Doenças da aveia
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A aveia é uma cultura muito utilizada no período entressafras, que sofre com algumas doenças semelhantes entre os cereais de inverno como manchas foliares, ferrugem, oídio e carvão.
Oídio
O oídio da aveia (Erysiphe graminis f. sp. avenae) é extremamente raro, não tendo importância à cultura. Quando ocorre, é identificado pelas frutificações brancas do patógeno sobre as folhas basais, bainhas e colmos. A epidemiologia e controle são semelhantes aos do oídio do trigo (FORCELINI & REIS, 1997).
Figura 1 – Oídio em aveia-preta.
Manchas foliares
A mancha foliar causada por Drechslera avenae é conhecida como helmintosporiose e é uma doença comum da aveia. Os sintomas caracterizam-se por manchas foliares largas, elípticas ou oblongas, de coloração marrom ou roxa (Figura 2). As lesões se difundem pelo limbo foliar, coalescendo e, eventualmente, necrosando todo o tecido. Sob condições favoráveis, o fungo avança para as brácteas e panículas, estabelecendo-se nos grãos, onde permanece de um ano para outro (FORCELINI & REIS, 1997).
O patógeno sobrevive em restos culturais, sementes infectadas e plantas voluntárias. Como medidas de controle, recomenda-se a eliminação de plantas voluntárias, a rotação de culturas e o uso de sementes sadias e tratadas, sendo desnecessário e anti-econômico o controle químico na parte aérea (FORCELINI & REIS, 1997).
Figura 2 – Drechslera em aveia.
A mancha marrom, causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana, ocorre principalmente nas regiões tritícolas mais quentes do país (Figura 3). Pode ser encontrada em trigo, cevada, centeio e triticale. Os sintomas iniciais são lesões necróticas pardas nas primeiras folhas, em consequência da transmissão a partir das sementes (FORCELINI & REIS, 1997). A mancha marrom pode ocorrer em qualquer parte ou estádio de desenvolvimento da planta. Nas folhas, as manchas são de formato oval ou alongadas, se caracterizam por possuírem uma coloração marrom, variando de pardo a escuro, quase pretas, circundadas por halo amarelo. No centro das manchas observa-se os conidióforos e os conídios do fungo. As lesões podem coalescer e as folhas morrem. (FERNANDES & PICININI, 1999).
Figura 3 – Mancha-marrom (Bipolaris sp.) em aveia.
Ferrugem da folha
A ferrugem da folha é a moléstia que ocorre com maior intensidade, causando maiores prejuízos e sendo fator limitante ao desenvolvimento da cultura. A ferrugem da folha é causada pelo fungo Puccinia coronata f. sp. avenae, um parasita biotrófico, sobrevivendo principalmente, através da infecção de plantas voluntárias que permanecem no campo após a época da colheita (FERNANDES & PICININI, 1999). É uma doença policíclica que completa seu ciclo em 7 a 10 dias em regiões com períodos de molhamento foliar de 6 horas e temperaturas médias entre 16 a 18 ºC (MATZENBACHER & MICHEL, 1999).
Os sintomas da ferrugem nas plantas de aveia são facilmente observados através de pústulas amarelo-alaranjadas, distribuídas principalmente na lâmina das folhas (Figura 4), podendo ocorrer também nas bainhas foliares, no colmo e nas espiguetas, quando a infecção for muito severa. A infecção tem início na fase de perfilhamento, podendo prolongar-se até a maturação (MATZENBACHER & MICHEL, 1999).
Nas pústulas são produzidos os uredosporos, que ficam expostos quando a epiderme se rompe. Os uredosporos são unicelulares de forma esférica ou ovalada, de coloração amarelo-laranjada e diâmetro de 20-32 µm. Os uredosporos são facilmente disseminados pelas plantas, germinam em temperaturas de 2 a 33 ºC, com ótimo entre 18 a 22 ºC, e umidade relativa de 100% (FORCELINI & REIS, 1997). Em regiões de clima quente, o fungo persiste, de uma estação para outra, através da contínua produção de uredósporos. Posteriormente ocorre nas pústulas a formação dos teliosporos. Os teliosporos são esporos bicelulares, que apresentam células apicais escuras, largas e com projeções em forma de coroa. Estes esporos também são chamados de esporos de final de ciclo, pois aparecem quando a planta está em processo de senescência, e sobrevivem nos restos culturais do hospedeiro (FORCELINI & REIS, 1997).
Figura 4 – Ferrugem da folha (pústula) e Dreschlera em aveia.
Figura 5 – (A): Mancha-marrom (Bipolaris sorokiniana); (B): ferrugem da folha (Puccinia coronata); (C): ferrugem da folha (Puccinia coronata) e Drechslera em folhas de aveia.
Carvão da aveia
O patógeno Ustilago avenae, agente causal do carvão da aveia sobrevive na forma de teliósporos no solo e micélio dormente no interior da semente. Os carvões são facilmente reconhecidos pelos sinais dos patógenos, que consistem em massas escuras de teliósporos localizadas nos espaços destinados à formação dos grãos (Figura 6). Estas massas tornam-se visíveis à medida que o tegumento que as envolve se abre para permitir a liberação dos esporos. Os esporos são facilmente disseminados pelo vento ou pela água de chuva (FORCELINI & REIS, 1997). A doença completa seu ciclo quando os esporos atingem as espiguetas sadias. O carvão da aveia é propagado por meio das sementes. Condições de alta umidade favorecem o desenvolvimento desta doença. Controle: uso de variedades resistentes, entretanto, as aveias pretas são as mais susceptíveis (PRIMAVESI et al., 2000).
Figura 6- Panícula de aveia atacada por carvão.
Referências:
FERNANDES, J. M.; PICININI, E. C. Controlando as doenças de trigo na hora certa, 1999. (Comunicado técnico online, 22).
FORCELINI, C.A.; REIS, E.M. Doenças da aveia (Avena spp). In:Kimati, H.; Amorim, L.; Bergamin Filho, A.; Camargo, L.E.A.; Rezende, J.A.M. (Eds.) Manual de Fitopatologia. Volume 2: Doenças das plantas cultivadas. 1997. p.105–113.
MATZENBACHER, R.G.; MICHEL, C.L Doenças. In: A cultura da aveia no sistema plantio direto. Coord., Matzenbacher, R.G. Cruz Alta: FUNDACEP FECOTRIGO, 1999. p.143-158.
PRIMAVESI, A. C.; RODRIGUES, A. de A.; GODOY, R. Recomendações técnicas para o cultivo de aveia. Embrapa Pecuária Sudeste. Boletim de pesquisa, 2000.
REIS, E.M.; CASA, R.T. Cereais de inverno. In: _____ et al. Controle de doenças de plantas: grandes culturas. Brasília, DF: Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1997. V.2, p.231-289.
REIS, E.M.; CASA, R.T. Doenças dos cereais de inverno: diagnose, epidemiologia e controle. 2.ed. Lages: Graphel, 2007. 176p.
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