A amostragem de nematoides é um componente cada vez mais importante no diagnóstico de doenças de plantas, especialmente para culturas de alto valor e viveiros de produção de mudas. Os erros advindos de uma amostragem incorreta podem ser os mesmos erros de não realizar a amostragem, o que pode culminar em recomendações equivocadas e perdas econômicas que poderiam ter sido evitadas. O crescimento deficiente das plantas devido ao ataque de nematoides pode ser interpretado erroneamente como deficiências nutricionais ou mesmo outras doenças.
– No caso de culturas anuais (soja, milho, feijão, algodão, olerícolas de maneira geral, etc.) o processo de amostragem baseia-se em:
1 – Coletar porções de solo e raiz que representem o nível de infestação da área. A literatura recomenda coletar em zig-zag de 15 a 20 amostras simples por hectare para compor uma amostra composta: 0,5 kg de solo e 100 g de raízes.
2 – Reunir, no mínimo, 10 subamostras por hectare para formar uma amostra composta e representativa;
3 – Conforme disposição da área recomenda-se dividi-la em quadrantes de, preferencialmente, 2 hectares (ou, no máximo, 10 hectares); retirar uma amostra composta de cada quadrante selecionado.
4 – As amostras de solo e de raízes devem ser coletadas próximo à rizosfera das plantas, ou seja, de 0 a 25 cm de profundidade, abrindo-se o solo em forma de V e coletando preferencialmente as raízes mais finas;
5 – As amostras devem estar com umidade natural, evitando-se ao máximo condições de encharcamento ou excessivo ressecamento;
6 – Em casos de sintoma em reboleira, a amostragem deve ser feita nas plantas que se encontram na periferia;
7 – Para que sejam encaminhadas a um laboratório de análise nematológicas, as amostras de solo + raízes deverão ser acondicionadas em saco plástico e devidamente identificadas (ficha de identificação: nome do produtor, cultura/cultivar, localidade, etc.);
8 – As raízes devem ser acondicionadas junto com o solo.
9 – É de fundamental importância lavar as mãos e as ferramentas após cada coleta para evitar contaminação das amostras ou transição de nematoides de uma área para outra;
10 – Uma vez feita a amostragem, o material deverá ser encaminhado a um laboratório em tempo hábil, evitando exposição solar. A amostras podem também ser armazenadas, por algum tempo, na parte inferior da geladeira.
– No processo de amostragem de culturas perenes (café, laranja, limão, manga, caju, banana, cacau, mamão e demais frutíferas) cabe considerar as recomendações descritas acima, com as seguintes ressalvas:
1 – A coleta de solo e raiz (15-20 amostras simples por hectare para compor uma amostra composta) deverá ser realizada na projeção da copa;
2 – Coletar no mínimo 10 subamostras por quadrante (norte, sul, leste e oeste);
3 – No caso de plantas perenes jovens, coletar raízes secundárias e/ou radicelas abaixo da projeção da copa, sem comprometer a sustentação das mesmas;
4 – A amostragem deverá ser realizada em todas as áreas, focos ou reboleiras que apresentam sintomas severos e médios, bem como as áreas sem sintomas.
Considerações finais
Vale destacar que, no campo, a distribuição dos nematoides é sempre irregular, porque sua densidade populacional é frequentemente afetada pela cultura cultivada, presença de plantas daninhas hospedeiras, produtos químicos ou biológicos usados e fatores ambientais. Devido a essa distribuição irregular de nematoides, é muito importante que a amostra de solo e raiz seja realmente representativa da área amostrada. A única maneira de garantir que a amostra seja representativa é coletar vários pontos dentro da área de produção, evitando-se coletar apenas um ou dois pontos. As amostras de solo só devem ser coletadas quando a umidade do solo for adequada para o trabalho no campo, evitando desta forma amostrar em condições de solo excessivamente seco ou úmido.