Neste material você irá conhecer aspectos importantes sobre a doença Mancha Púrpura em cebola como:
– Importância da doença sobre o cultivo da cebola;
– Etiologia;
– Sintomas;
– Controle.
Importância
A cebola (Allium cepa L.) é uma hortaliça amplamente cultivada mundialmente, sendo uma das três mais importantes ao lado do tomate e da batata. A cebola poder ser atacada por várias doenças, podendo estas ser de etiologia fúngica, bacteriana, viral e nematológicas.
A mancha púrpura (Alternaria porri (Ellis) Cif.), também conhecida como pinta, crestamento ou queima das folhas, é uma das mais importantes doenças que acometem a cultura da cebola e também do alho. Apresenta distribuição mundial, e em condições de clima quente e úmido o patógeno causa danos severos à cultura (NUNES E KIMATI, 1966). Com isso, a qualidade e a conservação de bulbos são afetadas, causando amplos prejuízos aos produtores, na ordem de reduções na produção de até 60% além das perdas de pós-colheita (TÖFOLI, 2000).
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Etiologia
A mancha púrpura da cebola é causada pelo fungo Alternaria porri, Deuteromiceto da Ordem Moniliales, família Dematiaceae (NUNES; KIMATI, 1997). As condições ideais para o seu desenvolvimento são alta umidade e temperatura situada entre 21 e 30 ºC, sendo que o fungo pode crescer entre 6 e 34ºC (NUNES; KIMATI, 1966).
Seus esporos possuem coloração geralmente marrom. Sobre as lesões, estes conídios podem se formar repetidas vezes, principalmente em etapas alternadas de alta e baixa umidade relativa (REIS e HENZ, 2009). Visto isso, a umidade é um dos aspectos mais importantes para o incremento da doença, sendo que a alta umidade relativa beneficia a formação dos esporos, e a baixa umidade favorece o desprendimento e o transporte pelo vento.
O fungo Alternaria porri possui a capacidade de sobrevivência entre cultivos, arranjados sobre os restos culturais e plantas hospedeiras, na forma de micélios e esporos. A disseminação no campo é devido fundamentalmente a respingos de chuva, vento e água proveniente de irrigação (AGROFIT, 2015).
Outro aspecto importante desta doença a ser considerado é a idade da planta, devido às plantas mais velhas serem mais suscetíveis. Ferimentos acometidos por tripes (Thysanoptera) também podem influenciar, pois estes beneficiam a aceleração do ciclo, por facilitar a penetração e elevar a quantidade de infecções (NUNES; KIMATI, 1997).
Sintomas
A doença ataca tanto a parte aérea quanto os bulbos das plantas, o que afeta o armazenamento na pós-colheita. Inicialmente, nas folhas, há a formação de pequenas lesões aquosas (2 a 3 mm de diâmetro) de contorno irregular. Num segundo estágio estas lesões podem adquirir coloração esbranquiçada, que podem ser confundidas com ferimentos de tripes. Num último estágio, as lesões apresentam um coloração púrpura e um formato mais arredondado (Figura 1) (REIS e HENZ, 2009).
Diversas alterações nos sintomas desta doença podem ocorrer, como o crescimento das lesões, levando à murcha e crestamento das folhas (Figura 2).
As lesões também podem formar um halo amarelo e zonas concêntricas com colorações variando de marrom a cinza escuro (frutificações do fungo) (Figura 3).
Outro sintoma que pode ocorrer são lesões externas nos bulbos ou uma podridão e enrugamento das escamas frescas. Quando há o desenvolvimento dos micélios do fungo sobre os bulbos, estes adquirem coloração marrom-escura a preta (REIS e HENZ, 2009). Também é passível de ocorrência de lesões na haste floral, apresentando sintomas semelhantes aos das folhas, que posteriormente, as sementes delas originadas acabam não se desenvolvendo ou apresentando aparência enrugada (AGROFIT, 2015).
Controle
Diversos métodos culturais e de manejo podem auxiliar no controle da doença, como por exemplo: destruição de restos culturais e plantas voluntárias, rotação de culturas, aperfeiçoar a drenagem do solo, diminuir a densidade de plantas, manejo adequado da irrigação (evitar irrigação por aspersão) e plantio em épocas que desfavorecem o desenvolvimento do patógeno. A utilização de variedades de maior resistência é uma indicação importante para o controle desta doença, assim como a utilização de sementes sadias (NUNES; KIMATI, 1997).
Quanto ao controle químico, as indicações são de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), geralmente com o uso triazois, estrobilurinas, dando sempre preferência por aplicações preventivas. Como a cebola apresenta folhas muito cerosas, é necessário garantir uma adequada aderência e cobertura para facilitar a adesão dos fungicidas na superfície.
Referências bibliográficas
AGROFIT Agrofit: Sistema de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em:
IBGE. Estatística da Produção Agrícola, Janeiro, 2015. Disponível em:
NUNES, M. E. T.; KIMATI, H. Doenças do alho e cebola. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.; REZENDE, J. A. M. (Ed.). Manual de fitopatologia: vol. 2: doenças das plantas cultivadas. vol. 2. Piracicaba: Ceres, 1997. p. 49-64.
REIS, A.; HENZ, G. P. Mancha-púrpura do alho e da cebola: Doença difícil de controlar. Embrapa Hortaliças, 2009.
TÖFOLI, J. G. et al. Eficiência de pyraclostrobin+ metiram no controle da mancha púrpura na cultura da cebola. RESEARCHGATE: Maio/ 2000.