Neste material, o leitor vai conhecer um pouco mais sobre:
- Capacidade endofítica dos fungos entomopatogênicos
- Como plantas utilizam os fungos endofíticos para se defenderem dos ataques de insetos
- Como os fungos endofíticos controlam insetos praga
Por mais de 25 anos, os ecologistas vêm reunindo evidências para apoiar a hipótese de que as plantas, para se protegerem do ataque de insetos pragas, podem utilizar os inimigos naturais – como predadores e parasitoides – como arma de defesa. Mas e os entomopatógenos escaparam dessas evidências? A hipótese de que existe interação entre as plantas e os inimigos naturais vem aprimorando pesquisas que afirmam que a interação entre entomopatógenos e plantas é uma relação mutualística de forma endofítica.
O endofitismo é um tipo de endossimbiose, na qual bactérias e fungos vivem no interior das plantas durante parte da vida sem causar prejuízos à planta, essa relação pode até trazer benefícios à planta, como a proteção contra fitopatógenos e a promoção do crescimento vegetal. A proteção acontece pelo aumento da resistência a partir da produção de compostos bioativos como alcaloides, flavonoides, diterpenos e isoflavonoides.
A relação entre fungos endofíticos e a planta hospedeira pode ocorrer de forma horizontal, por meio da penetração do fungo pelos estômatos, raízes ou, até mesmo, por ferimentos encontrados em diversas partes das plantas; ou ainda, de forma vertical, por meio do tratamento de sementes.
Esse tipo de interação dos fungos entomopatogênicos com as plantas favorece o controle de pragas, por exemplo, o fungo Beauveria bassiana pode penetrar em planta de milho quando pulverizado e promover o controle das larvas da broca do milho por longo período. Esse “novo” modelo de utilização para os fungos entomopatogênicos permite driblar a desvantagem da alta sensibilidade às variações na temperatura e na umidade que os bioinseticidas apresentam, promovendo controle de forma mais duradoura.
Como os fungos endofíticos controlam os insetos?
Os fungos endofíticos costumam atuar no controle da herbivoria de insetos alterando as preferências e o desempenho, reduzindo consequentemente, os danos provocados nas plantas. Alguns compostos metabolizados pelos endofíticos também podem elevar a suscetibilidade do inseto em relação aos mecanismos de defesa vegetal e ainda pode ocorrer a síntese de substâncias tóxicas para os herbívoros a partir de estímulos ativados por enzimas ou outros compostos produzidos por esses microrganismos, que agem em genes específicos, levando a produção de substâncias eficazes no desempenho dos hospedeiros contra o ataque dos insetos. A produção dessas toxinas pelos fungos endofíticos está relacionada a repelir o inseto ou em causar efeitos subletais como: perda de peso, diminuição no crescimento e até mesmo aumentar a mortalidade dos insetos.
Essa relação mutualística vale a pena?
Qualquer mecanismo de defesa ativo por parte da planta provavelmente implicaria em custos energéticos diretos, que impactariam na capacidade de investir em outras atividades, como crescimento ou reprodução. Entretanto, os fungos com capacidade endofítica, além de protegerem as plantas, promovem crescimento e elevam a capacidade germinativa. Assim, esses entomopatógenos, além de serem eficientes controlando pragas, realizam funções secundárias que juntamente com um manejo adequado, torna-se muito eficaz.
Referências
ELLIOT, L. S. et al. Can plants use entomopathogens as bodyguards? Ecology Letters, v. 3, p. 228-235, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1046/j.1461-0248.2000.00137.x.
MAHMOOD, Z. et al. Endophytic Beauveria bassiana in maize affects survival and fecundity of the aphid Sitobion avenae. Biological Control, v. 137, p. 10-17, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.biocontrol.2019.104017.