Fatores afetam a produção de sementes e como produzir sementes de espécies forrageiras
Neste material, você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Quais fatores afetam a produção de sementes de forrageiras;
- O mercado brasileiro de sementes de forrageiras;
- A legislação para a produção de sementes.
As espécies forrageiras apresentam como principais características o crescimento e o desenvolvimento das plantas voltados à produção de folhas, com máximo valor nutritivo, mínima toxidade, aceitabilidade, oferta de energia e proteína para os animais. A forragem pode ser conservada de forma desidratada ou fermentada; além de proporcionar o corte direto, deve revelar rebrote vigoroso e tolerância ao pisoteio. Da mesma forma, os aparatos fotossintéticos evidenciam e mantêm o acúmulo de reservas, taxas respiratórias, índice de área foliar, carboidratos estruturais e não estruturais, transpiração dos tecidos, absorção de água e nutrientes. No entanto, as espécies forrageiras revelam uma baixa produção de sementes quando comparadas às grandes culturas, devido aos afilhos e às inflorescências não apresentarem sincronia, menor quantidade de inflorescências e sementes viáveis por unidade de área.
Fatores que influenciam a produção de sementes para forrageiras
Alguns fatores podem afetar a produção de sementes de espécies forrageiras nas condições brasileiras, dentre eles podem ser citados os fatores:
- Genéticos: quando o objetivo dos genótipos desenvolvidos é o incremento de forragem e não de sementes por unidade de área;
- Ambientais: regiões com elevadas precipitações ou pluviosidades sazonais, temperaturas do ar e radiação solar limitante podem acarretar em problemas na polinização, colheita e deterioração das sementes no campo;
- Culturais: muitos agropecuaristas produzem suas próprias sementes;
- Agronômicos: precária aplicação dos conhecimentos técnicos existentes, menor disponibilidade de agrotóxicos recomendados, flutuações na atividade agropecuária, perenidade de algumas espécies, custos e riscos de produção.
Algumas peculiaridades são evidenciadas no ambiente de cultivo destinado à produção de sementes das espécies forrageiras, sendo imprescindível observar a época de florescimento das plantas para não prejudicar a formação e a viabilidade das sementes, sendo necessário que ocorra a melhoria das técnicas voltadas à produção da pastagem contemplando os atributos genéticos e agronômicos.
Uma pastagem bem planejada pode viabilizar a produção de forragem, a integração lavoura-pecuária, a produção de feno, a carne e as sementes na mesma área física, possibilitando ao produtor ampliar sua renda. A produção de sementes pode ser incrementada através do planejamento adequado para a espécie de interesse, adubação, aplicação das técnicas desenvolvidas pela pesquisa, tratos culturais bem executados e a colheita.
Mercado brasileiro de sementes de espécies forrageiras
O mercado brasileiro de sementes apresenta-se crescente, principalmente quanto aos gêneros de Brachiaria, Panicum e gramíneas hibernais. No entanto, há algumas restrições quanto às áreas de produção, atividade pecuária que muitas vezes se apresenta competitiva, necessidade de utilizar sementes de alta qualidade para implantar o campo e a carência de assistência técnica de qualidade. Da mesma forma, torna-se necessário compreender a origem e as características da espécie forrageira de interesse, seu ciclo metabólico (C3 ou C4), se tropical ou temperada, se gramínea ou leguminosa.
Condições ambientais para a produção de sementes
As melhores condições para a produção de sementes são obtidas em ambientes onde a precipitação anual aproxima-se de 1500 mm, com estação úmida e seca bem definidas (menor que 400 mm). Exige a presença de práticas agrícolas consolidadas, deve-se compreender o potencial produtivo da área, a pressão de insetos-praga, as doenças e as plantas daninhas, sendo imprescindível que o produtor possua uma unidade de beneficiamento de sementes que atenda aos padrões mínimos de qualidade e às demandas do mercado.
Normas para a produção de sementes de espécies forrageiras
Assim como para os demais programas de produção de sementes de grandes culturas, para as espécies forrageiras, a implantação de um sistema de produção deve conter o Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM), é preciso realizar a inscrição do produtor, do beneficiador, do armazenador, do comerciante, do laboratório de análises, o credenciamento do responsável técnico (RT) e da entidade certificadora de sementes.
O produtor de sementes deve inscrever anualmente os campos de produção no Ministério da Agricultura, responsabilizando-se pela produção, pelo controle da qualidade e pela identidade, obedecer as normas e os padrões estabelecidos, seguir as instruções e as recomendações prescritas nos laudos de vistoria emitidos pelo representante técnico (RT), manter o registro atualizado sobre a produção, comunicar anualmente a previsão de produção encaminhando os mapas de produção ao órgão de fiscalização. As sementes a serem utilizadas devem possuir categoria estabelecida (genética, básica, C1, C2, S1 e S2), contemplar os atributos físicos, fisiológicos, genéticos e sanitários atribuídos pela legislação brasileira (Lei 10.711/2003).
Todo sistema de produção de sementes deve ser submetido a inspeções periódicas dos campos, sendo realizada pelo RT que apresenta laudos e termos de conformidade, bem como, as documentações necessárias.
REFERÊNCIAS
SILVA, J. A. G.; CARVALHO, I. R.; MAGANO, D. A. A cultura da aveia: da semente ao sabor de uma espécie multifuncional. Curitiba PR: CRV, 2020. v. 1000. 404p.
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; NARDINO, M.; VILLELA, F. A.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e produção de sementes de culturas anuais: soja, milho, trigo e feijão. Saarbrücken, Germany: Ommi Scriptum Publishing Group, 2018. v. 50. 229p.
CARVALHO, I. R.; NARDINO, M.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e cultivo da soja. Porto Alegre: Cidadela, 2017. v. 100. 366p.