Este material apresenta os aspectos fundamentais da tecnologia de aplicação necessários para que a máxima eficiência seja atingida na cultura do arroz.
- Doenças foliares;
- Densidade populacional;
- Pontas;
- Escolha das pontas.
Doenças foliares
As doenças foliares podem ocasionar danos expressivos na produtividade e qualidade dos grãos de arroz. Desta forma, ferramentas de manejo químico de doenças têm apresentado resultados satisfatórios na cultura do arroz (OTTONI et al, 2000). Porém, devem-se observar alguns aspectos fundamentais da tecnologia de aplicação para que a máxima eficiência seja atingida.
Densidade populacional
Diferentemente do observado para cultura da soja, onde uma elevada densidade populacional pode oferecer grandes dificuldades à penetração de gotas e colocar em risco a proteção química, o arroz apresenta outras particularidades.
Neste contexto, a variação na densidade de plantas não tem apresentado diferenças de grande magnitude, deixando de representar uma alternativa essencial para maximizar a penetração e cobertura de produto (Figura 1).
Além disso, o adensamento de plantas (até 80 Kg.ha-1) não favoreceu o aumento das doenças, que era esperado pela maior duração do microclima estabelecido em densidades maiores (Tabela 1). Com isso, a tecnologia de aplicação para a cultura do arroz recai sobre o estudo das características de cada ponta de pulverização.
Pontas
Jato cônico
Nas pontas de jato cônico, o núcleo conhecido como difusor serve para proporcionar movimento helicoidal ao jato líquido que por ele passa e então se abre em uma distribuição em cone. É denominado cone cheio quando o difusor tem um furo no centro e as gotas distribuem-se por toda a extensão do cone.
Cone vazio
Já no cone vazio, o difusor só tem furos nas laterais, fazendo com que as gotas concentrem-se somente na periferia do cone, que é o modelo de maior uso na agricultura (Figura 1). De acordo com o projeto da ponta, elas podem ser divididas em ponta Tipo Disco, que opera a pressão elevada e é indicado para aplicação de suspensões, como é o caso da calda cúprica, e a Tipo Ponta, que opera a menor pressão e apresenta pulverização mais fina, sendo recomendado para aplicação de emulsões e soluções. Embora pontas cônicas sejam muito recomendadas para aplicações de fungicidas, elas produzem espectro de gotas muito finas, que são mais propensas à deriva.
Jato leque
As pontas de jato leque plano são submetidas a pressões em torno de 100 a 400 kPa, proporcionando gotas maiores que as do jato cônico, reduzindo a deriva na aplicação (CUNHA et al., 2004). A característica desse jato pode ser de deposição contínua e em um só plano quando a distribuição do líquido na faixa de deposição é uniforme e pode ser de deposição descontínua quando a deposição é maior no centro da faixa, decrescendo simetricamente para os bordos. O jato de deposição descontínua é recomendado para ser usado em série, montado em barra, sobrepondo-se aos jatos vizinhos (Figura 1).
Jato plano duplo leque
Já as pontas de pulverização de jato plano duplo leque possuem dois orifícios idênticos, produzindo uma distribuição do jato em leque voltado 30º para frente e outro 30º para trás em relação à vertical (Figura 1). Sua produção de gotas é de tamanho menor quando comparado a uma ponta de jato leque de vazão equivalente. A angulação do jato tende a ser mais incisivo na penetração e cobertura do produto no dossel inferior da cultura, condição indispensável para aplicação de fungicidas (CHRISTOFOLETTI, 1992).
Escolha da ponta
A escolha adequada da ponta de pulverização interfere diretamente nas características da formação e distribuição da gota, afetando a penetração e cobertura em todo dossel vegetativo. A alteração na deposição de defensivo na folha é em última análise, determinante para proteção da planta. Neste contexto, características com o tipo de distribuição do jato ganha importância quando é trabalhado com plantas de arquitetura diferenciada, como o arroz.
Diferentemente de padrões como soja, feijão e algodão, o arroz, assim como trigo (dados não apresentados), permite maior penetração de gotas no interior do dossel por ocasião de jatos de distribuição plano vertical (Figura 1). Jatos duplos ou cônicos possuem distribuição obliqua em relação ao solo, adequados a culturas com disposições foliares palmadas, diferente do arroz.
Neste caso, a cobertura de gotas na porção superior da planta foi semelhante para estas últimas pontas citadas, porém com o jato plano o deposito foi o dobro nesta mesma posição. Comportamento semelhante foi encontrado na leitura dos cartões da porção inferior da planta, onde os maiores depósitos foram proporcionados pelo jato plano, enquanto que para mesma situação o leque duplo e o cone apresentaram redução da deposição de gotas de 35% e 52%, respectivamente (Figura 1).
A menor deposição de defensivo compromete a quantidade de área foliar protegida da planta, resultando em maior quantidade final de doença (AACPD) e redução significativa na produtividade.
Desta forma, para pontas de pulverização de espectro semelhantes, a forma de distribuição do jato passa a ser tão relevante quanto, sendo decisivo para aprimorar a penetração e cobertura de produto, refletindo na produtividade final do arroz.
Tabela 1 : Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e produtividade de arroz (Epagri 114).
Referências:
WEBSTER, R. K.; GUNELL, P. S. Compendium of rice diseases. St. Paul: APS, 1992. 62 p.
PRABHU, A. S.; BEDENDO, I. P.; FILIPPI, M. C. Principais doenças do arroz no Brasil. 3. ed. Goiânia: EmbrapaCNPAF, 1995. 43 p. (Documentos, 2).
OU, S. H. Rice diseases. 2. ed. Kew: Commonwealth Mycological Institute, 1985. 380 p.