Herbicidas pré-emergentes ou residuais são produtos aplicados no solo antes da emergência das plantas daninhas alvo. Estes devem persistir por tempo e concentração suficientes na camada superficial do solo onde se localiza o maior percentual de sementes de plantas daninhas que germinarão na sequência.
O uso desses herbicidas pré-emergentes tem sido uma importante ferramenta no controle de plantas daninhas, especialmente devido ao surgimento de diversas espécies resistentes a herbicidas de pós-emergência.
Principais vantagens dos herbicidas pré-emergentes
Uma das principais vantagens desses produtos é que eles possibilitam à cultura (soja, milho) arrancar na frente e adquirir vantagens competitivas. Além disso, muitos pré-emergentes possuem mecanismos de ação distintos dos utilizados em pós-emergência e assim tem importante encaixe na rotação de produtos visando incremento de controle, manejo de biótipos resistentes e como estratégia anti-resistência.
Persistência no solo, absorção e seletividade
O tempo de persistência irá afetar o residual de controle das daninhas ou o residual de risco para fitotoxidade às culturas.
O tempo de persistência irá depender de alguns fatores como:
- características físico-químicas dos herbicidas;
- tipo de solo;
- teor de matéria orgânica e argila;
- atividade microbiana;
- processos como lixiviação, volatilização e fotólise.
A absorção ocorre principalmente pela radícula das plantas daninhas após o início da germinação, podendo ser absorvido também por outras partes como epicótilo ou hipocótilo. Sua seletividade às culturas se dá de duas formas principais:
- a cultura apresenta alta capacidade de metabolização do herbicida e detoxifica-o nos tecidos
- a seletividade se dá por posição no solo, ou seja, o herbicida deve ficar em camada acima de onde serão depositadas as sementes da cultura.
Pré-emergentes na cultura da soja e milho no Brasil
Em algumas culturas como no arroz e na cana-de-açúcar os pré-emergentes nunca deixaram de ser utilizados. Porém, na soja e no milho, a utilização desses produtos tinha sido bastante reduzida e atualmente tem sido resgatada especialmente em função dos recorrentes casos de plantas daninhas resistentes.
O primeiro herbicida pré-emergente de grande sucesso e até hoje utilizado é a trifluralina, com utilização em larga escala desde a década de 70 no controle de importantes daninhas mono e dicotiledôneas na soja. Atualmente, existe registro de mais de 40 pré-emergentes disponíveis para uso nas culturas da soja e milho (Agrofit, 2018).
Herbicidas de amplo espectro como diclosulam, imazetapir, flumioxazina e isoxaflutole, dentre muitos outros, começaram a ser mais utilizados provendo melhor controle inicial. Na soja, tecnologias recém lançadas como o sistema Cultivance® (similar ao sistema Clearfield®), além de outras que ainda não foram lançadas como o Balance™ GT (soja tolerante ao herbicida isoxaflutole) preconizam um maior controle em pré-emergência evidenciado a consolidação dos mesmos como práticas de manejo integrado de plantas daninhas.
Principais cuidados com o uso de pré-emergentes!
O uso desses herbicidas implica em cuidados especialmente quanto a doses e residual deixado no solo (carry over) podendo causar fitotoxidade aos cultivos subsequentes. É muito importante conhecer a seletividade do herbicida escolhido para a cultura que será implantada (soja, milho) e também para as culturas subsequentes. Atenção deve ser dada também quanto aos principais alvos a serem controlados para que seja feita uma correta escolha do herbicida.
Atentar se há previsão de chuva para o pós-aplicação, principalmente se estiver usando produtos mais móveis, os quais poderão ser facilmente lixiviados, como por exemplo o metribuzin, nicossulfuron e imidazolinonas.
Ainda, para que haja uma boa incorporação do produto no solo é necessário que este esteja com teor de umidade adequado, ou em alguns casos o uso da incorporação mecânica pode otimizar o processo. A existência de palhada pode ser um fator limitante, pois dependendo das características do produto poderá dificultar sua incorporação no solo.