Na agricultura, o que conseguimos manejar?
Você já parou para pensar em quantos fatores interferem e são decisivos na agricultura? Para Pires e Santos (2015), 52 fatores exercem influência sobre o crescimento e o desenvolvimento das culturas. Destes, 45 podem ser controlados pelos produtores rurais, e são muito importantes para que altas produtividades sejam alcançadas. Um destes fatores é a forma como o solo é manejado. Dentre os manejos de solo que podem ser adotados para o cultivo do trigo, o plantio direto é o mais escolhido pelos produtores.
Sistema de plantio direto
O sistema de plantio direto é uma prática conservacionista, sendo conceituado como um complexo de processos tecnológicos voltados à exploração de lavouras, que mobiliza o solo somente na linha de semeadura. Este sistema também mantém o solo sempre coberto, com elevada diversificação de espécies cultivadas via rotação, consorciação e/ou sucessão de culturas e redução do intervalo entre colheita e semeadura, mediante adoção do processo colher–semear. Ou seja, este sistema busca a menor perturbação possível do solo.
Vantagens de conservar o solo
Muitos estudos apontam para melhores resultados produtivos quando este sistema de manejo de solo é adotado em detrimento do cultivo convencional, por exemplo, que consiste no revolvimento frequente de solo, com arações e gradagens. Silva et al. (2008) concluíram que a adoção do plantio direto, de forma geral, interferiu positivamente nas respostas das cultivares de trigo, evidenciando os benefícios do sistema.
A adoção de práticas conservacionistas do solo também modifica as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, influenciando a composição da comunidade microbiana e a estabilidade do sistema produtivo como um todo. Barbieri et al. (2019) concluíram que a adoção do plantio direto não escarificado associado à rotação de culturas contribui para um aumento nos valores de biomassa microbiana, da atividade enzimática e de estoque de carbono no solo.
Assim, promover a conservação do solo pela adoção das premissas do sistema de plantio direto, mantendo o solo sempre coberto e promovendo uma rotação de culturas, beneficia todo sistema agrícola, incluindo a microbiota do solo, promovendo melhores resultados produtivos.
Referências
BARBIERI, M. et al. Ensaio sobre a bioatividade do solo sob plantio direto em sucessão e rotação de culturas de inverno e verão. Revista de Ciências Agrárias, v. 42, n. 1, p. 122-130, 2019.
PIRES, J. L. F.; SANTOS, H. P. Preparo do solo e plantio. In: Trigo: do plantio à colheita. Passo Fundo/RS: Embrapa Trigo, 2015. p. 73-90. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/128604/1/ID-43068-2015-trigo-do-plantio-a-colheita-cap4.pdf. Aceso em: 11 maio 2021.
SANTI, A.; FAGANELLO, A.; DENARDIN, J. E. SILVA JUNIOR, J. P.; WIETHOLTER, S. Manejo e conservação de solo. Ed. Pires, J. L. F. Sistemas de produção: cultivo de trigo. Embrapa Trigo. 5. Abr. 2014.
SILVA, M. R. R. et al. Cultivares de trigo sob manejos de solo e água, na região de cerrado. Ciência Rural, v. 38, n. 4, jul. 2008.