Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Métodos de manejo de pragas;
- Principais pragas de pastagem: ácaro rajado, broca do colmo, cigarrinha das folhas, cigarrinha das pastagens ou capinzais, cupins ou térmitas, cochonilha, curuquerê dos capinzais, formigas cortadeiras: quenquém e saúva, gafanhoto, lagartas do cartucho, da espiga, da soja, elasmo, rosca, larva do solo, coró, bicho-bolo, percevejo castanho da raiz, percevejos da panícula, percevejo das gramíneas e pulgões.
Baseado num sistema de manejo de insetos-praga ponderado pelas características do ambiente, associado à dinâmica das populações e métodos compatíveis com objetivo de manter os níveis de dano abaixo dos efeitos econômicos, temos os métodos legislativo, mecânico, cultural, físico, biológico e químico.
Vamos compreender um pouco mais sobre cada método?
O método legislativo é amparado por leis, decretos, portarias, instruções normativas tanto no âmbito estadual como federal, fundamentado na fiscalização e em processos de quarentena para proporcionar que qualquer material em trânsito esteja livre de insetos-praga.
O controle mecânico é baseado na premissa da destruição total do inseto-praga, como a cata manual de ovos, larvas, ninfas e adultos, utilizando pano de batida, formação de barreiras ou sulcos que impedem o acesso dos insetos à parte aérea das plantas forrageiras.
Os métodos cultural e físico são baseados na destruição total dos restos culturais através da aração e gradagem, exposição das larvas aos raios solares, eliminação dos hospedeiros, pupas, larvas e lagartas através do fogo, altas e baixas temperaturas, armadilhas luminosas e equipamentos sonoros, rotação de culturas perante os anos, adequação da fertilidade do solo, uso de genótipos tolerantes ou resistentes e escape a determinadas condições adversas.
O controle biológico possui a vantagem de não deixar resíduos no ambiente da pastagem, sem danos econômicos, mas revela ação lenta. Pode ser baseado no uso de aves, anfíbios, répteis, nematoides, protozoários, fungos, bactérias, vírus e insetos entomáfagos (predadores), tais como moscas (pulgões), vespas (cochonilhas), joaninhas (cochonilhas) e mosca cubana (broca da cana-de-açúcar). Ressalta-se o uso de feromônios que promovem ações de alarme (fuga de pulgões), dispersão (formigas mantém distância) e sexuais (que atraem insetos do sexo oposto até as armadilhas, como borboletas e mariposas de lepidópteros).
E o controle químico é baseado na utilização de inseticidas com diferentes modos de ação, tais como de contato, ingestão, fumigação e ação biológica.
Veja a seguir as principais pragas de pastagens
Ácaro Rajado (Tetranychus urticae)
Este inseto-praga ocorre principalmente no amendoim forrageiro e apresenta coloração esverdeada, com duas manchas escuras no dorso. Instalam-se na face inferior da folha, provocando manchas vermelhas no lado oposto da folha, o que indica a presença de colônias, que em pouco tempo crescem e tomam todo o limbo foliar, resultando em necrose dos tecidos e abscisão das folhas. Os danos são decorrentes das manchas cloróticas na face inferior da folha, com redução do tecido fotossintético e da área foliar.
Broca do Colmo (Diatraea saccharalis)
Esta espécie pertence à ordem Lepidóptera e caracteriza-se por ser um dos principais insetos-praga que acometem as gramíneas forrageiras. Causam danos ao milho, arroz, sorgo forrageiro, cana-de-açúcar e capim guatemala. Os insetos adultos são mariposas de 20 milímetros que dispersam seus ovos sobre as folhas da planta. Ao eclodirem, as ninfas apresentam cor amarelo-pálido e migram para a região do meristema apical do colmo, abrindo galerias, ao passo que as lagartas crescem, causando redução do crescimento e desenvolvimento das plantas, da produtividade da planta forrageira, encurtamento dos entrenós, quebra de colmos e tombamento, bem como a morte das plantas.
Cigarrinha das folhas (Mahanarva posticata) e Cigarrinha das pastagens ou capinzais (Deois flavopicta, Deois schach)
Estes insetos-praga pertencem à ordem Homoptera e Cercopidae, e ocorrem principalmente no capim colonião, capim gordura, centeio forrageiro, capim elefante, capim Rhodes, milho, jaraguá e setária. Quando jovens, atacam as raízes e sugam os assimilados da planta, causando exsudação de uma espuma branca na base da planta. Os adultos sugam e alimentam-se de assimilados, o que resulta em desequilíbrio metabólico devido à injeção de substâncias tóxicas na planta. Causam sintomas cloróticos nas folhas e até mesmo a morte das plantas.
