O material traz uma listagem dos fungicidas protetores por classe, suas características e uso.
- Inorgânicos: cúpricos e sulfurados,
- Orgânicos: ditiocarbamatos, nitrogenados, aromáticos, a base de estanho, derivados do dinitrofenil, derivados do diclorofenil, derivados da antraquinona, fosforado
Inorgânicos
Cúpricos
São todos inorgânicos, fungicidas mais utilizados, pois possuem um largo espectro de ação contra fungos e bactérias. Sua ação é erradicante protetora, atuando especificamente sobre a germinação dos esporos.
Calda bordalesa
- É obtida pela mistura de sulfato de cobre (CuSO4. 5H2O) e suspensão de CaO, constituindo-se em uma série de compostos em processo de transição, em vez de ser um produto final bem definido.
- As proporções em peso de sulfato de cobre e ml variam de: 0,5Hg/0,5Hg; 1Hg/1Hg; 2Hg/2Hg para 100 litros de água, obtendo-se calda bordalesa – 0,5:0,5:100; – 1:1:100; – 2:2:100
- Solução de sulfato de cobre -> 10Hg do produto + 50 litros H2O (um recipiente que não seja de ferro ou latão)
- Suspensão concentrada de ml -> 10Hg de CaO + 50 litros H2O. Misturar sob agitação constante as diluições em um terceiro recipiente.
- Reação química: CuSO4 . H2O + Ca (OH)2 -> CaSO4 + Cu (OH)2 CuSO4 -> fator de aderência Cu (OH)2 -> ingrediente ativo
Cuidados: uso imediato após o preparo, pois após 24h sofre transformações que dificultam sua posterior distribuição e aderência na planta e o seu efeito fungicida é diminuído.
Ex.: 100 L de Calda Bordalesa a 1% 5 L de A + 5 L de B + 90 L de H2O
- Incompatível com inseticidas orgânicos, mas compatível com os orgânicos;
- Compatível com óleo mineral para controle simultâneo de cochonilhas em citrus. Calda a 1% e óleo a 1%;
- Sulfato com pureza mínima de 97% e a ml de 95%;
- Deve ser neutra (cor azul celeste), ou alcalina; Reação ácida (esverdeada) – fitotóxica, menos estável, maior ação fungicida. Reação alcalina (esbranquiçada) – melhor aderência, menor ação fungicida, maior poder residual.
Plantas sensíveis: rabanete, repolho, couve flor (crucíferas); abóbora, abobrinha, chuchu, melancia, pepino, morango (cucurbitáceas) ;ameixeira, cerejeira, macieira; batata, pimentão, pimenta (solanáceas); particularmente em plantas ou órgãos de plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento e sob baixa temperatura.
Uso:
Videira: Míldio (Plasmopara vitícola) Antracnose (Elsinoe ampalina)
Café: Ferrugem (Hemileia vastatrix)
Citrus: Antracnose (Colletotrichum glosporioides) Melanose (Diaporthe citri) Verrugose (Elsinoe fawcetti)
Pessegueiro: Crespeira Taphirina deformans
Banana: Mal de sigatoria (Cercospora musae)
Oxicloreto de cobre
Características:
- DL50 = 10.000 mg/Hg;
- Poder residual dependente da precipitação; não há período de carência.
- Pouco solúvel em água. Compatível com a maioria dos inseticidas, exceção aos oleosos ou alcalinos, não devendo ser combinados ao TMTD, calda sulfo-cálcica, ditiocarbamatos.
- Fitotoxidez dependente do pH em soja e elevada em alho, rosáceas frutíferas, cucurbitáceas, batatinha e cenoura.
Uso:
Videira: Míldio (Plasmopara vitícola) Antracnose (Elsinoe ampalina)
Café: Ferrugem (Hemileia vastatrix)
Citrus: Antracnose (Colletotrichum glosporioides) Melanose (Diaporthe citri) Verrugose (Elsinoe fawcetti) Phytophtora
Solanáceas: Pinta preta (Alternaria solani) Antracnose (Colletotrichum sp.) Cancro bacteriano, Mancha bacteriana (Xanthomonas sp.)
Sulfato de cobre
Características:
- DL50 = 300 mg/Hg
- Poder residual dependente da precipotação
- Não tóxico para o homem, pode causar injúria em macieira, citrus e algumas variedades de pera.
