A cultura do arroz apresenta grande importância econômica, principalmente para o sul do Brasil, que concentra cerca de 70% da produção nacional. Embora com o passar dos anos a área de arroz cultivada no país venha sofrendo um decréscimo, ainda há autossuficiência na produção Brasileira (CONAB, 2022). Um dos fatores que contribuem para o decréscimo da produção é o aumento dos problemas fitossanitários, uma vez que além da diminuição da produção provocam uma redução na qualidade dos grãos produzidos, desvalorizando o produto e dificultando a comercialização.
A qualidade do arroz pode ser complexa, uma vez que, por ser um cereal consumido de forma íntegra, apenas passando pelo descasque e polimento, tem a qualidade industrial como um dos principais parâmetros de determinação do valor comercial. O percentual de grãos inteiros é um dos aspectos de qualidade mais importantes, onde o valor de rendimento de beneficiamento é determinado justamente pelo percentual de grãos inteiros após o beneficiado dos grãos com casca. Um dos fatores que pode agravar a severidade de danos mecânicos como quebras são a presença de doenças, estresses e ocorrência de pragas (BORDIN et al., 2016).
Um dos maiores problemas sanitários da orizicultura mundial são as doenças causadas por fungos, e dentre elas as de maior incidência nas regiões produtoras de arroz no Brasil são destaques a brusone (Pyricularia grisea) e mancha-parda (Bipolaris oryzae), (Bordin et al., 2016). Apenas a brusone e a mancha-parda, atualmente podem responder por perdas de 30% e 52% do potencial produtivo das plantas, respectivamente (SCHEUERMANN E NESI, 2021).
A brusone pode ser caracterizada por lesões que acometem as folhas colmos e panículas, onde nas folhas causa o surgimento de lesões alongadas com o centro acinzentado e bordas marrom. Quando a infecção acomete a panícula essa se denomina brusone de pescoço, surgindo nos nós e causando perdas mais graves, principalmente por conta do deficiente enchimento de grãos ou até quebra da panícula.
Algumas alternativas para o controle são a utilização de materiais com resistência genética, embora com a alta variabilidade do patógeno em um curto período de tempo essa resistência é superada, tornando o controle químico o principal aliado durante os cultivos, e de mesma forma ocorre para a mancha parda, que apresenta ainda uma maior dificuldade de controle apenas pela resistência de patógenos (Scheuermann, K. K. e Eberhardt, 2011).
Diante disso, o emprego adequado de fungicidas pode ser decisivo para o controle de doenças, para a cultura do arroz há ainda a ocorrência de resistência de alguns grupos químicos, recomendando-se para atenuar esse problema a utilização de rotação de moléculas ou combinação de fungicidas (FRAC, 2010).
Figura 1. Sintomas de brusone em arroz. Foto: Mônica Debortoli, disponível em elevagro.com.
A mancha-parda apresenta como sintomas na planta o surgimento de manchas ovaladas de coloração marrom nas folhas, além de manchas marrons nos grãos e a redução no tamanho dos mesmos em casos severos da doença. O fungo se beneficia de temperaturas amenas em torno de 20° a 30°C e sobrevive em restos culturais e hospedeiros alternativos, podendo se manter na área nos períodos de entressafra.
Figura 2. Plantas de arroz com sintomas de Mancha-parda. Foto: Felipe Frigo Pinto, disponível em elevagro.com.
A identificação e quantificação de níveis de severidade para a mancha parda se dá por meio de escala diagramática, onde Lenz et al. (2010) (Figura 3) categoriza em seis níveis de severidade de doença, sendo 1,6; 3,2; 6,4; 12,6; 23,1 e 38,6% da área foliar afetada com os sintomas da doença.
Figura 3. Escala diagramática de mancha-parda para arroz. Fonte: Lenz et al., (2010).
Para o controle da mancha-parda no arroz deve se utilizar sementes certificadas de boa procedência, uma vez que o patógeno pode estar contido na semente, além de realizar o tratamento de sementes, uma correta adubação e manejo da água. Ainda por se tratar de um fungo que fica presente na palhada, é recomendada a rotação de culturas nas áreas afetadas e o controle químico é uma alternativa para o controle, principalmente no período final do ciclo, onde a planta está mais suscetível.
REFERÊNCIAS
BORDIN, L. C. et al. Efeito da aplicação de fungicidas no controle de doenças foliares de arroz irrigado e sua relação com o rendimento industrial. Summa Phytopathol. 42. Jan-Mar, 2016.
Conab. Companhia Nacional de Abastecimento. Série histórica das safras Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-histori-ca-das-safras.
LENZ, G. et al. Escala diagramática para avaliação de severidade de mancha-parda em arroz. Cienc. Rural 40 (4). Abril, 2010.
Scheuermann, K. K.; Eberhardt, D.S. Avaliação de fungicidas para controle da brusone de panícula na cultura do arroz irrigado. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages v.10, n.1, p.23-28, 2011.
FRAC. Fungicide Resistance Action Committee. FRAC recommendations for fungicide mixtures. designed to delay resistance evolution. FRAC, 2010. Disponível em: <https://www.frac.info/docs/default-source/ publications/frac-recommendations-for-fungicide-mixtures/frac-recom-mendations-for-fungicide-mixtures—january-2010.pdf>.