O evento Mesa Redonda – Safra de Verão, trouxe nesta edição 5 pesquisadores da Phytus – Staphyt de renome, para debater as perspectivas e os desafios para a safra 2022/23, com foco na cultura da soja e nas áreas de doenças, nematoides, nutrição, plantas daninhas e pragas.
Os convidados e especialistas foram:
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Drª Mônica Debortoli, Fitopatologista e Diretora Técnica do Instituto Phytus – Staphy Sul;
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Drª Larissa Tormen, Coordenadora do núcleo de Fertilidade e Nutrição de Plantas do Instituto Phytus – Staphyt Centro-Norte;
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Dr. Lucas da Silva Araújo, Coordenador e pesquisador do núcleo de Plantas Daninhas e Herbicidas do Instituto Phytus – Staphyt Centro-Norte.
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Dr. Paulo Sergio dos Santos, Coordenador de pesquisa na área da Nematologia do Instituto Phytus – Staphyt./DF.
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Me. Jonas Dahmer, Coordenador da área de Entomologia do Instituto Phytus – Staphyt no Sul.
Confira a seguir algumas dicas para a safra 2022/23, com foco em produtividade e sustentabilidade do sistema produtivo:
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Nematoides
A identificação e diagnose dos nematoides presentes na área é o primeiro passo para o seu manejo, pois garante o adequado planejamento e escolha de estratégias de controle mais assertivas, principalmente a médio e longo prazo.
Numa panorama geral de Brasil, são 4 os principais nematoides: nematoide-das-lesões Pratylenchus brachyurus, nematoide-das-galhas Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica, e nematoide-de-cisto Heterodera glycine. Todavia, está aumentando a ocorrência de outras espécies de nematoides, como Helicotylenchus dihystera, que causa sintomas muito semelhantes ao nematoide-das-lesões, dificultando sua diagnose. Já em outras regiões, o nematoide Aphelenchoides vem ganhando destaque, principalmente nas culturas da soja e algodão.
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Nutrição e fertilidade
Bioestimulantes são produtos disponíveis no mercado que podem contribuir para o desenvolvimento e crescimento de raízes, o que tem efeito positivo em alguns casos, como a presença de nematoides. Neste mesmo cenário, inoculantes têm um papel importante no processo de fixação biológica do nitrogênio (FBN), garantindo o suprimento deste nutriente. Principalmente em algumas condições, como o cultivo de soja em palhada de milho, pela elevada exportação de nitrogênio pelo cereal. Junto com os inoculantes, o fornecimento dos nutrientes cobalto, molibdênio e níquel também é fundamental, pensando na eficiência do processo de FBN.
O potássio é outro elemento importante, que demanda atenção, tendo em vista os baixos níveis que vêm sendo observados em algumas lavouras. Por isso, é importante considerar se a dose fornecida deste nutriente, que geralmente ocorre no início do ciclo, é realmente suficiente para a demanda da cultura.
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Plantas daninhas
A dessecação em pré-semeadura da soja é um processo fundamental para o adequado manejo das plantas daninhas e para manter a lavoura limpa. Para uma aplicação eficiente, a mistura de produtos é uma ótima alternativa, assim como a aplicação sequencial para lavouras mais problemáticas, com maior incidência de plantas daninhas.
Neste contexto, o uso de herbicidas pré-emergentes também constitui uma estratégia interessante, principalmente para os produtores que vêm enfrentando desafios no cenário de resistência de plantas daninhas. Na escolha do pré-emergente, observar sua efetividade sobre o banco de sementes, bem como o efeito residual e conhecer seu comportamento frente ao clima, é fundamental.
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Doenças
O Rio Grande do Sul passou por uma das piores secas na safra anterior, e em termos de doenças para a cultura da soja, a safra 2021/22 também teve algumas novidades, como a alta severidade de cercospora, o que comprometeu a qualidade sanitária das sementes usadas nesta safra. Ou seja, o cuidado com doenças foliares na safra 2022/23 deve ser redobrado.
Esse cenário, somado ao atraso do início da implantação das lavouras de soja, que irá alongar a janela de semeadura, e as previsões climáticas que indicam chuvas mais normais e enfraquecimento da La Niña nos próximos meses, reforça a tendência de maior risco para a ocorrência de ferrugem asiática da soja no Sul do Brasil. Considerando então o panorama de favorecimento à ocorrência de manchas foliares e de maior risco para a ocorrência de ferrugem asiática, as primeiras aplicações de fungicidas serão fundamentais para um controle efetivo.
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Pragas
O manejo de pragas deve ser feito quando sua população ainda é baixa, o que traz a importância do monitoramento de pragas, que identifica sua presença e acompanha a flutuação da sua população. Mesmo durante o inverno, quando naturalmente a presença das pragas diminui, o monitoramento deve ser realizado. Além disso, é preciso observar também a cultura antecessora à soja, identificando e monitorando quais pragas estão ali presentes que podem se tornar um problema futuro, e realizando seu controle quando necessário, antes que a população “exploda!”, causando danos à cultura.
Na safra 2022/23, o trips pode ser uma praga importante, considerando a previsão que indica um clima mais seco e quente. Os percevejos vêm sendo observados em menores populações nas últimas safras, o que se deve ao controle desta praga junto com as aplicações para trips. Para lagartas, o manejo integrado se mostra fundamental, pensando no manejo da resistência de pragas e preservação das biotecnologias disponíveis.