Com uma previsão de aumento para 8 bilhões de pessoas no mundo em 2050, o cenário atual da agricultura exige aumento da produção de alimentos pensando na segurança alimentar de toda a população. Além disso, temos enfrentado alguns desafios relacionados com as condições climáticas que podem comprometer a produtividade e, consequentemente, afetar o abastecimento de alimentos em todo o globo.
Para ajudar a resolver esse problema temos um grande avanço tecnológico acontecendo nos últimos anos que conecta a agricultura com a internet das coisas, melhora a coleta de dados para tomada de decisão e os manejos que serão adotados, permitindo realizar o controle ideal de pragas, fornecer água e nutrientes na quantidade adequada. A tecnologia vem com a intenção de verticalizar a produção, ou seja, usar a mesma área para produzir cada vez mais.
Principais tendências do agronegócio
Os avanços tecnológicos têm contribuído para que os agricultores e os agrônomos entendam as lavouras cada vez com mais detalhes, contribuindo com a tomada de decisão que impacta diretamente a produtividade no campo. Conhecer as características do solo, das plantas e do ambiente onde se está realizando o cultivo é essencial, porque dessa maneira consegue otimizar o uso de insumos, reduzir a quantidade de defensivos e saber o momento certo para aplicação, garantindo melhores resultados. Confira algumas das principais tendências tecnológicas para o agronegócio em 2025.
Robótica
A robótica é um ramo da engenharia que tem como objetivo conceber robôs capazes de realizar atividades repetitivas a fim de otimizar o trabalho, melhorando a produtividade e reduzindo a carga de trabalho ao ser humano. Essa ciência tem revolucionado a agricultura, fornecendo mais precisão, eficiência e sustentabilidade no campo, participando de toda cadeia produtiva, desde o plantio até a colheita.
Atualmente os robôs na agricultura podem realizar algumas atividades, como:
- distribuir sementes em profundidades e espaçamentos ideais a fim de garantir a germinação e o desenvolvimento das plantas;
- identificar e eliminar plantas daninhas, reduzindo o uso de defensivos;
- identificar frutos maduros para a colheita de maneira delicada, reduzindo danos no produto que podem comprometer o seu valor;
- monitorar as condições do ambiente, do solo e da planta para entregar dados em tempo real;
- aplicar insumos de maneira otimizada, apenas onde é realmente necessário, evitando o desperdício e reduzindo os custos.
Essa aplicação da robótica traz diversos benefícios, como o aumento da produtividade, qualidade, eficiência e precisão das tarefas, além da redução dos custos pela otimização do uso dos insumos. Também contribui para a sustentabilidade do agronegócio pela redução do uso de defensivos e pode reter mais jovens talentos no campo, atraídos pela tecnologia e inovação.
Porém, alguns desafios podem se interpor entre a inovação da propriedade através dos robôs, principalmente pelo custo de aquisição aos pequenos agricultores e a necessidade de ter conectividade para o funcionamento.
Veja abaixo o que podemos esperar da robótica para 2025:
- aumento da autonomia para trabalhar em ambientes complexos, reduzindo a intervenção humana na tomada de decisão;
- integração com outras tecnologias para entregar soluções mais completas e eficientes;
- produção de robôs menores e que tenham mais agilidade para trabalhar em ambientes pequenos, como estufas;
- especialização do desenvolvimento dos robôs para determinadas culturas e tarefas que precisam desempenhar;
- trabalho conjunto de máquinas e o homem no campo, complementando as habilidades para aumento da produtividade.
Inteligência artificial
A Inteligência Artificial (IA) é um campo da informática que cria programas e mecanismos inteligentes, utilizando algoritmos e técnicas de aprendizado de máquina (machine learning) para analisar uma grande quantidade de dados, identificar padrões e tendências a fim de resolver problemas com rapidez e precisão.
Na agricultura, a Inteligência Artificial pode ser utilizada em diversas áreas para aumentar a eficiência e produtividade, como por exemplo:
- analisar imagens de satélite ou obtidas por drones para identificar problemas nas culturas em estágios iniciais;
- fazer a previsão de produção pela análise de dados históricos, climáticos e do solo para determinadas culturas;
- contribuir com a tomada de decisão e o planejamento da lavoura;
- otimizar a irrigação através da combinação de sensores de umidade do solo e condições climáticas para fornecer água na quantidade e momento corretos;
- monitorar a presença de pragas e doenças logo no seu início para um uso mais eficiente de defensivos;
- desenvolver novas cultivares que sejam mais adaptadas ao ambiente e a presença de pragas e doenças, entregando maior produtividade.
A utilização da Inteligência Artificial na agricultura permite uma tomada de decisão mais precisa, aumentando a produtividade e reduzindo os custos pela otimização do uso dos recursos e insumos na lavoura. Isso tudo torna a atividade mais sustentável no longo prazo. A implementação da IA exige investimentos em máquinas e no treinamento dos colaboradores, além de ser preciso garantir a qualidade dos dados que foram coletados no campo, e a privacidade e segurança das informações.
