O solo é a base da sustentação da vida e sua intensa degradação é um dos problemas mais discutidos atualmente no âmbito agrícola, devido ao seu efeito na qualidade dos solos. O fato é que é muito mais fácil preservar o sistema, do que consertá-lo depois. Solos degradados são comumente observados nas lavouras agrícolas (Figura 1) e repercutem em perdas ao sistema e ao agricultor.
O que é qualidade do solo?
Karlen et al. (1997) define a qualidade do solo como a capacidade do mesmo de propiciar, dentro de um sistema natural ou manejado, a produtividade vegetal e animal, manter ou melhorar a qualidade da água e do ar e suportar a saúde humana e habitacional. Entretanto esses conceitos ainda são controversos entre os pesquisadores, pois definições estáticas muitas vezes não conseguem representar o que realmente é a qualidade do solo.
Qual a sua importância?
Os indicadores de qualidade do solo são sensíveis a variações de manejo e clima que ocorrem na área de cultivo. Além disso, ajudam a explicar processos que acontecem no solo e que atuam sobre a produtividade das culturas. Apesar de vários fatores atuarem em conjunto, a definição quantitativa de qualidade tem sido indicada como a capacidade do solo em promover ao sistema radicular condições adequadas ao crescimento e à produtividade das culturas (KARLEN et al., 2003). Desta forma, estimá-la pode ajudar a explicar, por exemplo, a produtividade das culturas de interesse agrícola.
Como a qualidade do solo pode ser estimada?
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A qualidade do solo não pode ser exatamente mensurada, entretanto pode ser estimada, a partir de indicadores. Esses podem ser qualitativos e quantitativos e são passíveis de medição, a qual é importante, pois auxilia no acompanhamento de modificações que ocorrem no solo seja ele em benefício ou não ao sistema de produção.
Indicadores físicos de qualidade do solo
As propriedades físicas estão envolvidas em vários processos no solo, relacionados principalmente ao crescimento radicular, armazenamento e disponibilidade de água e trocas gasosas no seu interior. Podem ser estimadas por meio da determinação de:
- Densidade do solo;
- Estabilidade de agregados;
- Condutividade hidráulica;
- Capacidade de retenção de água;
- Porosidade total;
- Resistência à penetração;
- Textura do solo.
Indicadores biológicos de qualidade do solo
A atividade biológica do solo está relacionada à ciclagem e suprimento de nutrientes. Essa atividade é muito sensível à pequenas perturbações que acontecem no solo, desta forma é a primeira a responder aos manejos adotados e pode ser estimada através das determinações de:
- Fauna do solo;
- Biomassa microbiana;
- Respiração microbiana;
- Atividade enzimática;
- Quociente metabólico;
- Nitrogênio mineralizável.
Indicadores químicos de qualidade do solo
Os indicadores químicos de qualidade do solo estão relacionados diretamente ao armazenamento e disponibilidade de nutrientes e podem ser mensurados através:
- Elementos fitotóxicos;
- Acidez do solo;
- Nutrientes no solo;
- Saturação de bases e alumínio;
- Teor de matéria orgânica;
- Condutividade elétrica do solo.
A produtividade das culturas agrícolas é influenciada diretamente pela qualidade do solo, no entanto, a mensuração desta qualidade não deve levar em consideração atributos físicos, químicos ou biológicos do solo, mas o conjunto dos mesmos, pois a eficiência do sistema baseia-se no comportamento destes três tripés.
A dificuldade de definição de um indicador de qualidade como eficiente e universal impede que muitas comparações entre diferentes solos ou manejos possam ser realizadas. Desta forma, a escolha dos indicadores que devem ser estudados em uma determinada área é um processo que necessita abranger características peculiares da mesma, tais como o tipo de solo, declividade, espécies cultivadas e, dificilmente suprirá as demandas quanto aos processos simultâneos que acontecem no solo. No entanto, fornecerão informações úteis ao agricultor, pois podem auxiliá-lo na tomada de decisão quanto ao manejo a ser empregado, seja ele físico, químico ou biológico.
Referências
KARLEN, D. L.; DITZLER, C. A.; ANDREWS, S. S. Soil quality: why and how? Geoderma, v. 114, n. 3-4, p. 145-156, 2003.
KARLEN, D.L.; MAUSBACH, M.J.; DORAN, J.W.; CLINE, R.G.; HARRIS,R.F.; SCHUMAN, G.E. Soil quality: a concept, definition and framework for evaluation. Soil Science Society America Journal, v. 61, n. 1, p. 4-10, 1997.