O manejo integrado de plantas daninhas é constituído pelos métodos preventivos, culturais, mecânicos, físicos, biológicos e químicos, com o objetivo de conjugar o máximo de métodos para incrementar a produtividade da espécie forrageira e minimizar os custos ao agropecuarista.
Estratégia de controle de plantas daninhas
O controle preventivo tem por objetivo evitar a introdução, a infestação e a disseminação de plantas daninhas em áreas livres; engloba técnicas legislativas, sementes certificadas e livres de impurezas, limpeza de equipamentos, transporte de animais com sementes no trato digestivo ou aderidos à pelagem.
O controle cultural é definido como qualquer procedimento que permite controlar ou minimizar a incidência de plantas daninhas, sendo realizado por manejos do solo, níveis de fertilidade, cobertura vegetal e rotação de culturas, sistema de semeadura direta, manejo de irrigação, uso de sementes com alto vigor, adequado arranjo e população de plantas com intuito de minimizar os efeitos da competição interespecífica com plantas daninhas.
- Controle mecânico ou físico: é realizado por meio de capinas, arranque das plantas daninhas, corte, exaustão e redução das reservas da planta daninha devido aos intensos cortes e fogo.
- Controle biológico: é realizado através da utilização de inimigos naturais, parasitas, predadores, animais e patógenos, porém estas técnicas ainda são pouco utilizadas no Brasil.
- Controle químico é prático, rápido, eficiente, com menor competitividade da planta daninha com a espécie forrageira, menor mão-de-obra, e permite o controle rápido em grandes extensões de áreas, no entanto, a desvantagem é o elevado custo, pode poluir o ambiente e proporcionar a seleção de plantas resistentes a determinados herbicidas.
Principais plantas daninhas de pastagens
Alecrim do Campo (Baccharis dracunculifolia)
Possui hábito de crescimento arbustivo e sua proliferação ocorre através de sementes com alta população de plantas na pastagem. Seu controle pode ser mecânico ou químico, com Ácido ariloxialcanoico.
Buva (Conyza sp.)
Apresenta ciclo anual, hábito de crescimento herbáceo e ereto, altura entre 60 a 120 centímetros com folhas densas de 10 a 15 centímetros de comprimento e pilosas. Sua propagação ocorre por meio de sementes dispersas pelo vento (anemófila). O controle pode ser manual, através da capina e do arranque de plantas, ou químico, com herbicidas à base de Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Capim Annoni (Eragrostis plana)
Pode causar danos consideráveis à dentição dos animais ruminantes. Caracteriza-se por ser uma planta perene que produz grande número de touceiras e raízes, tem hábito de crescimento ereto com 40 a 60 centímetros, folhas achatadas e propagação por sementes dispersas pelo vento. O controle pode ser mecânico, através do arranque das plantas, ou químico, com herbicidas do grupo químico Triazina.
Caraguatá (Bromelia pinguin)
Difundida nos campos nativos do Rio Grande do Sul, onde apresentam folhas com espinhos na forma de roseta. Possuem formação de rizomas e as plantas ocorrem em reboleira ou área total. As inflorescências surgem na primavera, com grande capacidade de produzir sementes e proliferarem-se na área. Pode reduzir 50 % da produção de matéria verde da espécie forrageira. O controle pode ser realizado manualmente ou com aplicações localizadas de herbicidas do grupo químico Glicina substituída.
Carqueja (Baccharis trimera)
Esta espécie ocorre em reboleiras densas onde as plantas evidenciam ramos trialados e folhas reduzidas, seu aparato fotossintético é baseado pela ação dos ramos e a inflorescência caracteriza-se como um capítulo formado por várias espiguetas que produzem aquênios. O controle pode ser manual ou químico, com aplicações localizadas de herbicida à base de Glicina substituída.
Caruru (Amaranthus sp.)
Este gênero apresenta grande gama de espécies daninhas, ciclo anual, hábito de crescimento prostrado, caule glabro e plantas que podem chegar a 50 centímetros de altura, folhas glabras um pouco pilosas. Produzem muitas sementes, o que facilita sua propagação. O controle pode ser realizado manualmente ou na forma química, com Triazina, Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Ciganinha (Memora peregrina)
Apresenta hábito de crescimento arbustivo com reprodução através de sementes, com plantas de caráter alopático que depreciam o solo. O controle pode ser realizado mecanicamente ou químico, através do uso de Ácido ariloxialcanoico.
Erva de Bicho (Polygonum persicaria)
Apresenta ciclo anual ou perene, hábito de crescimento ereto e frequentemente decumbente, pode expressar até 90 centímetros de altura, folhas glabras com 5 a 15 centímetros de comprimento, com presença de manchas pretas no centro das folhas e propagação via sementes. O controle pode ser químico, através do uso de Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Erva de Rato (Paulicourea marcgravii)
É tóxica aos animais, sendo considerada a planta que mais mata bovinos no Brasil. Exibe hábito de crescimento arbustivo, sua disseminação ocorre por meio das sementes. O controle deve ser realizado de forma mecânica, com o arranque e queima das plantas, pois as folhas são extremamente tóxicas.