Para 2025 espera-se alguns avanços no uso da inteligência artificial na agricultura, como por exemplo:
- maior integração da IA com a agricultura de precisão para otimização do uso dos insumos;
- uso no desenvolvimento de robôs agrícolas autônomos que conseguem tomar decisões complexas em tempo real;
- criação de modelos digitais de fazendas para testes de tecnologias antes da implementação;
- predição de eventos futuros, como as condições climáticas e presença de pragas e doenças, permitindo maior planejamento aos agricultores;
- personalização das soluções de acordo com as características da propriedade e as necessidades dos produtores rurais.
Drones agrícolas
A demanda de drones no Brasil tem aumentado principalmente por conta do agronegócio. Nos primeiros cinco meses de 2024 foram importados US$16 milhões em drones, um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2023. Isso mostra a relevância do país na aquisição desses equipamentos, garantindo que o monitoramento das lavouras seja mais preciso e eficiente, melhorando a gestão do negócio.
Os drones podem ser equipados com câmeras de alta resolução e sensores multiespectrais que fazem um mapeamento detalhado da lavoura, permitindo identificar deficiências nutricionais, presença de pragas e estresse hídrico. Os drones também podem ser utilizados para:
- aplicação de fertilizantes e defensivos
- distribuição de sementes;
- aplicação de pólen em locais que possuem redução dos polinizadores naturais;
- liberação de agentes de controle biológico, como Trichogramma spp. na cana-de-açúcar;
- inspeção da infraestrutura, como cercas e sistemas de irrigação.
O uso dos drones na agricultura melhora a precisão na tomada de decisão e impacta diretamente na produtividade da lavoura, reduzindo os custos de produção e otimizando o uso dos insumos. Porém, é importante considerar que o custo de aquisição e a conectividade são dois gargalos que ainda representam desafios para alguns produtores.
Para 2025 espera-se a obtenção de drones agrícolas cada vez mais autônomos, realizando voos programados e que tomem decisões simples sem intervenção humana. Além disso, podemos esperar alguns avanços como:
- integração com outras tecnologias (IA e internet das coisas) para entrega de soluções completas e eficientes;
- desenvolvimento de drones menores e mais leves que consigam sobrevoar áreas de difícil acesso, como estufas e áreas montanhosas;
- aumento da autonomia das baterias para voos mais longos;
- regulamentação específica que vai facilitar a operação e expansão dessa tecnologia.
Agricultura de precisão
A agricultura de precisão (AP) utiliza tecnologias avançadas como GPS, sensores, imagens de satélite, drones, radares meteorológicos e softwares de análise de dados para fazer a gestão individual de cada parte da propriedade, entregando apenas o que é necessário às plantas (não mais nem menos).
O uso da agricultura de precisão permite realizar um mapeamento da variabilidade das áreas, detalhando informações do solo e, a partir disso, realizar a aplicação de fertilizantes, defensivos e sementes em doses variáveis, de acordo com a capacidade de carga do solo. Ela também permite a coleta de dados para análise e tomada de decisão mais informada, otimizando diversos pontos da cadeia produtiva, como o uso dos recursos e insumos, a gestão do fornecimento de água e o monitoramento do desenvolvimento das plantas.
A prática da agricultura de precisão aumenta a produtividade pelo fornecimento adequado de nutrientes e água para as plantas, além de ajustar a população da cultura de acordo com a capacidade de carga do solo. Isso contribui para reduzir os custos, tornando a atividade mais sustentável no longo prazo e permitindo que as propriedades sejam mais competitivas no mercado global. Porém, pode ter um custo elevado de implantação para os agricultores, pois exige capacitação dos envolvidos e melhoria da conectividade das propriedades.
Para 2025, o que podemos esperar da agricultura de precisão?
- Integração com IA, robótica e internet das coisas para entrega de soluções mais completas aos agricultores;
- aumento da conectividade entre máquinas, sensores e sistemas de gestão que ajudam no monitoramento da atividade em tempo real;
- criação de soluções personalizadas para atender as necessidades de cada agricultor;
- otimização dos insumos e dos recursos;
- melhoria na acessibilidade da AP para pequenos e médios produtores através de soluções simples e com custo reduzido.
Agricultura regenerativa
A agricultura regenerativa está relacionada com práticas sustentáveis, como rotação de culturas, adoção do sistema de plantio direto, utilização de práticas mecânicas, edáficas e vegetativas para reduzir a erosão e a realização a semeadura em nível. A aplicação dessas práticas reduz o impacto da atividade agrícola na parte física, química e biológica do solo, garantindo sua sustentabilidade ao longo do tempo.