- Compatível com a maioria dos defensivos agrícolas, podendo ser empregado na correção de deficiência de cobre.
- Em rosáceas frutíferas devem ser pulverizadas somente durante o repouso vegetativo.
- Parte bordalesa: para pincelamento em citrus ou cidreira (Tratamento de inverno)- Sulfato de cobre 2,0 Hg Cal virgem 3,0 Hg H2O 24,0 L
Sulfurados
Enxofre elementar
- Alta eficiência no controle dos oídios, atuando como curativos ou terapêuticos. Também são eficientes como acaricidas. Não apresenta resíduos tóxicos; não é sugerida tolerância de resíduos após utilização de enxofre.
- Compatível com inúmeros defensivos; o enxofre PM não deve ser misturado aos óleos agrícolas ou alguns inseticidas.
- Enxofre misturado a Cal (calda sulfo-cálcica) torna-se incompatível com a maioria dos inseticidas e fungicidas.
- Também podem controlar: pinta preta da roseira, sarna da macieira, sarna do pessegueiro, podridão parda do pessegueiro.
- Efeito fitotóxico principalmente em cucurbitáceas e rosáceas frutíferas. Reduz o crescimento das folhas, queda na produção, queimadura e até desfolha prematura, particularmente em temperaturas acima de 28ºC durante a aplicação. Macieira e groselheira são mais sensíveis.
Calda sulfo-cálcica
- Mais fitotóxica do que o enxofre elementar.
- Nunca misturar com formulações oleosas por causa da fitotoxicidade; manter mais ou menos um intervalo de 20 dias entre ambos os tratamentos.
- Abaixo de 15 ºC são pouco eficientes devido à pouca volatilização.
- O S é lentamente hidrolisado em água.
- Calda sulfo-cálcica: Cal virgem – 2,5 Hg / Enxofre em pó – 5,0 Hg / Água – 9,0 L
- É uma combinação de cal hidratada e enxofre: muito solúvel em água; decomposto por ácidos formando H2
Calda sulfo-cálcica: Cal virgem (2,5 Kg) + Enxofre em pó (5,0 Kg) + Água (9,0 L)
Preparo: amassar o S em água; 2,5 Kg de cal + água e quando começar a queimar adicionar o S já preparado; adicionar o restante de água para 25L; ferve-se a mistura durante 1 hora; devido à ação corrosiva guardá-la em recipientes de madeira, vidro ou plástico. Para diluição, determinar a quantidade de água pela medida de concentração com um aerômetro de Baumé.
As dosagens variam segundo as plantas que se pretende tratar e a época do ano. Inverno: 0,5 a 8o – Baumé até 12; Primavera-verão – 1,5o Baumé
Orgânicos
Ditiocarbamatos
- Baixo grau de fitotoxidez;
- Amplo espectro de ação; não atua em oídio;
- Baixa toxidez para o homem e animais;
- Compatível com a maioria dos inseticidas e adjuvantes;
- Usados para controle do maior número de doenças, um maior número de culturas; ótima aderência e espalhamento;
- Alto efeito funjitóxico e estabilidade;
Derivados do ácido ditiocarbônico -> aminas + bisulfureto de carbono
- Ditiocarbamatos metálicos – Ziram, Ferbam
- Bisulfureto de Thiram:
- Etileno biodiotiocarbamato metílico: Nabam, Maneb, Zineb, Mancozeb
Zineb
- Etileno biodiotiocarbamato de Zinco.
- DL50 = 5.200 mg/Kg
- Poder residual.: 7 dd.
- Pó-molhável, insolúvel em água.
- Imutável na presença de umidade e calor.
- Baixa fitotoxicidade; pode causar injúria em plantas sensíveis ao Zinco (fumo, cucurbitáceas).
- Incompatível com calda sulfocílcica, calda bordalesa, produtos de reação alcalina.
Manebe
- Etileno biodiotiocarbamato de Manganês.
- DL50 = 4.000 mg/Kg
- Poder residual: 7 – 15 dd.
- O produto de decompõe rapidamente quando em contato com a umidade e a luz solar.
- Fitotoxicidade baixa, com exceção a mudas de fumo e tomate.
- Normalmente é formulado em pó-molhável contendo 80%.
- Usado principalmente como protetor de folhagem, devendo ser aplicado em caráter preventivo.
- Normalmente é usado com a adição de adjuvantes de propriedades aderentes, principalmente em dias chuvosos.
