Este material vai abordar os seguintes tópicos:
- Danos
- Identificação e Ciclo
- Manejo
A traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) é uma praga muito importante no cultivo das Brássicas, pois causa danos ao produto final. Considerada uma das pragas de maior dificuldade de controle no mundo. Estima-se que os custos para o controle de traças-das-crucíferas podem chegar a US $ 5 bilhões anuais (ZALUCKI et al., 2012).
Além disso, é caracterizada por possuir vários casos de resistência no mundo, o que dificulta ainda mais seu controle (WANG e WU, 2012). É uma espécie cosmopolita, que apresenta rápida dispersão, altamente migratória, e com elevada capacidade reprodutiva. Os cultivos de couve couve-flor, brócolis e repolho são mais afetados pela ocorrência de P. xylostella.
Danos
As lagartas no início de seu desenvolvimento se alimentam do mesófilo foliar, depois passam a se alimentar da epiderme e causam perfurações. Em infestações mais severas toda a folha pode ser perdida. Isso faz com que o produto fique impróprio a comercialização.
Além das folhas, as larvas consomem as partes mais esverdeadas do caule, que pode levar a planta a morte. Na cultura do repolho, a produtividade pode ser reduzida em mais de 95% (CZEPAK et al., 2005). Devido ao hábito alimentar das larvas, que ficam protegidas na parte iferior das folhas, o que dificulta ainda mais seu controle. Os adultos não causam danos.
Biologia e Ciclo
Os adulos tem coloração marrom, com duas antenas bem visíveis, medem cerca de 15 mm. Devido a esse tamanho reduzido podem ser facilmente dispersados pelo vento. Os ovos são achatados com coloração amarela ou verde-clara, podem ser vistos idividualmente ou em grupos de até 10 ovos, que são encontrados na parte superior ou inferior das folhas.
As lagartas possuem 5 pares de pré-pernas, podem ter até 10 mm de comprimento, sua coloração varia de verde a verde clara (Figura 2). Além disso, pequenos pelos dispersos podem ser vistos em sua superfície. A pupa tem cerca de 6 mm, é caracterizada por apresentar casulo de seda (Figura 3). Com a proximadade da eclosão tornam-se mais escuras.
O ciclo de vida e a longevidade dos adultos da traça-das-crucíferas é depende da temperatura e da cultura (Tabela 1).
As larvas passam por quatro estádios (Figura 4). As femeas são muito férteis, durante seu ciclo de vida podem colocar cerca de 350 ovos. Menos de 2% desses ovos são considerados inférteis. Nos períodos de chuva a população da praga no campo diminui, pois os ovos e larvas caem das folhas no chão e a maioria morrem.
Manejo
O manejo de traça-das-crucíferas depende de uma série de medidas de controle, que devem ser usadas em conjunto. Desta forma, o uso de somente uma medida de controle pode ser ineficiente no controle desta praga.
- Controle cultural
- O controle cultural inicia pela escolha da cultivar;
- Em locais com muita infestação recomenda-se o uso de cultivares com ciclo mais curto;
- Uso de mudas sadia e vigorosas;
- A rotação com culturas com plantas não hospedeiras é importante, pois possibilita que o ciclo da praga seja interrompido.
- Controle químico
- É importante no controle químico que sejam usados de inseticidas seletivos, para preservação dos inimigos naturais.
- Devido a elevado serosidade que as folhas das brássicas apresentam, é importante o uso de espalhantes adesivos, para melhor cobertura do produto, para que assim atinjam as lagartas.
- Devido aos inúmeros casos de resistência a inseticidas é fundamental a rotação de princípios ativos.
- Controle biológico
- O controle biológico pode ser uma alternativa eficiente no manejo de traça-das-crucíferas;
- Existem mais de 30 potenciais agentes biológicos da traça-das-crucíferas conhecidos na literatura;
- No Brasil existem biopodutos a base de Bacillus thuringiensis, com ação em lagartas;
- A microvespa Trichogramma spp, também pode ser uma boa alternativa;
- O início do controle deve ser feito assim que as primeiras lagartas forem encontradas na área de cultivo.
Referências
CZEPAK, C.; FERNANDES, P. M.; SANTANA, H. G. TAKATSUKA, F. S.; ROCHA, C. L. Eficiência de inseticidas para o controle de Plutella xylostella (Lepidoptera: Plutellidae) na cultura do repolho (Brassica oleracea var. capitata). Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 35, n. 2, p. 129-131, 2005.
GOLIZADEH, A. et al. Effect of temperature on life table parameters of Plutella xylostella (Lepidoptera: Plutellidae) on two brassicaceous host plants. Journal of Asia-Pacific Entomology, v. 12, n. 4, p. 207-212, 2009.
ZALUCKI, M. P.; SHABBIR, A.; SILVA, R.; ADAMSON, D.; SHU-SHENG, L.; FURLONG, M. J. Estimating the economic cost of one of the world’s major insect pests, Plutella xylostella (Lepidoptera:Plutellidae): just how long is a piece of string? Journal of Economic Entomology, Lanham, v. 105, n. 3, p. 1115–1129, 2012.
WANG, X.; WU, Y. High levels of resistance to chlorantraniliprole evolved in field populations of Plutella xylostella. Journal of Economic Entomology, Lanhan, v. 105, n. 3, p. 1019-1023, 2012.
4 respostas
Olá gostaria de saber qual a variedade de couve e repolho tem resistência a traça das cruciferas?
Olá Maria, tudo bem?
Existem cultivares mais resistentes à traça que outras, neste artigo os autores compararam diferentes cultivares e obtiveram resultados interessantes que podem te ajudar. Acesse aqui.
Esperamos ter ajudado!
Abraços!
Estou tentando combater um ataque severo de traças na produção de couve folha, repolho e brócolis, aqui na região dos Campos Gerais, no Paraná. Estou usando Azadiractina como princípio ativo, que funcionou inicialmente, porém senti que o ataque está intensificando. Podem me sugerir manejos??
Olá Vanderlei, tudo bem?
Para manejo da traça, você pode adotar práticas culturais, inseticidas e medidas de controle biológico, como traz o artigo.
A rotação com culturas com plantas não hospedeiras pode ser relevante no cenário que você traz, pois possibilita que o ciclo da praga seja interrompido. No controle biológico, biopodutos a base de Bacillus thuringiensis ou o uso da microvespa Trichogramma spp, podem ser uma boa alternativa. No controle químico, existem vários produtos registrados e a aplicação deve ser realizada de forma racional e com inseticidas seletivos, respeitando período de carência de cada produto e realizando a rotação de ingredientes ativos com diferentes modos de ação para retardar ou evitar o aparecimento de populações resistentes. No site AGROFIT você pode consultar todos os inseticidas registrados.
Outro ponto importante que você deve observar é a tecnologia de aplicação, pois, devido à cerosidade das folhas de brássicas é recomendado adicionar adjuvantes para aumentar a área de cobertura e a aderência dos produtos nas folhas. Além disso, o volume de calda utilizado para pulverização é bastante elevado para aumentar o molhamento foliar, sendo muitas vezes realizada uma pulverização dirigida na linha de cultivo.
Esperamos ter ajudado!
Abraços!