Cochonilha (Dactylopius coccus)
Causa danos nas espécies forrageiras como o capim búfalo, capim colonião, capim gordura, Digitaria sp. e capim Rhodes, sendo caracterizado como um inseto sugador de assimilados, com corpo de 3 milímetros de comprimento a 1,5 milímetros de largura, conformação ovalada e cor arroxeada, envolto por uma substância serosa de cor branca. Alojam-se nos afilhos das gramíneas, junto aos nós e na bainha das folhas. Atacam todos os colmos e gemas, e podem resultar na senescência das folhas. Os sintomas ocorrem em reboleira e minimizam a capacidade de rebrote das plantas.
Cupins ou Térmitas (Cornitermes sp., Heterotermes sp.)
Podem causar danos à cana-de-açúcar, grama dos batatais e milho. Possuem o hábito de se alimentar dos tecidos vivos e mortos, sementes, raízes, toletes e gemas, causando redução na população de plantas. Podem abrir galerias nos entrenós da base das plantas, causando senescência dos colmos, que dificulta a formação da pastagem e o manejo.
Curuquerê dos Capinzais (Mocis latipes)
Ocorrem geralmente nas espécies forrageiras gambá, centeio forrageiro, capim colonião, capim elefante, milho, sorgo forrageiro e alfafa. Seus ovos são postos sobre as folhas e as lagartas alimentam-se das folhas mais tenras. Os adultos são mariposas acinzentadas, de 42 milímetros de comprimento. As lagartas possuem o hábito de locomoção e causam danos nas folhas, da borda ao centro das nervuras, bem como resultam no desfolhamento, menor capacidade de suporte da forrageira e redução da produtividade.
Formigas cortadeiras: Quenquém (Acromyrmex sp.) e Saúva (Atta sp.)
As formigas causam danos nas espécies forrageiras gambá, grama dos batatais, jaraquá, milho, leucina, cana-de-açúcar e brachiaria. As espécies diferenciam-se pelo número de membros, sendo que a saúva apresenta três pares, e a quenquém quatro pares de membros. As formigas coletam as folhas e utilizam-nas como substrato para o desenvolvimento do fungo Pholota gongylophora, que gera frutificações destinadas à alimentação das larvas. Durante o corte, as folhas e hastes tenras são danificadas drasticamente, com o crescimento e o desenvolvimento das plantas ficando comprometidos e havendo a redução na população de plantas.
Gafanhotos (Rhammatocerus sp., Schistocerca sp.)
São insetos-praga que causam danos aos gêneros Desmodium sp., Centrosema sp., Estilosantes sp., Andropogon sp., Brachiaria sp., e Panicum sp.. Quando jovens, se alimentam de folhas tenras; na fase adulta, são vorazes e alimentam-se de toda parte aérea das plantas, destruindo a pastagem quando em grande número de indivíduos. Apresentam coloração escura e tonalidades variadas, com pigmentações vermelhas e amarelas nas asas, que podem variar de 45 a 55 milímetros de comprimento.
Lagarta do Cartucho (Spodoptera frugiperda)
Geralmente ocorre nas forrageiras gambá, guandu, milho, sorgo forrageiro, alfafa e cana-de-açúcar. Quando adulto, este inseto-praga é uma mariposa com hábito noturno, migratório e polífago. As fêmeas depositam seus ovos na face inferior das folhas e, ao eclodirem, as lagartas jovens se alimentam das folhas tenras. No final de seu ciclo direcionam-se ao solo, onde se enterram para a fase adulta, mas na fase larval provocam prejuízos de 15 a 30% na produtividade.
Lagarta da Espiga (Helicoverpa zea)
Os adultos correspondem a mariposas de 40 milímetros de coloração amarelo parda. As fêmeas depositam os ovos em toda parte aérea da planta e atacam principalmente as estruturas reprodutivas do milho e do sorgo forrageiro, onde geralmente são encontradas de uma a duas lagartas (35 milímetros) por planta, fato que resulta no decréscimo da magnitude de grãos por planta, sendo porta de entrada para carunchos e traças.
