Este material traz informações sobre o manejo da podridão parda na cultura do pessegueiro, a doença causada é pelo fungo Monilinia fructicola.
– Importância;
– Métodos de controle;
– Controle cultural;
– Controle químico;
– Controle físico;
– Controle biológico.
Importância
O pessegueiro (Prunnus persica (L.) Batsch) é uma planta originária da China, pertencente à família Rosaceae, sendo uma cultura de clima temperado. O pêssego faz parte do grupo denominado de frutos de caroço, pois apresentam endocarpo lignificado (caroço), mesocarpo espesso (polpa) e epicarpo delgado (casca) (ZANETE; BIASE, 2004).
Devido às características do fruto, o pêssego é facilmente atacado por patógenos, os quais prejudicam a qualidade e impossibilitam o seu consumo. As podridões são as principais causas de perdas na cultura do pêssego. A podridão parda, causada pelo fungo Monilinia fructicola, é a principal doença que causa perdas em pré e pós-colheita em pêssegos, pois é o fungo que ocorre com maior frequência e severidade, causando danos significativos na produção.
Em condições favoráveis à podridão parda, mesmo com o emprego do controle químico, as perdas decorrentes da doença podem atingir níveis superiores a 50% (HONG et al., 1998). De acordo com Raseira e Quezada (2003), somente em pós-colheita, a podridão parda pode causar danos de até 25% da produção. Dessa forma, conhecer e aplicar o manejo integrado dessa doença é fundamental na produção do pêssego.
Métodos de controle
O manejo integrado da podridão parda consiste na adesão dos métodos de controle cultural, químico, físico e biológico, os quais são empregados durante todo ciclo produtivo e em pós-colheita.
Controle cultural
O controle cultural é um dos mais importantes métodos de controle da podridão parda do pessegueiro, pois está fundamentado em práticas que visam a prevenção e redução do inóculo inicial do patógeno.
As principais práticas culturais, que devem ser adotadas no pomar, afim de reduzir o inóculo da podridão parda, são a retirada e incineração de flores, frutos e ramos infectados por Monilinia fruticola. Na figura 1, podemos observar frutos de pêssego com sintomas de mancha parda na fase de pré-colheita. Nesse caso, como método de controle cultural, deve-se retirar do pomar e incinerar os frutos com sintomas da doença, a fim de evitar que outros frutos sejam contaminados pelo patógeno.
Quando os frutos atacados pela podridão parda não são retirados do pomar, esses frutos desidratados pela ação do patógeno, mumificam, podendo permanecer na planta ou no solo por um longo período de tempo, como podemos observar na Figura 2. Esses frutos mumificados são fonte de inóculo da doença para a safra seguinte, sendo fundamental realizar a retirada desses frutos do pomar.
Além de flores e frutos, a podridão parda pode atacar os ramos do pessegueiro, desenvolvendo cancros e ocasionando a morte do ramo, como podemos visualizar na Figura 3. Nesses casos, também deve-se realizar a retirada e incineração desse material infectado pelo patógeno.
Controle químico
O controle químico, por meio da aplicação de fungicidas, é o método de controle mais utilizado e eficiente no manejo integrado da podridão parda. Este método visa proteger a cultura do pessegueiro do ataque do patógeno, e pode ser empregado nas diversas fases da cultura. Contudo, não deve ser empregado como um método de controle isolado, mas sim como uma ferramenta dentro do manejo integrado da podridão parda.
A definição do momento e do número de aplicações de fungicidas para o controle da podridão parda é dependente de uma série de fatores, tais como o histórico de ocorrência da doença no pomar e das condições ambientais. Porém, é importante ressaltar que os melhores resultados são obtidos quando o controle químico é empregado de forma preventiva, antes da doença estar estabelecida.
Na cultura do pessegueiro, as fases entre a floração e formação de frutos, e a fase de maturação até o consumo, são as mais suscetíveis ao ataque da podridão parda, portanto as que mais devemos ter atenção e realizar a proteção química.
A fase de maturação e pré-colheita é a mais vulnerável ao ataque da podridão parda, pois nessa fase há um aumento significativo nos teores de açúcares dos frutos, o que os tornam mais suscetíveis a ocorrência da doença. A aplicação de fungicidas nessa fase, deve levar em consideração o período de carência (dias entre a aplicação do fungicida e a colheita), para que não haja resíduos de produtos químicos nos frutos.
O eficiente controle da podridão parda em pós-colheita é dependente das práticas adotadas na fase de maturação e pré-colheita. É importante que essas práticas protejam os frutos, impedindo o aparecimento da doença durante o armazenamento e comercialização.
No período de outono e inverno, o manejo químico da M. fruticola no pomar, pode ser realizado com a utilização de produtos cúpricos ou a base de enxofre como uma forma de controle químico erradicante, que visa reduzir o nível de inóculo primário do patógeno para a safra seguinte.
Controle físico
O método de controle físico é uma das principais estratégias de controle da podridão parda na pós-colheita, durante o armazenamento e comercialização dos frutos. A principal ferramenta de controle físico da podridão parda é a refrigeração dos frutos, pois a baixa temperatura reduz a atividade metabólica do fruto e a taxa de crescimento do fungo. Dessa forma, a refrigeração além de conservar o fruto por mais tempo, o torna menos suscetível ao ataque da podridão parda.
Controle biológico
O controle biológico da podridão parda é mais empregado em pós-colheita dos frutos. Esse método de controle baseia-se na utilização de organismos que são antagonistas ou que possam competir com o patógeno, reduzindo a intensidade de ataque dos patógenos. Como exemplos de organismos biológicos que são antagonistas à Monilinia spp., a literatura aponta, o Trichoderma viride, Pseudomonas cepacia e Aureobasidium pullulans (BYRDE; WILLETTS, 1977; SMILANICK et al., 1993 e SCHENA et al., 2003).
O emprego dos agentes de controle biológico podem auxiliar significativamente no controle da podridão parda, mas não devem ser utilizados de forma isolada, e sim como uma ferramenta de controle dentro do manejo integrado da doença.
Referencial teórico
BYRDE, R. J. W.; WILLETTS, H. J. Infection. In: __The brown roto f fruit: their biology and control. Oxford: Pergamon Press. P. 87-110. 1977.
HONG, C. X.; MICHAILIDES. T. J. Effects of wounding, inoculum density, and biological control agentes on postharvest Brown rot fo stone fruit. Plant Disease, v.82, n.11. p. 1210 – 1216. 1998.
RASEIRA, M. C. B.; QUEZADA, A. C. Pêssego Produção: Embrapa Clima Temperado: Pelotas, Brasília: EMBRAPA, 2003, 162p. (informações Tecnológicas, frutas do Brasil, 49).
SCHENA, L., et a. Control of postharvest rots of sweet cherries and table grapes with endophytic isolates of Aureoblasidium pullulans. Postharvest Biology and Technology, v.30, p. 209-220. 2003.
SMILANICK, J. L. et al. Control of postharvest brown rot of nectarines and peaches by Pseudomonas species. Crop Protection, v.12, p. 513-520. 1993.
ZANETE, F.; BIASE. L. A. Introdução às frutíferas de caroço. In: MONTEIRO. L. B. et al. (Ed.) Frutíferas de caroço: uma visão ecológica. Curitiba: UFPR, p. 1-4. 2004.