Neste material, o leitor vai conhecer um pouco mais sobre:
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As principais características morfológicas dos insetos da família Noctuidae;
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Qual é e como ocorre o desenvolvimento destes insetos;
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Quais são os insetos de importância agrícola que pertencem a esta família.
A família Noctuidae é uma das mais numerosas, com aproximadamente 21.000 espécies, divididas em 19 subfamílias. Os Noctuídeos são amplamente distribuídos mundialmente, com maior ocorrência na região tropical. No Brasil, variam muito em tamanho, considerando a envergadura de asas. Há espécies com menos de 1 cm, chamadas de microlepidóptero, e espécies com mais de 28 cm, como Thysania agrippina, considerada a maior mariposa do mundo. Entretanto, a maior importância dos Noctuídeos é do ponto de vista econômico. Os mais importantes lepidópteros-pragas pertencem a esta família, como: Spodoptera frugiperda, Helicoverpa zea, Crisodeix includens, dentre outras. Entre 2012 e 2013, foi identificada no Brasil a espécie Helicoverpa armigera, uma espécie altamente polífaga também pertencente a essa família, que causa sérios danos em diferentes culturas de importância econômica, como algodão, milho, soja, tomate e nas frutíferas.
Figura 1. Lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) em milho. Foto: Marcelo Gripa Madalosso, disponível em elevagro.com
Quanto às características morfológicas, os adultos são geralmente mariposas de coloração predominante cinza, parda ou amarela, com manchas, apesar de haver espécies de cores vistosas. Os ocelos são visíveis, a probóscide é geralmente bem desenvolvida, as antenas são filiformes ou serreadas, às vezes pecnitadas, e os palpos labiais são ascendentes. No segmento basal do abdome há órgãos timpânicos. Nas asas, o frênulo é bem desenvolvido, preso ao retináculo visível, as asas posteriores com as nervuras SC+R próximas de Rs na base ou fundidas com Rs não além de 1/3 da célula discal.
Figura 2. Fêmea de Helicoverpa armigera em fase adulta. Foto: Juliano Farias, disponível em elevagro.com.
Os ovos são dispostos agrupados em posturas, geralmente esféricos e com ranhuras. As lagartas são geralmente glabras, com poucas cerdas distribuídas nos segmentos, que podem ser utilizadas na identificação. As lagartas são de coloração clara ou escura, com faixas longitudinais. Normalmente, as lagartas têm quatro pares de falsas pernas abdominais, mais o par anal. Entretanto, na subfamília Plusiinae, as lagartas têm apenas dois pares abdominais, além das pernas anais, que são chamadas de falsas medideiras. As pupas são de cor marrom-escura e geralmente encontradas no solo, sem formação de casulo, com exceção também das falsas medideiras, em que as pupas são de coloração verde claro e são encontradas na face abaxial das folhas.
Figura 3. Pupa de Crisodeix includens. Foto: Tamires Doroteo/ Nicoly Marino.
Quanto ao desenvolvimento, os insetos desta família são holometábolos, com ciclo de vida de 30 a 60 dias, podendo ter o desenvolvimento influenciado pela qualidade nutricional do alimento e por fatores ambientais, como temperatura e umidade. No caso da H. armigera, por exemplo, cada fêmea pode ovipositar até 3.000 ovos, tendo um período de incubação dos ovos em média de 3,3 dias a 25° C. As lagartas possuem seis instares larvais com duração de 14 a 18 dias, a pupa é do tipo obtecta, apresentando um formato fusiforme com superfície arredondada nas partes terminais, nessa fase é possível identificar o sexo, pela observação externa das genitálias.
Figura 4. Postura da Lagarta-do-cartucho-do-milho. Foto: Caroline Rabuscke, disponível em elevagro.com.
Os adultos têm corpo coberto por escamas, com olhos compostos semiovais proeminentes e antenas do tipo filiforme. Podem apresentar dimorfismo sexual pelo tamanho das asas e normalmente a longevidade das fêmeas é maior que a dos machos, sendo de 11,7 e 9,2 dias, respectivamente. O período de oviposição é de cerca de 5,3 dias, apresentando um alto potencial reprodutivo.
Por fim, considerando que a família Noctuidae é uma das mais numerosas e com maiores números de pragas de importância econômica, vale ressaltar como destaque as principais subfamílias de maior ocorrência no brasil: acontiinae, agaristinae, amphipyrinae, bagisarinae, catocalinae, cuculliinae, hedeninae, heliothinae, herminiinae, noctuiinae, ophiderinae, plusiinae e sarrothriphinae.