Confira as respostas do pesquisador para as perguntas feitas sobre entomologia durante as mesas redondas no 1º Seminário Phytus
- Monitoramento e nível de controle de lagartas
- Ocorrência de lagartas
- Manejo de resistência as culturas Bt
Monitoramento e nível de controle de lagartas
1. Para o controle de lagartas, o monitoramento na fase adulta com uso de iscas com feromônios durante o ano todo pode ser utilizado com parâmetro para “projetar” a infestação na soja? E quais maneiras de evitar esta infestação?
O monitoramento da fase adulta é uma ótima opção de acompanhamento da população de lagartas, mas ainda não existe uma relação de mariposas coletas em armadilhas e população de lagartas.
2. Como conciliar nível de nano econômico e índice de área foliar ideal, dentro das recomendações para o manejo de lagartas?
3. Como tomar a decisão no controle de lagartas apresentado, se possuímos hoje, em sua maioria, variedades de ciclo indeterminado com florescimento a partir dos 25 DAS já sendo considerado R1 na literatura?
4. O Dr. Madalosso nos trouxe que temos dificuldades para controlar as doenças por excesso de folhas ocasionadas pelo arranjo espacial e, às vezes, pelo excesso de plantas. Para o controle de lagartas que comem somente folhas, não seria desejável esta desfolha?
O monitoramento por adultos (mariposas) ainda não pode ser usado como critério final de aplicação, pois ainda não temos definida uma relação entre mariposas coletadas e lagartas no campo.
O dano de insetos pode ser dividido em direto e indireto. Quando o dano for indireto (lagarta consumindo folha) é difícil relacionar o número de lagartas com perdas em produtividade.
Portanto, o ideal seria que a cultura da soja, no início do reprodutivo, tivesse um IAF 4 (o que pode variar um pouco com a cultivar). No caso do dano direto (lagarta consumindo grãos) é mais fácil.
Por exemplo, uma lagarta Helicoverpa por m² equivale a uma perda entre 50 e 60 kg/ha de soja (alguns dados tem mostrado perdas até maiores).
A partir do R1, o nível de controle cai consideravelmente para todas as espécies.
Na maior parte dos casos, um pouco de desfolha não afeta a produtividade, mas isso depende do ano, estádio da cultura e variedade.
Ocorrência de lagartas
1. Com previsão de um ano mais seco, podemos ter mais lagartas? Quais?
2. O aumento da Intacta pode estar influenciando na diminuição das populações de lagartas dos últimos anos ou foi influência do clima?
O ano mais seco favorece as populações de lagartas, mas existem outros fatores que afetam a ocorrência de lagartas, como por exemplo, o tamanho da área semeada com soja Bt, que afeta negativamente a ocorrência destas.
Manejo de resistência as culturas Bt
1. Sabendo a importância do refúgio, como convencer o agricultor da prática?
2. Milho com genes Cry+VIP3a, piramidado, apresenta menor probabilidade de perda de resistência? Qual a diferença entre os mecanismos de ação dessas proteínas inseticidas?
3. A aplicação de inseticidas na área de refúgio não iria dificultar a manutenção da tecnologia Bt por ter menos insetos para cruzar com resistentes?
4. Ao invés de manejarmos resistência, ou seja, mantermos insetos suscetíveis no campo, a saída não seria o extermínio com uso de inseticidas, mesmo com uso de Bt no cultivo? Afinal, estamos falando de pragas.
5. O que podemos fazer para minimizar o impacto da não utilização de refúgio para soja-Bt?
O refúgio é a principal estratégia de manejo de resistência para culturas Bt e ainda não temos substituto para essa estratégia. A aplicação de inseticidas é apenas paliativa e não pode ser encarada como estratégia principal. O treinamento de produtores, demonstrando a importância e o porquê de se utilizar o refúgio, pode ser uma das melhores estratégias. Genes Cry e VIP apresentam receptores diferentes no intestino médio dos insetos. O extermínio de insetos não apresenta viabilidade econômica, ambiental e técnica.