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Início / Interação genótipos x ambientes: efeitos na seleção e posicionamento de genótipos

  • Fenologia e Fisiologia 
  • 23/10/2022

Interação genótipos x ambientes: efeitos na seleção e posicionamento de genótipos

Sumário

Os programas de melhoramento da cultura da soja têm como objetivo o desenvolvimento de genótipos altamente produtivos, que contemplem o máximo de características agronômicas desejáveis, e que os genótipos sejam consistentes nos mais distintos ambientes de cultivo, mantendo desempenho constante em função das modificações impostas por fatores bióticos e abióticos.

A probabilidade de obtenção de um genótipo de soja com tais características é muito restrita, visto que, os genótipos apresentam grande variação em seu desempenho agronômico devido às condições ambientais as quais estão submetidos, sendo este efeito denominado de interação genótipos x ambientes (GxA).

A interação genótipo x ambiente consiste no desempenho diferencial dos genótipos devido às alterações nos ambientes, ou seja, a resposta de cada genótipo é específica e diferente de outro em função das modificações que ocorrem nos ambientes (ALLARD, 1999).

O efeito da interação genótipos x ambientes restringe e dificulta o ganho de seleção e com isso, a recomendação de genótipos superiores para uma extensa região produtora. Dessa forma, é importante aos melhoristas o conhecimento das causas e das consequências dessa interação, sendo possível identificar e interpretar de maneira correta, possibilitando realizar inferências precisas na recomendação de novos genótipos da soja.

Interação genótipos x ambientes

O fenótipo de um indivíduo da soja é determinado por sua constituição genética (genótipo) e pelo efeito do ambiente, dessa forma, o Fenótipo (F) = Genótipo (G) + Ambiente (A), diante disto, o fenótipo é resultado da ação conjunta dos efeitos genotípicos e do ambiente em que a planta está exposta.

Entretanto, existe um terceiro componente nesta equação, correspondendo a um efeito adicional, além dos efeitos genéticos e ambientais, denominado de interação genótipos x ambientes (IGA). Assim, obtém-se uma equação biológica, onde o Fenótipo (F) = Genótipo (G) + Ambiente (A) + Interação genótipos x Ambientes (IGA). O terceiro componente é obtido ao avaliar o desempenho de dois ou mais genótipos da soja em diferentes ambientes de cultivo.

A interação genótipo x ambiente é caracterizada quando o comportamento fenotípico dos genótipos não é consistente nos diferentes ambientes, onde as respostas dos genótipos se modificam devido às alterações que ocorrem de forma intrínseca no ambiente, ou seja, reflete em diferenças quanto à sensibilidade dos genótipos às mudanças do ambiente. A variação da interação é a proporção da variação fenotípica determinada pelos efeitos das interações entre os diferentes genótipos e as diferentes condições ambientais a que esses genótipos foram submetidos (ALLARD, 1999).

O ambiente exerce grande efeito sobre a expressão do fenótipo. Dessa forma, os fatores ambientais afetam os caracteres por meio de diferentes estímulos e mecanismos fisiológicos (FALCONER, 1987). Existem duas condições que contribuem para a interação genótipos x ambientes, sendo a primeira decorrente da variação previsível que inclui as variações ambientais inerentes a cada área de distribuição da cultura. Há também a variação imprevisível, revelada pela sazonalidade da distribuição de chuvas, temperatura do ar e do solo, umidade relativa do ar, incidência de patógenos e insetos-praga, ocorrência de geadas e granizo.

As causas genéticas da interação genótipos x ambientes podem ser atribuídas a fatores fisiológicos, bioquímicos, adaptativos e relativos à escala de representação dos caracteres. Dentre os fatores fisiológicos e bioquímicos que afetam o desempenho do genótipo destaca-se a capacidade de absorção, transporte e uso de nutrientes, competição intra-específica e inter-específica entre plantas, tolerância a herbicidas e alelopatia, eficiência no uso da água, nutrientes e interceptação da radiação fotossinteticamente ativa.

A interação genótipos x ambientes é determinada geneticamente pela variação dos locos em homozigose, heterozigose e pela covariância dos efeitos gênicos destes locos. Isto ocorre quando a contribuição dos genes que controlam o caráter, ou o nível de expressão dos caracteres difere entre os ambientes, visto que a expressão dos genes é regulada e influenciada pelo ambiente.

Quando se realiza estudos visando os caracteres complexos, os quais são controlados por um grande número de genes e influenciados direta e indiretamente pela expressão de outros caracteres de ordem primária ou secundária, evidencia-se que as manifestações desses genes variam entre os ambientes de cultivo.

De acordo com Falconer e Mackay (1996) a correlação genética entre ambientes possibilita comprovar que os genótipos diferem no seu comportamento em função do ambiente. Considerando que o número de genes envolvidos na expressão do caráter, a interação genótipos x ambientes é menos importante para caracteres mono e oligogênicos, pois a expressão desses caracteres é menos influenciada pelo efeito de ambiente, maior herdabilidade e menor número de classes fenotípicas.

A interação genótipo x ambiente afeta o ganho por seleção, tornando-se necessário estimar a magnitude e a natureza desta interação, a fim de avaliar o real impacto da seleção e assegurar o alto grau de confiabilidade na recomendação dos genótipos para um determinado grupo de ambiente. Ao considerar o impacto da seleção ou o ganho por seleção é imprescindível ponderar as estimativas de herdabilidade, que é definida como o quociente entre a variação genotípica e a variância fenotípica.

