantes. Das cultivares atualmente mais plantadas no RS, o Tbio Toruk se mostra como um dos mais suscetíveis comparado a outras cultivares.
ii. O efeito da rotação de culturas é um tanto contestável visto que se trata de microrganismos de ocorrência natural nos ambientes. No entanto, evitar o cultivo de espécies altamente suscetíveis como o centeio, cevada e triticale é recomendado.
iii. A adubação verde com plantas de cobertura favorece para abundância e diversificação da microbiota do solo e com isso pode contribuir para supressão biológica.
iv. Há relatos de que o tratamento de semente com fungicidas possa contribuir para redução da transmissão, mas não garante ausência da doença.