Mancozebe – PM
- Dimetil ditiocarbamato de Ferro.
- DL50 = 17.000 mg/Kg.
- Pelo fato de ser um pó preto possui a desvantagem de deixar um resíduo escuro nas frutas, quando aplicado antes da colheita. Incompatível com substâncias alcalinas, calda sulfo-cálcica, calda bordalesa.
- Não é fitotóxico.
- Usado como protetor de folhagem.
Thiran – PS e PM
- Bisulfureto e Tetra Metil Thiran;
- DL50 = 780 mg/Kg
- Poder residual.: 10-15 dd;
- Não deve ser aplicado em frutas que se destinam à indústria, pois pode provocar manchas;
- Usado principalmente no tratamento de sementes;
- Compatível com a maioria dos defensivos agrícolas;
- Baixa fitotoxicidade;
- Além de controlar os fungos externos à semente, proteje-as durante a fase inicial de germinação contra os fungos de solo;
- São sensíveis ao Thiran: Fusarium sp.; Rhizoctonia solaniPythium spp.
Nitrogenados
Captan
- DL50 = 9.000 mg/Kg
- Poder residual.: 7-14 dd.
- Muito usado em pulverizações da parte aérea e tratamento de sementes.
- Ineficiente contra ferrugens, oídios e míldios.
- Não é fitotóxico a maioria das plantas, exceto alguma variedade de maçã no início da brotação.
- Formulado a PS 5 a 10%; e PM 50 a 75%. Incompatível com os produtos alcalinos, a base de óleo e cúpricos.
- Hidrolisa vagarosamente no solo e pouco influenciado pela população microbiana e % M. O.
- Tratamento de solo: Pythium; Fusarium; Rhizoctonia.
- Aumenta a eficiência quando misturado com PCNB.
- Protetor de sementes.
Folpet
- DL50 = 10.000 mg/Kg
- Poder residual.: 7-10 dd.
- Estável quando seco, hidrolisando lentamente em água à temperatura ambiente e, rapidamente à temperaturas elevadas.
- Geralmente não é fitotóxico, em altas temperaturas e umidade, doses excessivas podem causar injúrias em videira e mudas de cucurbitáceas.
- Incompatível com produtos fortemente alcalinos e produtos à base de cobre e óleos.
- Formulado em PM e PS.
- Usado como fungicida de folhagem.
Aromáticos
Aromáticos moleculares fenólicos
Altamente fitotóxicos.
Destacam-se os nitrofenois e fenóis halogenados.
Nitrofenois: Fenol + NO2 resulta em ação fungicida que varia em função da posição na qual NO2 é incluído no núcleo aromático.
Dinocap
- DL50 = 1.190 mg/Kg Poder residual.: 7-45 dd.
- Apresenta boa atividade acaricida.
- Recomendado no controle de oídios até em temperaturas muito baixas (4 ºC).
- Muito usado no controle de oídios das cucurbitáceas onde o enxofre é fitotóxico.
- Pode causar fitotoxicidade com temperaturas a 32 °C.
- Ação erradicante e protetora.
Nitro-benzeno halogenados
- PCNB (Pentacloronitrobenzeno)
- DL50 = 12.000 mg/Kg
- Período de carência.: 21 dd.
- Não volátil, pouco solúvel em água, não é um biocida.
- Específico para fungos fitopatogênicos que formam esclerócio Rhizocthonia, Selerotium, Sclerotinia, Mamophomina, Botrytis.
- Ineficiente contra ficomicetos: Pythium e Phytophthora.
- Cucurbitáceas e tomateiro são muito sensíveis ao produto, pois causa danos às suas raízes.
- Pouco afetivo contra Fusarium, Pythium e Phytophthora.
- Incompatível com produtos de ação alcalina, como calda bordalesa e calda sulfo-cálcica.
- Formulado em PS, PM e CE.
- Pode ser usado no tratamento de sementes, solo e pulverizações em pós-emergência.
- Tratamento de sementes -> 200 a 300g / 100 kg.
- Tratamento de solo -> 1 kg / 100 L 2L /m2 de solo
Dicloran
- DL50 = 4.000 mg/kg.
- Selecionado pela sua especificidade contra Botrytis sp.
- Alta instabilidade, à hidrólise e à oxidação.
- Não é fitotóxico.
- Protetor da parte aérea, tratamento de sementes e em pós-colheita.
