O estado do Rio Grande do Sul vem sofrendo com a seca nos últimos meses, registrando perdas nas lavouras de verão em função da condição de estresse hídrico causado pela alta demanda evaporativa atmosférica, decorrente das altas temperaturas do ar associadas aos baixos volumes de precipitação pluvial.
Nesta situação, não somente as lavouras anuais tiveram produtividade comprometida, mas também as perenes, como videiras e macieiras, onde o impacto da seca pode afetar não somente a safra corrente, mas também as seguintes. Entretanto, de acordo com a previsões climáticas, o outono deve amenizar e normalizar os níveis de precipitação, é o que mostra o Boletim do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) para os meses de abril, maio e junho.
Precipitação
Acompanhe a previsão climática para cada mês:
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Abril: para este mês ainda são esperadas chuvas um pouco abaixo da média em grande parte do Rio Grande do Sul. Já para o nordeste, os níveis de precipitação ficarão na média
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Maio: para o quinto mês de 2022, a expectativa é de que as chuvas fiquem próximas da média.
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Junho: os prognósticos indicam chuvas irregulares, um pouco abaixo da média no sudoeste, um pouco acima no noroeste e na média nas demais regiões.
Temperatura
Se espera que para os meses abril e maio, as temperaturas médias do ar fiquem próximas da média no leste e nordeste e um pouco acima da média nas demais regiões. Para junho, a tendência é de temperaturas médias acima da média.
O boletim do Conselho é publicado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas gerais e específicas para as culturas do período.
Acesse o boletim na íntegra aqui, clicando em Boletim Copaaergs > https://www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia
Veja a seguir recomendações que constam no boletim para os cereais de inverno, frutíferas e pastagens:
Culturas de inverno
1. Escalonar a época de semeadura dentro do período indicado pelo zoneamento agrícola de risco climático, adequando a semeadura aos períodos com umidade do solo ideal.
2. Nos cereais, utilizar, preferencialmente, cultivares resistentes a doenças.
Fruticultura
1. Implantar e manter cobertura verde na área total seja por meio de espécies espontâneas ou, preferencialmente, cultivadas, para melhoria da estrutura, fertilidade e armazenamento de água no solo.
2. Na fase de pós-colheita de frutíferas de clima temperado deve-se manter a sanidade das plantas, para que ocorra acúmulo de reservas e ativação natural e plena do estado de dormência.
3. Em função do estresse hídrico ocorrido no ciclo impactar a fisiologia das frutas, recomenda-se maior atenção ao monitoramento do armazenamento em câmara fria para minimizar perdas de qualidade em pós-colheita;
4. Nas frutíferas de clima temperado, realizar os tratamentos de outono/inverno para redução de fonte de inóculo de doenças e pragas.
5. Considerando o histórico de restrição hídrica e perda de plantas em pomares e vinhedos, principalmente em áreas de solos mais rasos e pedregosos, recomenda-se investir em armazenamento de água para sistemas de irrigação. Além disso, baseado na resposta das frutíferas ao déficit hídrico nos últimos ciclos, recomenda-se uma análise criteriosa na seleção de talhões ou frações destes adequados para novos plantios.
6. No período de outono/inverno, recomenda-se realizar o planejamento das ações necessárias para implantação de novos plantios, como análise e correções de fertilidade do solo, sistematização das áreas e implantação de plantas de cobertura.
Pastagens
1. Realizar o plantio de forrageiras de inverno, anuais ou perenes, com cultivares mais resistentes ao estresse hídrico, assim que houver condições adequadas de umidade do solo.
2. Diferir potreiros com pastagens naturais e melhorá-las realizando sobressemeadura com espécies hibernais, visando melhor quantidade e qualidade forrageira para o período.
3. Considerando o histórico de restrição hídrica, recomenda-se, quando possível, aumentar a utilização da integração lavoura-pecuária (ILP), principalmente com uso de sistema de irrigação, para melhor aproveitamento das áreas, desempenho animal e manutenção da umidade e da fertilidade do solo. Também, neste caso, recomenda-se utilizar pastagens de cultivares precoces e de ciclo curto.
Quer saber quais são as indicações para outras culturas? Acesse o conteúdo completo no portal Dia Rural: https://diarural.com.br/outono-comeca-a-diminuir-a-estiagem-que-atingiu-o-rs-no-ultimo-verao/
Fonte:
Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande Do Sul. Prognósticos e recomendações para o período Abril/Maio/Junho de 2022. Boletim COPAAERGS nº 60 – Março de 2022.