Quinze anos de Ferrugem da soja no Brasil
A ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é a doença mais severa atacando a cultura no Brasil.
A doença encontra-se endemicamente estabelecida nas principais regiões produtoras do país, onde têm sido relatados ataques expressivos com dano significativo de produtividade.
O principal dano ocasionado por essa doença é o rápido amarelecimento, e queda precoce das folhas, que impedem a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade.
Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho do grão e consequentemente, maior será a perda do rendimento e qualidade (Figura 1 ).
Custo da ferrugem da soja no Brasil
Desde sua primeira constatação no Brasil, 15 anos se passaram. Durante esses anos, o custo da ferrugem da soja para o Brasil chegou a US$ 23,4 bilhões.
O controle da doença sempre se baseou no controle químico, entretanto com o passar das safras, foi sendo observado menor sensibilidade do patógeno aos fungicidas.
Para garantir a longevidade dos produtos comerciais no mercado, e a sustentabilidade da cultura da soja no Brasil é importante a adoção de medidas integradas de controle da doença.
Controle químico safra após safra
Ao ser identificada no Brasil, em 2001, a ferrugem asiática foi controlada com aplicação de produtos isolados, com um único ingrediente ativo. Os produtos mais utilizados eram os triazóis e as estrobilurinas.
A utilização isolada de ingredientes ativos, em anos passados, de forma sequencial, sem rotação de mecanismo de ação, contribuiu para a redução de sensibilidade do patógeno. A partir de 2008, os produtos isolados não são mais recomendados, devido a menor eficiência.
Atualmente, recomendam-se misturas comerciais de fungicidas, com diferentes mecanismos de ação.
Os principais fungicidas utilizados no controle da ferrugem pertencem a três grupos distintos:
- Inibidores da Desmetilação (IDM – triazóis e triazolintione)
- Inibidores da Quinona oxidase (IQo – estrobilurinas)
- Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISD – carboxamidas)
A partir da safra 2013/14 diversos trabalhos conduzidos a campo mostraram uma redução de eficiência de misturas de triazóis e estrobilurinas. Na safra 2016/17, em regiões específicas do Brasil, alguns fungicidas com carboxamidas apresentaram redução de eficiência, em relação aos resultados da safra 2015/16.
O produto comercial Fox®, que contém os ingredientes ativos protioconazol + trifloxistrobina foi introduzido no Brasil comercialmente, na safra de 2012/13. No Brasil, o protioconazol nunca foi utilizado de maneira isolada, sempre associado com a estrobilurina trifloxistrobina.
Além disso, a companhia recomenda sua aplicação de maneira preventiva, com no máximo duas aplicações durante a safra, associando-se pelo menos em uma aplicação a fungicidas multissítios. Essas recomendações contribuem para a longevidade do produto, mantendo sua eficácia de controle acima de 80%.