Fedegoso (Senna obtusifolia)
Possui ciclo perene com hábito de crescimento subarbustivo, estruturas lenhosas e eretas com até 160 centímetros de altura, folhas compostas e folíolos de 3 a 5 centímetros de comprimento com reprodução através de sementes. O controle químico pode ser realizado com herbicidas à base de Triazina, Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Guanxuma (Sida rhombifolia)
Caracteriza-se por ser uma planta daninha anual com estruturas morfológicas fibrosas, hábito de crescimento ereto de até 80 centímetros de altura, folhas estipuladas e pilosas. Sua proliferação ocorre por sementes. O controle deve ser procedido quimicamente com Triazina, Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Juá Bravo (Solanum sisymbriifolium)
Possui ciclo anual com hábito de crescimento herbáceo, apresenta espinhos e acúleos, com plantas de até 120 centímetros, folhas pilosas em ambas as faces e nervuras salientes. Produzem muitos frutos e sua propagação ocorre por meio das sementes. O controle depende do nível de infestação e pode ser mecânico ou químico, através de Triazina, Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
Muitas são as espécies de plantas daninhas conhecidas como leiteiro, as quais possuem hábito de crescimento arbustivo com rizomas profundos. Seu controle deve ser realizado quimicamente com herbicidas à base de Triazina, Ácido ariloxialcanoico e Sulfonilureias.
Língua de Vaca (Rumex obtusifolius)
Caracteriza-se por possuir ciclo perene e hábito de crescimento herbáceo, com raiz tuberosa. Seu porte pode chegar a 120 centímetros de altura, apresenta folhas glabras na face superior e de até 25 centímetros. Sua propagação pode ocorrer por sementes ou rizomas, o que pode dificultar o controle em alguns casos. As formas de controle podem ser manual ou química, com herbicida à base de Ácido ariloxialcanoico.
Maria Mole (Senecio brasiliensis)
Planta daninha comumente encontrada nas pastagens da Região Sul do Brasil. Apresenta ciclo perene, plantas eretas de até 160 centímetros de altura, folhas com 10 a 25 centímetros de comprimento, pilosas na face inferior e glabras na superior, sua propagação ocorre através de sementes. Apresenta-se tóxica aos animais ruminantes no período de florescimento e pode resultar em aborto. O controle pode ser manual ou químico, com herbicidas à base de Triazina e Ácido ariloxialcanoico.
Mio-Mio (Baccharis coridifolia)
Apresenta-se comum nos campos nativos do extremo sul do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. Caracteriza-se por ser uma planta subarbustiva edioica, com até 80 centímetros de altura, folhas pequenas e lineares, inflorescências aderidas a racemos que abrigam falsas panículas. É altamente competitiva, mas não resulta em decréscimos na produtividade da pastagem em baixas intensidades, no entanto, as flores femininas apresentam-se 32 vezes mais tóxicas que as masculinas, onde armazenam substâncias tóxicas que produzem fungos fatais aos bovinos e ovinos não adaptados às condições específicas do ambiente. O controle pode ser procedido manualmente com uso de fogo ou químico, com herbicidas à base de Ácido ariloxialcanoico.
Referências
SILVA, J. A. G.; CARVALHO, I. R.; MAGANO, D. A. A cultura da aveia: da semente ao sabor de uma espécie multifuncional. Curitiba, PR: CRV, 2020. v. 1000.
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; NARDINO, M.; VILLELA, F. A.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e produção de sementes de culturas anuais: soja, milho, trigo e feijão. Saarbrücken, Germany: Ommi Scriptum Publishing Group, 2018. v. 50.
CARVALHO, I. R.; NARDINO, M.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e cultivo da soja. Porto Alegre: Cidadela, 2017. v. 100.
2 respostas
Bom dia qual a planta que queima os animais em pastagens
Olá Arnaldo, obrigada pela pergunta!
A fotossensibilização está relacionada com o consumo de plantas que provocam o acúmulo de toxinas do fígado e o órgão não consegue fazer a desintoxicação do organismo. Então essas toxinas vão para a pele do animal e em contato com a radiação solar ocorre o ressecamento da pele do animal e outros sintomas, como redução do apetite, perda de peso e conjuntivite.
Uma das principais plantas que causam a fotosensibilização é a Brachiaria, mas também existem relatos de lantanas (Lantana spp.), Senecio spp., Stryphnodendron spp., Enterolobiumspp., Crotalaria retusa, Panicum dichotomiflorum e Myoporum spp.
Algumas leituras para ajudar no teu entendimento:
Identificação rápida de casos de fotossensibilização no rebanho diminui prejuízos do pecuarista
Surtos de fotossensibilização e dermatite alérgica em ruminantes e equídeos no Nordeste do Brasil
Não tenho certeza que a sua pergunta esteja relacionada à fotossensibilização.
Caso não seja isso, entre em contato conosco, será um prazer te responder!