A soja (Glycine max) é uma oleaginosa de grande importância para o agronegócio no Brasil e no mundo. Entretanto, não são do conhecimento de todos os motivos que a fazem tão importante. Este artigo traz características da cultura, com dados da sua origem e chegada ao Brasil, informações sobre a produção brasileira e mundial, usos da soja e importância do manejo ideal da lavoura. Continue a leitura e saiba mais!
ORIGEM E CHEGADA DA SOJA AO BRASIL
Os primeiros relatos da existência da soja descrevem um grão bem diferente do que é cultivado atualmente. Tratava-se de uma planta rasteira, com crescimento nas margens do rio Yangtse na China, país que iniciou o processo de domesticação da cultura por meio do cruzamento natural de duas espécies de soja selvagem. As citações mais antigas são datadas de 2883 e 2838 a.C., quando a soja era considerada um grão sagrado.
A introdução da soja no Brasil aconteceu por volta de 1882, quando o professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia, iniciou os primeiros estudos com a cultura, ainda de maneira experimental. Por volta de 1892, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) começou a pesquisa para obtenção de cultivares aptas à região, porém, somente no início do século XX, o IAC iniciou a distribuição de sementes para difundir a cultura pelo estado de São Paulo. Ainda assim, nessa época, o objetivo do cultivo era voltado à sua utilização como forrageira e em rotação de cultura, ou seja, o interesse maior era na planta e não no grão. Em 1914, o grão foi introduzido no Rio Grande do Sul, devido às condições climáticas parecidas com as regiões produtoras nos Estados Unidos, local de origem das primeiras cultivares.
EVOLUÇÃO DA SOJA BRASILEIRA
Somente na década de 1960 o Brasil começou a ver a soja como um produto comercial, por ser uma opção de cultivo de verão, enquanto o trigo era a principal cultura de inverno no Sul do país. Ao mesmo tempo, ocorria o crescimento da produção de suínos e aves, e consequentemente, o aumento da demanda pelo farelo de soja. Já em meados de 1970, iniciou-se a grande expansão da soja no Brasil, incentivada pela explosão do preço da planta no mercado mundial. O período de escoamento da safra brasileira ocorre paralelamente à entressafra americana, gerando maiores cotações de preços do produto e maior rentabilidade para os produtores brasileiros.
Com essa expansão, viu-se a necessidade de investir em pesquisa e tecnologia para adaptar a cultura às condições brasileiras, permitindo o cultivo em outras áreas do país, e o aumento da produção e da produtividade da cultura. Estes avanços tecnológicos foram importantes para o desenvolvimento da soja e outras grandes culturas na região do Cerrado, principalmente com a migração do cultivo da soja para o Centro-Oeste. Hoje, o Mato Grosso é o líder em produção nacional.
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USOS DA SOJA
O destino da produção do Brasil vai além do seu uso como óleo de soja. Considerando a produção de soja em sua totalidade, cerca de 93 % é destinada para o processamento do complexo de soja (grãos, farelo e óleo de soja), enquanto 7 % são para produtos que englobam a indústria farmacêutica, de cosméticos, adubação, adesivos, tintas, entre outros. Desta forma, a soja é uma das principais commodities mundiais.
Os grãos são utilizados na alimentação humana como matéria-prima na produção de chocolates, molhos, massas, tofu, grãos para saladas e bebidas, além de servir para produção e processamento de farelo e óleo. O farelo é voltado para a nutrição animal, por ser um componente da ração para a alimentação de aves, suínos e bovinos. Por outro lado, a partir do processamento do óleo de soja, tem-se a fabricação do óleo utilizado no preparo de alimentos, margarina, maionese, gordura vegetal, temperos para saladas, além da destinação à indústria de biodiesel, representando 80 % de toda demanda dessa produção no país.
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PRODUTIVIDADE DA SOJA NO BRASIL E NO MUNDO
A produção total de soja no mundo na safra 2020/21, conforme os dados econômicos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), atingiu 362,947 milhões de toneladas em 127,842 milhões de hectares de área plantada.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), no levantamento de maio de 2021, mostram que o Brasil foi o maior produtor mundial de soja na safra 2020/21, ao produzir 3.517 kg/ha em uma área de 38,502 milhões de hectares. Isso significa uma produção de aproximadamente 135,409 milhões de toneladas, ultrapassando a produção do grão nos Estados Unidos, que atualmente é o segundo maior produtor mundial, responsável por 112,549 milhões de toneladas, segundo a USDA.
A produção de soja brasileira está distribuída em vinte estados, porém somente os cinco maiores estados produtores (Figura 2) são responsáveis por aproximadamente 75 % do total produzido na safra 2020/21.
De acordo com as informações disponíveis no levantamento mais recente de acompanhamento da safra brasileira de grãos da CONAB, de setembro de 2021, em um comparativo entre a safra 2019/20 e a safra 2020/21, houve um incremento de 8,9 % em comparação à safra passada, com a produção recorde de 136 milhões de toneladas, mantendo o Brasil como maior produtor mundial da commodity pelo segundo ano consecutivo. Existem ainda perspectivas de crescimento cada vez maiores para o agronegócio da soja no Brasil, consolidando o país como líder mundial de produção também nos próximos anos.
A soja é o principal produto na cadeira de exportação brasileira. Em um apontamento da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (APROSOJA BRASIL) realizado em 2018, cerca de 44 % do total produzido de grãos era exportado na forma in natura, 49 % destinado ao processamento para farelo (79 %) e óleo (21 %) e os 7 % restantes para outros usos. Da porcentagem do processamento para farelo, 52 % é destinado à exportação. Do mesmo modo, da porcentagem do processamento para óleo, 23 % é exportado.
A IMPORTÂNCIA DO MANEJO IDEAL
As boas práticas de manejo na cultura da soja, desde a semeadura até a pós-colheita, aliadas ao constante avanço das tecnologias, são a combinação perfeita para um sistema de produção mais sustentável, que aumenta a renda do produtor e também gera benefícios para toda a sociedade.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a realização de um manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas na cultura é essencial na condução da lavoura. O manejo integrado de pragas pode reduzir de quatro para duas o número de aplicações de inseticidas, em média, o que significa um lucro de duas sacas por hectare. A utilização de resistência genética para o controle de doenças e a atenção ao controle de plantas daninhas – tanto antes quanto depois da emergência da cultura – são também aliados para um bom manejo. Assim, se faz necessária a utilização de diferentes estratégias, nas formas químicas e não químicas.
Pensando em sustentabilidade, maior rentabilidade para o produtor e manejo adequado da soja e demais culturas, a TarvosTM desenvolve soluções automatizadas para o monitoramento de pragas com o uso de inteligência artificial, visando ao controle mais rápido e eficiente.
Sobre a autora:
Thaís Lugli é Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar – CCA Araras). Atualmente trabalha na Tarvos como Analista de Pesquisa na área de Entomologia. Tem interesse por Manejo Integrado de Pragas e acredita que os avanços da tecnologia vieram para revolucionar a agricultura, garantindo maior sustentabilidade e benefícios à sociedade.