Lagarta da soja, Lagarta das folhas (Anticarsia gemmatalis)
Este inseto-praga acomete a alfafa e a cunhã. Na fase adulta caracteriza-se por ser uma mariposa de coloração parda a acinzentada, com uma linha horizontal nas asas e 40 milímetros de envergadura. Na fase larval exibe coloração verde a marrom, com estrias brancas ao longo do corpo. Ataca folhas e brotos, possui hábito diurno e permanece no terço basal da planta, sombreada pelas folhas. No entanto, migra para o terço superior da planta, causando raspagem das folhas e até sua destruição completa.
Lagarta Elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
Ocorre em espécies forrageiras como gambá, milho e sorgo forrageiro. Quando adulta, a mariposa mede de 15 a 25 milímetros e apresenta coloração acinzentada. Seus ovos são postos sobre as folhas e, ao eclodirem, geram lagartas azuladas, que migram em direção ao solo, onde penetram e fazem diversas galerias nas plantas, reduzem o crescimento e o desenvolvimento, provocam amarelecimento, tombamento, murcha e morte das plantas.
Lagarta Rosca (Agrotis ipsilon)
Este inseto-praga acomete as culturas do milho, sorgo forrageiro, trigo duplo propósito, aveia preta e aveia branca. O inseto adulto caracteriza-se por ser uma mariposa de coloração marrom escura, com 35 milímetros, que realiza a postura dos ovos em toda parte aérea da planta. Após a eclosão dos ovos, as lagartas direcionam-se para o solo, onde ficam protegidas durante o dia. No período noturno, retornam para as plantas, onde causam danos às folhas e colmos. Dentre os principais prejuízos, destacam-se os danos às folhas, colmos, brotos, gemas e raízes, causando tombamento e morte das plântulas.
Larva do Solo, Coró (Diloboderus abderus) e Bicho-Bolo (Euetheola humilis sp., Dyscinetus sp.)
São considerados problemas para a aveia preta e aveia branca, sorgo forrageiro e a cana-de-açúcar. As larvas têm hábito subterrâneo e permanecem de 30 a 40 centímetros de profundidade no solo. Em períodos quentes, estabelecem-se na superfície, onde alimentam-se das raízes, minimizam o crescimento e o desenvolvimento, e reduzem a produtividade das plantas.
Percevejo castanho da raiz (Scaptocoris castanea)
Este inseto-praga ataca principalmente o sorgo forrageiro. Na fase adulta pode apresentar aproximadamente 10 milímetros e coloração marrom, quando jovens são esbranquiçados, com hábito subterrâneo. Causam a sucção dos assimilados das raízes e reduzem o vigor das plantas, resultam em murcha, amarelecimento e podem levar a planta à morte.
Percevejos da Panícula (Nezara viridula) e Percevejo das Gramíneas (Blissus leucopterus)
Estes insetos-praga causam prejuízos ao sorgo forrageiro, milho, capim marmelada, capim-pé-de-galinha e capim colonião. Existem várias espécies de percevejos que causam maiores danos nas estruturas reprodutivas e sementes, pois realizam a sucção dos assimilados e injetam toxinas que desequilibram metabolicamente as plantas, retardam o crescimento e o desenvolvimento, e podem resultar na morte da planta.
Pulgões (Aphis maids, Schizaphis graminum)
Atacam comumente gramíneas como milho, trigo duplo propósito, aveia preta, aveia branca, sorgo e centeio forrageiro. São pequenos, de coloração verde azulada e agrupam-se em colônias. Dentre os prejuízos, podem sugar os assimilados, reduzir a população de plantas, ocasionar a morte das plantas, enrolamento das folhas, proporcionar o aparecimento de fumagina e introduzirem toxinas que resultam no bronzeamento e morte dos tecidos.
REFERÊNCIAS
SILVA, J. A. G.; CARVALHO, I. R.; MAGANO, D. A. A cultura da aveia: da semente ao sabor de uma espécie multifuncional. Curitiba, PR: CRV, 2020.
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; NARDINO, M.; VILLELA, F. A.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e produção de sementes de culturas anuais: soja, milho, trigo e feijão. Saarbrücken, Germany: Ommi Scriptum Publishing Group, 2018.
CARVALHO, I. R.; NARDINO, M.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e cultivo da soja. Porto Alegre: Cidadela, 2017.