A adoção desses manejos visa a melhorar a qualidade do solo, sua estrutura e fertilidade, permitindo a ciclagem de nutrientes, a redução do uso de insumos e a promoção da diversidade do solo, principalmente com microrganismos benéficos para o desenvolvimento das plantas. A rotação de culturas e o uso de cobertura vegetal melhora a retenção de água no solo pela maior presença de matéria orgânica, aumenta o sequestro de carbono e reduz a erosão, porque o impacto da água no solo é menor com o solo coberto.
Para 2025 espera-se o aumento da prática da agricultura regenerativa, além de alguns avanços como:
- integração com tecnologias, como sensores, drones e inteligência artificial;
- certificações que permitem aumentar o valor agregado dos produtos comercializados;
- políticas públicas de incentivo às práticas regenerativas, como apoio financeiro e capacitação das pessoas envolvidas;
- pesquisa e desenvolvimento para gerar novas tecnologias e conhecimento, a fim de aprimorar as práticas no campo e contribuir com a produtividade.
Perspectiva de produtividade no agronegócio para 2025
As perspectivas para a produção das principais culturas brasileiras em 2025 são bastante positivas, com projeções de crescimento e recordes de produção. No entanto, é importante ressaltar que diversos fatores podem influenciar esses resultados, como condições climáticas, políticas agrícolas, demanda internacional e avanços tecnológicos. Confira algumas projeções para 2025, conforme dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento):
Soja
A área cultivada de soja tem previsão de aumento de 2,8% para a safra 24/25 em relação à safra passada, e a produção estimada é de 166,05 milhões de toneladas, mesmo com o atraso da semeadura na região Centro-Oeste por conta da falta de chuvas na abertura da janela de plantio.
A demanda global por soja, principalmente para alimentação animal e produção de biodiesel, continua forte, incentivando o aumento da produção. As exportações estão projetadas para 105,54 milhões de toneladas, especialmente para a China.
Milho
O milho também deve apresentar um bom desempenho, com crescimento da produção impulsionado pelo aumento da área plantada e pela demanda interna para alimentação animal e produção de etanol. Estima-se a colheita em cerca de 119,74 milhões de toneladas cultivadas numa área de 21 milhões de hectares.
As exportações para 2025 estão projetadas em 34 milhões de toneladas e a demanda brasileira continua aquecida por conta do desempenho na exportação de proteína animal e produção de etanol.
Cana-de-açúcar
A estimativa de colheita da cana-de-açúcar para a safra 24/25 é de 678,67 milhões de toneladas, uma redução de 4,8% em relação à safra anterior. Porém, a área de cultivo aumentou 4,3%, totalizando 8,7 milhões de hectares. Essa redução da produtividade está relacionada com as condições climáticas adversas, como altas temperaturas e baixa disponibilidade hídrica, além das queimadas que afetaram os canaviais da região Centro-Sul, responsável por 91% da produção nacional.
Mesmo com a redução da produtividade, as exportações de açúcar estão projetadas em mais de 23,1 milhões de toneladas e com preço reduzido por conta do aumento da oferta do produto pela Tailândia, China e Índia. A exportação de etanol caiu para 25,3%, mantendo a Coreia do Sul como principal destino.
Algodão
O algodão brasileiro tem apresentado um bom desempenho nos últimos anos e a expectativa é de que essa tendência se mantenha em 2025. A demanda global por fibras naturais e a valorização do produto no mercado internacional são fatores que impulsionam a produção. A estimativa é de aumento da área semeada em 2,9%, totalizando 2 milhões de hectares e a produção de 3,67 milhões de toneladas de pluma.
Feijão
Estima-se um aumento da área semeada de feijão, saindo de 2,86 para 2,88 milhões de hectares. A produtividade total para os três ciclos de cultivo é de 3,26 milhões de toneladas, representando um aumento de 0,5% em relação à safra anterior.
Arroz
A área semeada de arroz pode apresentar um crescimento de 9,9% com a estimativa de colheita de 12 milhões de toneladas do grão. A expansão das áreas estão na região Centro-Oeste e Sudeste, onde o aumento é de 33,5% e 16,9%, respectivamente. A região Sul também pode registrar aumento da área cultivada, chegando a 1,16 milhão de hectares.
A maior disponibilidade do grão no Brasil pode fazer os preços recuar, porém mesmo com a queda, os agricultores podem conseguir manter a rentabilidade da lavoura. Além disso, o aumento do estoque pode permitir a exportação de 2 milhões de toneladas.
Trigo
A produção de trigo no Brasil é limitada por fatores climáticos e no levantamento realizado a previsão da safra 2025 é a redução de produção para 8,26 milhões de toneladas, principalmente pela falta de água no início da semeadura, temperaturas acima do normal para o cultivo das plantas, geadas tardias e ocorrência de doenças.
As condições adversas e os conflitos geopolíticos podem influenciar a valorização do grão no mercado interno.
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