Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre:
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Simbiose;
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Associação micorrízica;
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Micorrizas arbusculares.
Simbiose na agricultura
Entre as inúmeras relações biológicas existentes, destacam-se as associações simbiontes entre plantas e microrganismos heterotróficos. A simbiose pode ser definida como uma associação interespecífica que, normalmente, exerce influência recíproca entre os indivíduos, sendo ela benéfica ou não. As relações de simbiose são diversas.
Podemos citar como exemplo a simbiose do tipo parasitismo, onde um organismo se beneficia do outro, enquanto este outro é prejudicado pela associação. Esse tipo de associação é muito comum na agricultura. Por exemplo, quando fungos provocam doenças radiculares ou foliares em plantas, trata-se de uma simbiose do tipo parasitismo, onde o fungo explora os recursos produzidos pela planta (moléculas de glicose).
Todavia, existe outro tipo de simbiose importante para a agricultura e, muitas vezes, pouco abordada. Trata-se da simbiose mutualística existente entre microrganismos e plantas. Nesse tipo de relação ambos os organismos (planta e microrganismos) são beneficiados. Como exemplo podemos citar a simbiose existente entre fungos micorrízicos e plantas vasculares.
As micorrizas
As micorrizas são as estruturas formadas através da associação de fungos heterotróficos e as raízes das plantas. As plantas hospedeiras produzem exsudatos, que estimulam o crescimento e as ramificações miceliais (o micélio é a parte vegetativa dos fungos) e esta rede micelial beneficia o hospedeiro através do aumento do volume de solo explorando, auxiliando na absorção de água e nutrientes e na tolerância a estresses ambientais (RAMOS et al., 2022).
As micorrizas podem ser classificadas em diferentes grupos conforme sua morfoanatomia: ectomicorrizas (penetram o córtex da raiz e se desenvolvem nos espaços intercelulares), endomicorrizas (com penetração inter e intracelular, sem manto externo) e ectoendomicorrizas (semelhante às ectomicorrizas, porém com penetração intracelular, mantendo o manto externo de hifas) (ANTONIOLLI; KAMINSKI, 1991). As endomicorrizas e ectomicorrizas são os dois grupos mais abordados na agricultura.
As micorrizas arbusculares
Dentro do grupo das endomicorrizas destaca-se os fungos micorrízicos arbusculares (FMA). Os fungos pertencentes a este grupo de micorrizas são exclusivos do filo Glomeromycota, estando associados a mais de 80% das plantas terrestres (BONFANTE; GENRE, 2010) e desta maneira, representando o principal grupo de micorrizas de interesse para a agricultura.
A colonização das raízes por FMA inicia com o crescimento de uma hifa infectiva através de um esporo germinativo (forma de propágulo dos FMA). Estas hifas crescem na região da rizosfera (zona de influência das raízes, que vai de sua superfície até uma distância que varia entre 1 a 3 mm) e ao entrar em contato com as raízes, formam uma estrutura de penetração (apressório) que realiza o processo de infecção.
Após penetrar as raízes, ocorre a colonização do apoplasto e das células do córtex, formando arbúsculos (figura 1), os quais caracterizam-se por estruturas especializadas deste grupo de fungos (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006). Os arbúsculos são estruturas finas e muito ramificadas que formam um meio de troca com o simbionte, aumentando a superfície de contato e permitindo a troca de sinais, nutrientes e compostos orgânicos entre a planta e o fungo.
Figura 1. Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) se desenvolvem a partir de um esporo e formam arbúsculos no interior das células. Os arbúsculos são estruturas que aumentam a superfície de contato com o simbionte, permitindo e favorecendo a troca de sinais, nutrientes e compostos orgânicos entre a planta e o fungo. Fonte: adaptado de Philippot et al. (2013).
Nos próximos materiais será discutido os benefícios para a nutrição vegetal proporcionados pela interação dos fungos micorrízicos arbusculares com as plantas.
Referências
ANTONIOLLI, Z. I.; KAMINSKI, J. Micorrizas. Ciência Rural, v. 21, n. 3, 1991.
BONFANTE, P.; GENRE, A. Mechanisms underlying beneficial plant-fungus interactions in mycorrhizal symbiosis. Nature Communications, 1:48, 2010.
MOREIRA, F. M. de. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do Solo. 2. ed. atual. e ampl. Lavras: Editora UFLA, 2006. 729 p.
PHILIPPOT, L.; RAAIJMAKERS, J. M.; LEMANCEAU, P.; VAN DER PUTTEN, W, H. Going back to the roots: the microbial ecology of the rhizosphere. Nature Reviews Microbiology, v. 11, n. 11, p. 789-799, 2013.
RAMOS, R. F.; BELLE, C.; SOBUCKI, L.; SANTANA, N. A.; PAWLOWSKI, E. Associação de sucesso. Cultivar Grandes Culturas, v. 22, p. 37 – 39, 17 mar. 2022.
Autores:
Estéfany Pawlowski, Eng. Agrônoma, mestranda em Ciência do Solo.
Rodrigo Ferraz Ramos, Eng. Agrônomo, Me. em Ciência do Solo. Pesquisador no Instituto Phytus.