Brusone
Com ocorrência em todo território brasileiro, a brusone, causada pelo fungo Magnaphorthe oryzae (Herbert) Barr, forma imperfeita Pyricularia oryzae (Cooke) Sacc., é considerada uma das doenças mais relevantes da cultura do arroz.
A doença ocorre desde o estádio de plântula até a fase de maturação da cultura, sendo os prejuízos variáveis de acordo com a região, cultivar utilizada, época de semeadura, entre outros fatores. Os sintomas ocasionados pelo fungo podem ser observados nas folhas (Figura 1), nós e panículas.
Estes, quando nas folhas, são caracterizados pela formação inicial de pequenas lesões de coloração marrom rodeadas por um halo amarelado. Posteriormente, evoluem para manchas elípticas, com bordos irregulares e de coloração marrom, com centro grizáceo constituído por tecido necrosado onde são encontrados as estruturas reprodutivas do patógeno.
No colmo a infecção pode bloquear a circulação de seiva, provocando a quebra no ponto de infecção e, consequentemente, o acamamento da planta (BALARDIN et al., 2012). Quando atingidas as panículas, podem ser observadas manchas de forma indefinida e coloração marrom no raque e ramificações. Ainda, a infecção na base da panícula, conhecida como brusone do pescoço, expressa-se através de uma lesão que circunda a região nodal e provoca estrangulamento da mesma.
A cultura afetada pode sofrer perdas de até 100% da produção em casos severos de Pyricularia oryzae. As principais fontes de inóculo são sementes e restos culturais infectados, além de inóculos trazidos pelo vento. Portanto, os danos podem ser reduzidos através do manejo integrado da doença. O manejo integrado da brusone objetiva controlar a população do patógeno a níveis toleráveis, sem causar danos econômicos à cultura, mediante a adoção de um conjunto de medidas preventivas, de maneira não isolada, como a resistência genética da cultivar, práticas culturais e controle químico (Prabhu & Filippi, 2006).
Tombamento
O tombamento (damping-off), é provocado por vários patógenos, originados do solo ou das sementes, sendo estes: Alternaria padwickii, Pyricularia oryzae, Sarocladium oryzae, Fusarium moniliforme, Pythium sp., Rhizoctonia solani, entre outros. Sendo assim, áreas altamente infestadas por estes ou demais patógenos podem apresentar redução significativa no estande inicial de plantas, ocasionada pelo tombamento de pré e pós-emergência, resultante do apodrecimento de sementes recém semeadas.
Entre os sintomas ocasionados por este dano observa-se a podridão das sementes, lesões nas raízes e coleóptilos, redução de vigor das plântulas de arroz, além de amarelecimento e tombamento. Ademais, estes patógenos podem vir a causar doenças foliares, radiculares e infecção de grãos, afetando o rendimento e produtividade da cultura. O tombamento é favorecido por condições de baixas temperaturas associadas à falta ou excesso de umidade.
É importante salientar a permanência destes fungos causadores de tombamento no solo e nas sementes. Sendo assim, práticas como o uso de fungicidas aplicados em tratamento de sementes e destruição de restos culturais são estratégias de manejo que auxiliam na redução dos inóculos. Ainda, é de grande importância evitar a semeadura em períodos desfavoráveis à germinação, uma vez que os prejuízos causados pelo fungo estão atrelados à condições ambientais que dificultam a germinação e emergência das plântulas.
Mancha-Parda
A mancha-parda, causada pelo fungo Bipolaris oryzae (Anamorfo, Breda de Haan) Shoem, considerado sinônimo de Cochliobolus oryzae (teleomorfo), é uma doença comum na cultura do arroz no Brasil. Esta doença pode causar danos desde a fase de estabelecimento (plântula) até a fase de plantas adultas próximas da maturação.
As sementes contaminadas manifestam redução na germinação, além de que, grãos manchados pela presença da doença, resultam em perdas no seu rendimento e beneficiamento.
Quando atacada em fase de emergência da plântula, são observadas lesões no coleóptilo causadas pelo fungo, sendo estas de coloração marrom e formato circular ou oval. Além disso, pode haver a distorção ou queima de folhas primárias e secundárias (Figura 2), bem como o escurecimento das raízes dessas plântulas. Nas folhas, os sintomas apresentam-se como lesões circulares ou ovais com margem parda ou avermelhada e centro acinzentado ou esbranquiçado. Quando prejudicados os grãos, estes apresentam glumas com manchas de coloração marrom escura, podendo cobrir o grão inteiro. A infecção ainda pode provocar a esterilidade das espiguetas, quando manifestada logo após a emissão das panículas. A fonte de inóculo inicial da doença se dá por sementes infectadas e restos culturais, sendo a disseminação de conídios pelo ar, uma forma de infecção secundária.
Diante desta situação, faz-se necessário o uso de sementes livres do patógeno, uma vez que este pode sobreviver nas sementes infectadas de um a quatro anos, dependendo das condições de armazenamento. Práticas de manejo como o tratamento de sementes, a destruição dos restos culturais na entressafra e a aplicação de fungicidas sistêmicos em parte aérea, devem ser adotadas. Além disso, a adubação equilibrada é de extrema importância, pois a baixa fertilidade do solo é o principal fator influenciador da incidência de mancha-parda.
Mal-do-pé
Doença causada pelo fungo Gauemannomyces graminis (Sacc.) von Arx & D. Oliver var. graminis, disseminado pela chuva e pelo vento e que sobrevive em restos culturais. Períodos de elevada umidade são favoráveis à disseminação dos esporos causadores da doença.
A cultura é infectada pelo patógeno por meio das bainhas das plantas ou folhas basais através da penetração direta do micélio. Caracteriza-se por lesões de coloração marrom escura ou preta na bainha, base do colmo e, primeiro e segundo nós e entrenós. Danos severos são observados quando o ataque do patógeno ocorre no início do desenvolvimento da cultura, com o abortamento das flores e grãos chochos. Verifica-se a presença de crostas negras aderidas ao colmo, constituídas do micélio do fungo no primeiro entrenó da planta. As raízes apresentam coloração escura, além de ficarem quebradiças.
Estes danos nas raízes permitem com que as plantas doentes sejam facilmente arrancadas. Ainda, pode-se observar a morte dos perfilhos e o amadurecimento rápido dos grãos, dependendo da fase de crescimento e desenvolvimento em que a planta é infectada. Vale salientar, que os sintomas do Mal-do-pé são muitas vezes confundidos com a podridão do colmo, causada por Magnaporthe salvinii.
Evitar o plantio de cultivares suscetíveis e plantio de gramíneas hospedeiras por período inferior a um ano, fazer uso de rotação de culturas como linho, canola, leguminosas de inverno e pousio são práticas de manejo que devem ser adotadas a fim de reduzir a presença do patógeno causador da doença.
Referências:
Silva-Lobo, V.L.; Corsi de Filippi, M.C.. Manual de identificação de doenças da cultura do arroz /. Brasília, DF : Embrapa, 2017. 45 p.
BALARDIN, R. S. et al. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa Maria/RS. 2012. 80 p.