Nitrilas
Clorotalonil
- DL50 = 10.000 mg/Kg.
- Não pode ser misturado com espalhantes, pois pode resultar uma menor
- fungitoxicidade a maior fitotoxicidade.
- Incompatível com formulações oleosas.
- Protetor da parte aérea, podendo atuar como erradicante.
- Amplo espectro de ação.
Docline
- DL50 = 1.500 mg/Kg.
- Incompatível com cloro-benzilato, óleos, cal, e emulsão.
- Grande eficiência no controle da sarna da macieira.
- Alta atividade na superfície, permitindo cobertura mais eficiente.
- Ativo em quantidades pequenas; o filme protetor é facilmente espalhado na superfície;
- Alta tenacidade na sua formulação.
- Longo efeito residual.
- Possui eficiente ação protetora e erradicante.
- Possui ação local de profundidade.
- Fitotóxico para grande número de espécies de plantas (pêssego, pêra, ameixa, maçã).
- Não se recomenda a sua aplicação durante ou imediatamente após períodos de baixas temperaturas.
Fungicidas a base de estanho
Protetores de folhagens.
Longo efeito residual.
Fitotóxicos para grande número de culturas (principalmente em alta temperatura).
Não devem ser usados para pulverizar frutas e hortaliças das quais se consome a parte aérea.
Trifenil acetato de estanho
- DL50 = 125 mg/Kg
- Poder residual: 7-14 dd.
- Fitotóxicos em altas temperaturas e quando misturados com formulações oleosas.
- Espectro de ação semelhante aos cúpricos.
- Incompatível com CE e óleo mineral.
- Pulverizações suspensas 21 dias antes da colheita.
- Trifenil acetato de estanho funciona como estimulador do crescimento.
- Altamente tóxico ao homem
Trifenil hidróxido de estanho
- DL50 = 108 mg/Kg.
- Fitotoxicidade aumentada quando misturado a óleo ou CE.
- Não é recomendado uso de adjuvantes.
- Geralmente são fitotóxicos à folhagens.
- Formulações em pó molhável.
- Bem efeito residual e alguma atividade inseticida.
Fungicidas derivados do dinitrofenil
Binapanil
- DL50 = 120 mg/Kg.
- Fungicida-acaricida.
- Grande eficiência no controle de oídios.
- Fitotóxico quando misturado com formulações oleosas e alguns inseticidas organofosforados.
- Não pode ser aplicado em períodos inferiores a 20 dias antes ou após o emprego de formulações oleosas na parte aérea.
Fungicidas derivados do diclorofenil
Iprodione
- DL50 = 3.500 mg/Kg.
- Baixa fitotoxicidade.
- Compatível com a maioria dos defensivos.
- Produto somente com ação de contato.
- Largo espectro de ação.
Vinclozolin
- DL50 = 10.000 mg/Kg.
- Não é fitotóxico.
- Efeito protetor da parte aérea, ação sistêmica local e efeito curativo até 36 horas após a infecção, atua como fungicida de contato com efeito germistático.
- Incompatível com produtos de reação alcalina.
Fungicida derivado da antraquinona
Dithianon
- DL50 = 638 mg/kg.
- Amplo espectro de ação com algum efeito erradicante.
- As aplicações devem ser suspensas 21 dd antes da colheita.
- Baixa fitotoxicidade, exceto para algumas variedades de maça.
- Incompatível com produtos de reação alcalina e óleos minerais.
- Não possui ação inseticida.
Fungicida fosforado
Edifurfós
- DL50 = 150 mg/kg.
- Ação de proteção da parte aérea.
- Incompatível com produtos de reação alcalina.
- Tratamento de inverno -> Produtos erradicantes ou de contato
- Finalidade: Limita-se à parte aérea das plantas perenes, durante a estação de dormência, visam a diminuição do potencial de inóculo primário.
- Características que devem ser consideradas:
- Alta fungitoxicidade: estruturas de resistência dos patógenos.
- Capacidade de penetração nas células mortas.
- Fitotoxicidade: não é considerada pois são aplicados antes da brotação e nunca em folhas, flores ou frutos.
Métodos de aplicação:
- Pincelamento: calda bordalesa.
- Pulverização: cuidado com citros.
Cuidados antes do tratamento:
- Poda e queima;
- Raspagem dos ramos e troncos (usado em videira)