Dessa forma, é necessário remover as variâncias oriundas dos efeitos da interação genótipos x ambientes, para obter a verdadeira variância genética (ALLARD, 1971). Para isso, realiza-se uma análise de variância cruzada com duas entradas, sendo genótipos x ambientes que fornecerá estimativas da variância genotípica, da variância causada pelos ambientes, e da variância atribuível a interação genótipos x ambientes (FALCONER, 1987).

A capacidade do genótipo em manter o seu desempenho estável frente às alterações no ambiente é denominado de homeostase, ou seja, a capacidade da planta em adaptar suas funções fisiológicas às constantes mudanças do ambiente onde está inserida, de forma a ser menos afetada por estas mudanças. Essa capacidade de manter o seu desempenho é atribuída aos níveis de plasticidade fenotípica para caracteres fisiológicos e morfológicos.

Tipos de interação genótipos x ambientes

O estudo do desempenho agronômico de genótipos da soja em diferentes ambientes (interação genótipos x ambientes) pode resultar em três circunstâncias distintas: ausência de interação; interação simples ou quantitativa; e interação complexa ou cruzada. A identificação e a decomposição da interação que ocorre entre os genótipos e os ambientes apresentam-se fundamental ao melhorista, pois com base nessa resposta é possível elaborar o planejamento, o posicionamento dos genótipos e destiná-los a ambientes específicos, caso exista interação significativa. 

A Figura 1 tem como finalidade representar exemplos hipotéticos que envolvam a interação genótipos x ambientes na cultura da soja. Na figura 1-A, encontra-se uma situação que revela ausência de interação, onde os ambientes promovem as mesmas modificações no desempenho relativo dos genótipos estudados G1 e G2, o que é comprovado quando consideramos as distâncias (d1, d2, d3), as quais são equidistantes estatisticamente, ou seja, d1=d2=d3 e o limite da interação tende a zero.

Figura 1. Representação gráfica hipotética para a interação genótipos x ambientes na cultura da soja, em que A: sem interação; B: interação simples ou quantitativa; C: interação complexa ou cruzada.

Na figura 1-B evidencia-se a presença de interação simples ou quantitativa, sendo está causada por diferenças de variabilidade entre os genótipos nos ambientes, de forma que a posição relativa dos genótipos não é alterada. Pode-se constatar na Figura 1-B que os ambientes A1, A2 e A3 influenciaram de forma diferente o desempenho dos genótipos (G1 e G2), visto que as distância d1, d2 e d3 são diferentes estatisticamente, porém, não houve alteração na ordenação dos genótipos.

A manifestação da interação é consequência exclusivamente da conceituação aditiva do fenômeno e pode ser explicada, pela ação multiplicativa dos ambientes sobre os genótipos. A interação simples é menos problemática para o melhoramento genético de plantas, pois não acarreta em dificuldades na seleção dos genótipos da soja, devido principalmente não haver modificação do ranqueamento dos genótipos.

Na figura 1-C evidencia-se a ocorrência da interação do tipo complexa ou cruzada, neste caso identifica-se a falta de correlação entre o desempenho dos genótipos nos ambientes, ou seja, a inconsistência da superioridade de genótipos devido a variação ambiental. Dessa forma, existem genótipos que apresentam um comportamento superior em um determinado ambiente, mas à medida que se altera as condições do ambiente o desempenho não é mantido, visto que tais características específicas proporcionadas pelo ambiente têm efeito positivo sobre outro genótipo.

Com isso, os efeitos causados pelo ambiente possuem efeitos distintos sobre os genótipos, alterando o ordenamento do desempenho dos genótipos, mesmo em casos que as distâncias d1, d2 e d3 permaneçam equidistantes estatisticamente. A falta de correlação entre os genótipos nos ambientes dificulta a seleção daqueles adaptados, dessa forma, o trabalho do melhorista pode ser comprometido, pois têm que selecionar genótipos específicos para cada ambiente.

O estudo da decomposição da interação em partes simples e complexas consiste em realizar a partição do quadrado médio da interação genótipos x ambientes, e determinar quanto de seus efeitos são oriundos da fração de tipo simples e complexa. Para o estudo da interação genótipos x ambientes e suas decomposições necessita-se atender a pressuposição de ter avaliado no mínimo dois genótipos em dois ambientes, sendo possível assim estimar quanto da variação fenotípica é decorrente da interação.

Referências

ALLARD, R.W. Princípios do melhoramento de plantas. São Paulo: Edgard Blücher, 1971, 381p.
ALLARD, R.W. Principles of plant breeding. 2ªed. New York: John Wiley & Sons, 1999. 254p.
FALCONER, D.S. Introdução à genética quantitativa. Viçosa: Editora UFV, 1987.279p.
FALCONER, D.S.; MACKAY, T.F.C. Introduction to quantitative genetics.4ªed.Longmans Green, Harlow, Essex, UK, 1996, 464p

Foto de Dr. Ivan Ricardo Carvalho

Dr. Ivan Ricardo Carvalho

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria (2014). Especialista em Ciência e Tecnologia de Sementes pela Universidade Federal de Pelotas (2018). Mestre em Agronomia pelo Programa de Pós Graduação em Agronomia, Agricultura e Ambiente da Universidade Federal de Santa Maria (2015). Doutor em Agronomia pelo Programa de Pós Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (2018).Pós Doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes/Plantas de Lavoura através da Universidade Federal de Pelotas (2018/2019). Atualmente é Professor de Agronomia e Medicina Veterinária, Coordenador do Programa de Melhoramento Genético na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - (Linha de Pesquisa Grãos) e Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade.
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