Tecnologia de Aplicação: Compatibilidade de defensivos agrícolas
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Neste material você vai ter acesso a informações de como avaliar e perceber a compatibilidade na mistura de defensivos agrícolas, tais como:
- O que é compatibilidade de defensivos agrícolas
- Qual a ordem de mistura dos defensivos agrícolas
- Quais variáveis devem ser observadas na compatibilidade de defensivos agrícolas
- Como realizar um teste de compatibilidade de produtos na fazenda
Sempre que for realizar a mistura de defensivos agrícolas, é fundamental conhecer a compatibilidade da mistura dos defensivos.
O que é compatibilidade de defensivos agrícolas?
A compatibilidade da mistura de defensivos agrícolas pode ser definida de três formas:
- Efeito aditivo:
Quando misturados, um produto não interfere na eficácia do outro. A eficácia dos produtos aplicados em mistura é a mesma do que se forem aplicados separadamente.
- Efeito sinérgico:
Quando misturados, um produto melhora a eficácia do outro. A eficácia dos produtos aplicados em mistura é maior do que se forem aplicados separadamente.
-Efeito antagonista:
Quando misturados, há incompatibilidade entre os produtos, nesse caso a mistura deve ser evitada. A Incompatibilidade pode ser de duas formas:
- Incompatibilidade física: floculação, separação, precipitação.
- Incompatibilidade química: inativação, degradação de moléculas.
A medição dos valores do Potencial Hidrogeniônico (pH) e da Condutividade Elétrica (CE) da água que será utilizada no preparo da calda, e a da calda pronta (depois da dosagem dos produtos), é muito importante para prever possíveis problemas de incompatibilidade na mistura, sejam elas físicas ou químicas.
Potencial Hidrogeniônico (pH)
O pH das caldas de produtos químicos influencia na eficiência de controle, pois afeta:
- a estabilidade do i.a.
- o grau de dissociação.
pH < 3,5 pode ocorrer a dissociação iônica e precipitação produto com redução solubilidade aumentando riscos de fitotoxicidade;
pH >7,0 pode ocorrer a hidrólise alcalina com degradação do i.a., afetando a vida do Produto.

A influência do pH da calda na eficácia de controle da ferrugem asiática, pode ser observada na Figura 2.

Condutividade Elétrica (CE)
A CE é outra variável importante de avaliar, pois valores de CE altos indicam a presença de grandes quantidades de íons, os quais podem diminuir a eficiência biológica dos produtos.
Na maioria das vezes, há uma relação entre pH e CE da calda, onde caldas com valores de pH muito baixos ou muito altos apresentam alta presença de íons (Figura 3).

Qual a ordem de mistura dos defensivos agrícolas?
De maneira geral, os produtos fitossanitários devem ser adicionados à calda na seguinte ordem:
1° Formulações Pó molhável (WP) e grânulos dispersíveis (WG)
2° Suspensão Concentrada (SC)
3° Óleos emulsificantes e Concentrado Emulsionável (CE)
4° Adjuvantes*
- Surfactantes: modificadores das propriedades dos líquidos;
- Aditivos: afetam a absorção pelas plantas;
5° Fertilizantes foliares quelatizados**
* No caso de água dura (ph>7,0) e/ou herbicidas como glifosato, o redutor de pH pode ser colocado antes.
** Quelatizante são compostos que isolam a carga elétrica e suprimem a reatividade de moléculas e íons, sua função é proteger os nutrientes catiônicos (Ca2+, Mg2+, Co2+, Cu2+, Fe2+, Mn2+ e Zn2+) para que estes fiquem menos sujeitos as reações de precipitação ou de insolubilização.
São compostos utilizados como quelatizantes o:
-EDTA (etilenodiaminotetracetato)
-DTPA (ácido dietileno triamino pentaacético)
-Ácido cítrico
-Ácido fenólico
Como realizar um teste de compatibilidade de produtos na fazenda
O teste básico para avaliar a compatibilidade de produtos é realizar uma pré-mistura dos agroquímicos, nas mesmas proporções que serão adicionadas à calda de aplicação, em um recipiente. Após a dosagem, verificar por 30 minutos se há formação de espuma, decantação, floculação ou qualquer processo de desestabilização da calda.
Para realizar esse teste, é fundamental que os produtos sejam dosados na mesma proporção que será aplicada a campo. Por exemplo, se a dose a ser utilizada do produto “A” é de 1 L.ha-1, e do produto “B” é de 2 L.ha-1, em um volume de calda de aplicação de 100 L.ha-1. Nesse exemplo, ao testar a compatibilidade da mistura dos produtos, deve ser dosado em 1 L de água, 10 mL do produto “A” e 20 mL do produto “B”, para que a calda do teste fique com a mesma concentração dos produtos da calda a ser utilizada no campo.
Esse teste pode ser realizado em tanques de pré mistura (Figura 4), ou em litros PET (Figura 5).


Para saber mais sobre compatibilidade para misturas em tanque, acesse a tabela desenvolvida pela UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e Embrapa Soja, em parceria com a Agro DBO
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