Os fungos representam a maior parcela de organismos utilizados no controle microbiano de insetos no mundo. Devido a capacidade de causar doenças nesses organismos, são chamados de fungos entomopatogênicos. Os fungos entomopatogênicos podem ser considerados uma ferramenta eficaz no Manejo Integrado de Pragas (MIP). Estes organismos têm a capacidade de infectar uma ampla gama de insetos hospedeiros, e atuam em todos os estádios de desenvolvimento dos insetos: ovos, larvas, pupas, ninfas e adultos. A contaminação do inseto pode acontecer via tegumento, oral ou via sistema respiratório, de 12 a 18 horas após o contato com o fungo e em aproximadamente 72 horas o inseto pode estar totalmente colonizado.
A habilidade dos fungos entomopatogênicos germinarem na cutícula do hospedeiro permite que esses organismos resistam melhor as condições adversas do ambiente após a infecção, e dependam assim das condições que o inseto irá oferecer. A infecção via tegumento é a principal forma de contaminação.
Os fungos entomopatogênicos ocorrem naturalmente no ambiente e atuam como reguladores de populações de insetos. O que acontece na agricultura é que esses fungos não ocorrem em quantidades suficientes para manter pragas abaixo de nível de dano econômico, e além disto, são prejudicados por algumas práticas de manejo comumente adotadas.
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A grande maioria dos estudos com estes organismos buscam potencializar o controle biológico aplicado (inundativo), já que raramente os fungos entomopatogênicos ocorrem naturalmente em densidades capazes de controlar insetos em áreas cultivadas. Um dos casos mais conhecidos e de sucesso do controle biológico pela utilização de fungos no Brasil, foi o uso do fungo Metarhizium anisopliae no controle de Mahanarva fimbriolata (Cigarrinha-das-raízes), importante praga na cultura da cana-de-açúcar.
O uso de fungos entomopatogênicos em cultivos agrícolas exige atenção com diversas variáveis, como a temperatura, radiação ultravioleta e umidade, dentre outros. Para alguns fungos, como a Beauveria bassiana, a temperatura é um fator determinante para a infecção. As temperaturas ideais para este organismo situam-se entre 23 °C a 28 °C e fora deste intervalo pode ocorrer a paralisação do crescimento fúngico. A umidade também é um fator importante para germinação dos esporos, mas isto não é verdade absoluta, pois nem todos os fungos precisam de umidade relativa alta para germinar.
Desta forma, a aplicação deste controle deve seguir uma série de preceitos, para que o fungo possa expressar sua máxima eficiência e o resultado desejado seja obtido. Os produtos biológicos apresentam algumas vantagens importantes no controle de pragas, como o tempo de atuação prolongado na área de cultivo. A chave de todo este processo é criar um ambiente de cultivo infeccioso, buscando a atuação dos fungos entomopatogênicos nos primeiros insetos que podem se estabelecer na lavoura, o que previne o aumento descontrolado de pragas no ambiente de cultivo.
Referências
JARONSKI, S. T. Ecological factors in the inundative use of fungal entomopathogens. BioControl, v. 55, n. 1, p. 159-185, 2010.
LACEY, L. A. et al. Insect pathogens as biological control agents: back to the future. Journal of Invertebrate Pathology, v. 132, p. 1-41, 2015.
SHILELDS, M. W. et al. History, current situation and challenges for Conservation biological control. Biological Control, 2018.