Neste material você vai ter acesso a informações sobre Stenocarpella spp. patógeno causador da diplodia em milho, tais como:
- Etiologia
- Epidemiologia
- Sintomatologia
- Estratégias de manejo
A cultura do milho sofre a ação de inúmeros patógenos na lavoura, podendo apresentar lesões tanto em raízes e colmos como em folhas e espigas. Embora, normalmente, a maioria dos patógenos apresente especificidade quanto ao local de infecção, existem aqueles que possuem capacidade de infectar várias partes da planta, como é o caso de Stenocarpella spp.
Etiologia
Dentro do gênero Stenocarpella, destacam-se as espécies Stenocarpella maydis e Stenocarpella macrospora como patógenos específicos de milho. Ambas possuem capacidade de desenvolver-se tanto no colmo, causando a doença chamada podridão por diplodia, como nas espigas, onde causam a podridão branca das espigas.
A espécie S. macrospora ainda pode infectar e desenvolver sintomas sobre folhas de milho, onde origina a mancha de diplodia. Fato este que, aliado ao formato mais alongado e tamanho duas vezes maior das estruturas de infecção (conídios), a diferencia de S.maydis.
Epidemiologia
Temperaturas entre 25 e 30 °C e alta umidade, sobretudo na forma de chuva, favorecem o desenvolvimento das patogêneses. Esses fungos possuem a capacidade de sobreviver sobre restos de culturas na forma de picnídios e nas sementes na forma de picnídios ou de micélio.
A disseminação pode ocorrer pela ação da chuva ou do vento sobre a massa de conídios que é expulsa pelos picnídios em restos culturais ou em lesões oriundas de ciclos primários.
Alta precipitação pluviométrica na época da maturação dos grãos favorece o aparecimento desta doença nas espigas. A evolução da podridão praticamente cessa quando o teor de umidade dos grãos atinge 21 a 22%, em base úmida.
Sintomatologia
No caso da podridão por diplodia, plantas infectadas apresentam lesões marrom-claras próximas aos entrenós inferiores (Figura 1a), nas quais é possível observar a presença de pequenos pontinhos negros, que são as estruturas de frutificação do fungo (picnídios).
No interior do colmo (Figura 1b), o tecido da medula adquire coloração marrom e pode, até mesmo, se desintegrar, mantendo somente os vasos lenhosos intactos, embora também seja possível observar picnídios sobre eles.
Nas folhas, inicialmente ocorrem lesões pequenas e ovaladas, onde pode ser observado o ponto de infecção de cor clara no centro, com anéis concêntricos mais escuros (Figura 2a). Conforme há evolução, tais lesões assumem forma alongada e irregular, podendo alcançar até 15 cm.
Nesta situação, as manchas de diplodia tornam-se semelhantes às lesões causadas por Exserohilum turcicum, porém podem ser distinguidas destas porque, mesmo quando alongadas, mantêm o ponto de infecção, de coloração clara, em algum local da lesão ou, no caso das lesões mais evoluídas, podem ser visualizados picnídios sobre o tecido morto (Figura 2b). Estas estruturas, quando na presença de umidade, extrusão longos cirros de conídios, que atuam como fonte de inóculo para novas infecções.
No caso das espigas, a infecção pode iniciar em qualquer uma das extremidades, porém aquelas que ficam mal empalhadas, com palhas frouxas ou que não se dobram após a maturidade fisiológica são as mais suscetíveis.
Neste local, os sintomas manifestos são grãos de coloração marrom e com baixo peso, além de crescimento micelial branco entre as fileiras de grãos (Figura 3). O aparecimento dos picnídios ocorre, normalmente, na parte interna ou nas palhas de espigas infectadas.
Estratégias de manejo
Como estratégias para o manejo da diplodia, podemos listar a utilização de cultivares resistentes, rotação de culturas (milho é o único hospedeiro), principalmente em áreas onde se utiliza o sistema plantio direto, e tratamento de sementes.
Evitar altas densidades de semeadura. Realizar adubações de acordo com as recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas de milho. As práticas da aração e gradagem quando associadas à rotação de culturas, reduzem significativamente a quantidade de inóculo do patógeno no solo e, consequentemente, a intensidade da doença nas semeaduras subsequentes.