O papel dos fosfitos como bioestimulantes tem sido bastante debatido. Nos últimos anos os fosfitos estão sendo mais utilizados e tem sido frequente os relatos dos seus efeitos como bioestimulantes. Uma maior consistência de dados e número de trabalhos tem sido em culturas olerícolas e frutíferas, nas quais são reportados efeitos como uma melhor absorção e assimilação de nutrientes, maior tolerância a estresses abióticos, maior crescimento de raízes e consequentemente uma maior produtividade e qualidade de produtos colhidos (Gómez-Merino et al., 2015).
Um primeiro ponto que parece ser de consenso de muitos é que os efeitos dos fosfitos são bastante variáveis entre culturas, entre cultivares da mesma cultura e entre condições de ambiente e solo. Então não se pode atribuir alguns resultados positivos e também os fracassos como via de regra.
Os efeitos benéficos
Outro ponto importante é que os efeitos benéficos de fosfitos devem ser esperados em situações de boa disponibilidade de fósforo às plantas e em condições nutricionais adequados de uma maneira geral. Em situações de deficiência de fósforo, ao invés de resultados positivos, prejuízos e danos poderão ocorrer.
Nível técnico depositado no planejamento
O terceiro ponto está relacionado ao nível técnico depositado no planejamento de uso desses compostos, desde a seleção do produto, a definição do momento, da dose e número de aplicações, e também a qualidade dessa aplicação. Cuidados devem ser tomados com as misturas de calda, visto que os fosfitos podem alterar parâmetros de calda que podem, por exemplo, aumentar riscos com fitotoxidade de fungicidas. Graças ao seu transporte através do xilema e do floema, a aplicação de fosfito pode ser feita via foliar ou através das raízes por meio de fertirrigação, podendo inclusive ser aplicado via jato dirigido junto ao tronco em frutíferas.
Vários trabalhos identificaram que os fosfitos podem melhorar a resposta e a tolerância das plantas a estresses abióticos (Oyarburo et al., 2015). Estes resultados sugerem que a aplicação de fosfitos promove reações de defesa na planta e altera a integridade estrutural dessas de forma a melhorar a tolerância as situações adversas (Olivieri et al., 2012). Isso pode refletir em melhor crescimento, aumento no rendimento e qualidade de frutos, notados principalmente em hortícolas e frutíferas.
Alguns efeitos fisiológicos e bioestimulantes de fosfitos refletindo no crescimento das plantas e qualidade dos frutos estão listados na Figura 5 (Achary et al., 2017).
Saiba mais sobre fosfitos:
Fosfitos: ação no controle de doenças em plantas
Referências
Achary, V.M.M. et al. Phosphite: a novel P fertilizer for weed management and pathogen control. Plant Biotechnology Journal (2017) v.15, pp. 1493–1508.
Gómez, M.F.C. et al. Biostimulant Activity of Phosphite in Horticulture. Scientia horticulturae (2015), v.196, p.82-90.
Estrada-Ortiz, E. et al. Phosphite on growth and fruit quality in strawberry. Acta Hortic. (2012), v.947, p.277–282.
Estrada-Ortiz, E. et al. The effects of phosphite on strawberry yield and fruit quality. J. Soil Sci. Plant Nutr. (2013), v.13, p.612–620.
Lobato, M.C. et al. Effect of foliar applications of phosphite on post-harvest potato tubers. Eur. J. Plant Pathol. (2011), v.130, p.155–163.
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Olivieri, F.P. et al. Phosphite applications induce molecular modifications in potato tuber periderm and cortex that enhance resistance topathogens. Crop Prot. (2012), v.32, p.1–6.
Oyarburo, N.S. et al. Potassium phosphite increases tolerance to UV-B in potato. Plant Physiol. Biochem. (2015), v.88, p.1–8.
Rickard, D.A. Review of phosphorus acid and its salts as fertilizer materials. J. Plant Nutr. (2000) 23, 161–180.