A primavera começa no Brasil dia 22 de setembro, e com ela vem a previsão de uma estação mais chuvosa que o normal em grande parte dos estados brasileiros. Com o início da estação das flores, inicia também os principais cultivos da safra de verão, época em que os produtores rurais ficam atentos aos prognósticos climáticos, tendo em vista o planejamento das atividades e das lavouras.
Para o período de outubro a dezembro, o Prognóstico Climático do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), recentemente publicado (acesse o documento na íntegra), indica o predomínio de chuvas acima da média climatológica em grande parte das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Já para a região Sul, a estimativa é de que as chuvas sejam mais escassas, como resultado da ocorrência do fenômeno La Niña.
A primavera ainda é conhecida climatologicamente como uma fase de
transição entre as estações seca e chuvosa na parte central do Brasil, quando também inicia a convergência de umidade vinda da Amazônia, que define a qualidade do
período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte centro sul da Região
Norte (Figura 1a). Já as temperaturas atingem patamares mais altos em boa parte da Região Norte, interior da Região Nordeste e em alguns pontos da parte central do Brasil (Figura 1b).
O Prognóstico Climático do Inmet ainda mostra que já na primavera podem acontecer os primeiros episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) chuvas no Sudeste, Centro-Oeste, Acre e Rondônia. Por outro lado, a região Sul pode sofrer com episódios de Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), eventos ligados à chuvas fortes, rajadas de vento, raios e eventual ocorrência de granizo.
Veja a seguir as previsões climáticas por região brasileira (Figura 2):
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Região Norte: predomínio de chuvas acima da média em boa parte da região, em função do fenômeno La Niña e ao padrão de águas mais aquecidas próximo à costa. A temperatura do ar tende a se manter próxima e ligeiramente acima da climatologia em toda a região.
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Região Nordeste: são esperadas chuvas acima da média, assim como para a região norte. Já a temperatura do ar deve predominar próxima e acima da média histórica em toda a região nos próximos três meses.
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Região Centro-Oeste: tendência também de chuvas próximas e acima da média histórica, exceto para as regiões centro e sul do Mato Grosso do Sul e no leste do Mato Grosso, onde se esperam chuvas um pouco abaixo da climatologia do trimestre. Para a temperatura média do ar, a propensão é de temperaturas próximas
e ligeiramente acima da média climatológica para o período da primavera (Figura 2b).
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Região Sudeste: a previsão do modelo do INMET para o próximo trimestre é de chuvas acima da média em grande parte da região. Porém no sul de São Paulo as
chuvas poderão ocorrer abaixo da média. Com o retorno das chuvas mais regulares no mês de novembro, a previsão indica o predomínio de temperaturas próximas e ligeiramente abaixo da média.
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Região Sul: para toda região, a previsão é de maior probabilidade de chuvas abaixo da climatologia, devido aos impactos que o fenômeno La Niña pode causar. Em contrapartida, as temperaturas estarão próximas à climatologia e ligeiramente abaixo da média na região (Figura 2a).
Figura 2. Previsão de anomalias de (a) precipitação e (b) temperatura média do ar do modelo estatístico do INMET para o trimestre Outubro, Novembro e Dezembro/2022 Fonte: INMET.
Previsão climática e seus impactos sobre a safra 2022/23
Os modelos de previsão climática seguem indicando a continuação do fenômeno La Niña até o começo do verão, no mês de dezembro. Essa indicação levanta a preocupação de qual será o impacto La Niña sobre a safra 2022/23.
Mesmo o La Niña causando uma redução das chuvas na Região Sul, em quando leva a um aumento nas regiões Norte e Nordeste, vale destacar que, as condições de clima e tempo observados no Brasil dependem de diversos fatores, que podem potencializar ou minimizar os efeitos do La Niña.
Para a região central do Brasil se espera uma volta gradual das chuvas a partir de outubro, favorecendo o acúmulo de água no solo durante a fase inicial das culturas, como soja e milho.
Na Região Sul e no sul do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, a expectativa de ocorrência de chuvas abaixo da média pode abalar o início da safra de grãos. Todavia, as elevadas somas de chuvas que vem ocorrendo no Sul desde a segunda metade de agosto, vem mantendo o solo com um bom armazenamento de água, o que contribui muito para reduzir o impacto da possível menor ocorrência de precipitação durante a fase inicial do desenvolvimento das lavouras.
No MATOPIBA, território que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, chuvas acima da média podem marcar o início da safra 2022/23, principalmente nos dois últimos meses do ano. Essas chuvas irão elevar a quantidade de água armazenada no solo, beneficiando o estabelecimento das lavouras.
Referência:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Primavera começa nesta quinta-feira e dá início ao plantio das principais culturas de verão. 20 set. 2022. Disponível em <https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias-2022/primavera-comeca-nesta-quinta-feira-e-da-inicio-ao-plantio-das-principais-culturas-de-verao#:~:text=Impactos%20na%20safra%202022%2F2023,a%20soja%2C%20milho%20e%20algod%C3%A3o.>. Acesso em 21 set. 2022.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA; Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação – SDI; Instituto Nacional de Meteorologia – INMET
Coordenação-Geral de Meteorologia Aplicada, Desenvolvimento e Pesquisa Serviço de Pesquisa Aplicada – SEPEA. PROGNÓSTICO CLIMÁTICO DE PRIMAVERA. Disponível em <https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias-2022/primavera-comeca-nesta-quinta-feira-e-da-inicio-ao-plantio-das-principais-culturas-de-verao#:~:text=Impactos%20na%20safra%202022%2F2023,a%20soja%2C%20milho%20e%20algod%C3%A3o.> Acesso em 21 set. 2022.