O termo ambiente pode ser definido como todos os fatores que podem modificar o crescimento, desenvolvimento e desempenho produtivo dos genótipos da soja ou de qual outra espécie cultivadas, que não são de origem genética. Em geral, o termo é amplamente utilizado, como para definir um ambiente de cultivo específico, época de semeadura, safras ou anos agrícolas, densidade de semeadura, sistemas de produção, entre outros. Esses fatores podem atuar de maneira isolada ou conjuntamente, e alterar o comportamento produtivo dos genótipos da soja e resultar em interação genótipos x ambientes.
Dessa forma, é de suma importância a conceptualização e a consolidação dos diversos termos utilizados para designar ambiente. Com isso, define-se:
Local de cultivo: se refere a uma determinada região geográfica, formada por uma unidade distinta em razão de certas características específicas, tais como a classificação climática, tipo de solo e altitude, e são referenciadas pelas coordenadas geográficas (latitude e longitude).
Ano agrícola ou safra agrícolas: é determinado pelo período em que as condições climáticas são favoráveis para o desenvolvimento de uma determinada cultura, em um local ou região, ou seja, o período ótimo compreendido desde o início da semeadura até a colheita. Desta maneira, em um mesmo local ou região os elementos meteorológicos variam entre os anos agrícolas, dentre os quais se destacam a temperatura do ar e do solo, pluviometria, radiação solar incidente, incidência de ventos, entre outros. As modificações nos elementos meteorológicos em função dos anos agrícolas podem exercer efeitos diferenciais sobre o desempenho produtivo da soja, e contribuir para a interação genótipos x ambientes.
Época de semeadura: é definida por um conjunto de fatores ambientais que interagem com a planta e promovem modificações no desempenho agronômico dos genótipos. Entre os fatores ambientais, se destaca como principal as alterações meteorológicas no tempo, como as relações hídricas, a temperatura do ar e do solo, comprimento do dia, fotoperíodo e a radiação solar incidente sobre o dossel da planta.
Densidade de semeadura: refere-se ao arranjo de plantas distribuídas por unidade de área, determinado em função do número de sementes aptas semeadas por metro quadrado. Dessa maneira, em uma mesma região ou local e mesma época de semeadura, ao realizar mudanças na densidade de semeadura, altera-se a distribuição espacial das plantas, modificando a competição intra-específica por nutrientes, água e radiação solar incidente. Sistema de cultivo: se define como as práticas de manejo associadas à cultura da soja, com intuito de alterar o ambiente através de um conjunto de atividades culturais e operacionais, onde se busca aprimorar o desempenho produtivo dos genótipos. Entretanto, os genótipos podem variar sua resposta em razão dessas alterações no ambiente e resultar em interação genótipos x ambientes. Para a soja, os principais sistemas de cultivo são o sistema de semeadura direta, sistema convencional e sistema irrigado.
Zonas de manejo de fertilidade: consistem em certas partes de uma área de solo que apresenta padrões diferentes de fertilidade, sendo estes classificados em zonas de alta, média e baixa fertilidade. Estas zonas são formadas em função da inclinação do relevo, dos processos de escorrimento superficial, práticas culturais e entre outras. Os genótipos apresentam diferentes respostas do seu potencial produtivo devido à disponibilidade de nutrientes no solo. Dessa forma, em função de mecanismos fisiológicos específicos, certas constituições genéticas podem apresentar maior estabilidade produtiva em zonas de baixa fertilidade. Em contrapartida, existem genótipos que respondem apenas a zonas de alta fertilidade, causando a interação genótipos x ambientes.
O ambiente ideal para avaliação dos genótipos da soja desenvolvidos nos programas de melhoramento deve favorecer a expressão do potencial destes genótipos, maximizar a variância genética, minimizar a variância de ambiente e da interação, ter características consistentes entre anos ou safras agrícolas, proporcionar aos genótipos selecionados condições para que se desenvolvam adequadamente e que seu desempenho seja similar quando este for cultivado nos ambientes de interesse.
Referências
ALLARD, R.W. Princípios do melhoramento de plantas. São Paulo: Edgard Blücher, 1971, 381p.
ALLARD, R.W. Principles of plant breeding. 2ªed. New York: John Wiley & Sons, 1999. 254p.
FALCONER, D.S. Introdução à genética quantitativa. Viçosa: Editora UFV, 1987.279p.
FALCONER, D.S.; MACKAY, T.F.C. Introduction to quantitative genetics.4ªed.Longmans Green, Harlow, E