Neste material você vai ver aspectos relacionados ao mal-do-pé do trigo, tais como:
– Sintomas do mal-do-pé do trigo;
– Epidemiologia do fungo no solo;
– Manejo da doença.
É considerado o principal fungo de solo que ataca as raízes do trigo em todo o mundo (Freeman; Ward, 2004). No Brasil, a ocorrência é mais acentuada na Região Sul, estando muito ligada à temperatura e a sistemas de monocultura.
Sintomas
As lesões de coloração preta que começam nas raízes e se estendem até a coroa da planta (Figura 1). A planta de trigo apresenta porte reduzido, perfilhamento deficiente e em casos severos, pode causar sua morte.
No período reprodutivo, as espigas tornam-se esbranquiçadas e não há enchimento de grãos. Devido ao ataque do patógeno no sistema radicular, as plantas não apresentam resistência quando arrancadas do solo e podem ser observadas hifas entre as raízes. Além disso, é fácil a visualização de reboleiras com plantas de porte menor e esbranquiçadas (Figura 2).
Epidemiologia
O patógeno Gaeumannomyces graminis (Figura 3) sobrevive no solo, restos de plantas mortas e hospedeiros alternativos, especialmente em gramíneas por mais de um ano. Solos sob baixas temperaturas (12ºC a 20ºC), alcalinos (pH 6,5 a 8,5) e/ou mal-drenados e excesso de chuvas, são condições que favorecem a doença (REIS et al, 1983; COOK et al., 1995). A Disseminação pode ocorrer pelo vento e solo contaminado, sendo rara a transmissão por semente.
Manejo
Em áreas com histórico da doença, evitar cultivo de trigo, triticale, cevada, centeio ou azevém, pois são hospedeiros da doença.
O melhor posicionamento técnico é promover a descompactação do solo, associado à rotação com culturas não hospedeiras como nabo forrageiro, canola, linhaça, leguminosas e aveias, contribuindo consideravelmente para diminuir a incidência do patógeno. A rotação com aveia preta, para aumentar o teor de Mn disponível para as plantas de trigo, diminuindo consideravelmente a redução do dano provocada por mal-do-pé. Há relatos e trabalhos, relacionando a disponibilidade do Mn com a incidência da doença. A seleção de cultivares de trigo com alta eficiência em Mn, também auxilia para reduzir significativamente a severidade dos sintomas do mal-do-pé (HUBER e McCAY-BUIS, 1993; RENGEL et al., 1993).
Outra estratégia é baixar o pH próximo ao sistema radicular. Isso pode inibir o crescimento das hifas do fungo e, portanto, a disseminação da doença. Para que isso aconteça, é necessário somente acidificar o pH da rizosfera e não do solo como um todo. A aplicação de fertilizante contendo N-NH4 pode ser efetiva, desde que o N-NH4 esteja disponível no momento de maior pressão da doença.
Bibliografia
Cook, J. W., Keenan, F. P., Dufton, P. L., Kingston, A. E., Pradhan, A. K., Zhang, H. L., Doyle, J. G., & Hayes, M. A. 1995, ApJ, 444, 936.
Freeman, J., Ward, E. 2004. Gaeumannomyces graminis, the take-all fungus and its relatives. Mol. Plant. Pathol. 5, 235-252.
HUBER, D. M.; MCCAY-BUIS, T. S. A multiple component analysis of the take-all disease of cereals. Plant Disease, St. Paul, v. 77, p. 437-447, 1993.
REIS, E.M.; Santos, H.P. dos; Lhamby, J.C.B. Rotação de Culturas. I. Efeito sobre doenças radiculares do trigo nos anos 1981 a 1983. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.8 n.3, p431-437, 1983.
RENGEL, Z.; GRAHAM, R.D.; PEDLER, J.F. Manganese nutrition and accumulation of phenolics and lignin as related to differential resistance of wheat genotypes to the take-all fungus. Plant Soil, Dordrecht, v. 151, n. 2, p. 255-263, 1993.