Conheça as práticas culturais que devem ser observadas para a produção de sementes de espécies forrageiras com qualidade
Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre as práticas agrícolas para a produção de sementes de qualidade:
- Escolha da área
- Preparo do solo
- Nutrição de plantas
- Época e densidade de semeadura
- Irrigação
- Desfolha
- Colheita
Para a produção de sementes, algumas práticas culturais devem receber mais atenção se comparadas à produção de grãos, visto que o objetivo final é a obtenção de sementes de alta qualidade que contemplem os atributos físicos, fisiológicos, genéticos e sanitários. Nesta prática, destacam-se os fatores:
Escolha da área: deve-se selecionar a região e o campo para a produção de sementes, escolhendo aqueles que atendam aos requisitos básicos, sendo necessário compreender o histórico da área, as precipitações, as temperaturas e a umidade relativa do ar, o histórico de plantas daninhas, as doenças, os insetos-praga, o nível de fertilidade do solo, as culturas antecessoras e o banco de sementes do solo. Além disso, é importante ter conhecimento sobre as espécies silvestres (nocivas ou não) que possam prejudicar o desenvolvimento da espécie, condenar o campo de produção e, consequentemente, comprometer o sistema.
Preparo do solo: procedido desde a emergência homogênea das plântulas, com uniformidade no stand, profundidade adequada sem impedimentos mecânicos para o desenvolvimento da cultura.
Nutrição de plantas: este fator têm uma tendência similar àquela empregada às grandes culturas, baseia-se na interpretação da análise do solo. Busca-se com as correções evitar as limitações no crescimento e no desenvolvimento das plantas, ocasionadas pela deficiência nutricional.
Um elemento é considerado essencial quando a planta necessita de sua presença para desenvolver suas atividades metabólicas. Diante disso, para um elemento ser considerado nutriente, ele deve participar de algumas relações químicas, bioquímicas ou metabólicas na planta. Considera-se como elementos essenciais às plantas forrageiras: carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, zinco, cobre, boro, cloro e molibdênio. Os macronutriente são definidos como N, P, K, Ca, Mg e S; e os micronutrientes, como Fe, Mn, Zn, Cu, B, Cl e Mo. Estes elementos podem ser estruturais, compor ações enzimáticas, serem ativadores enzimáticos, componentes integrais dos compostos orgânicos (N e S), energia e síntese genômica (P), estrutura da parede celular (Ca, B e Si), constituinte enzimático e metabólico (Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Mo, Ni), ativador e controlador enzimático (K, Cl, Mg, Ca, Mn, Fe, Zn, Cu e Na) e agentes osmóticos (K, Cl e Na). Dentre estes, destacam-se:
Fósforo: que se apresenta essencial a todas as espécies forrageiras. Sua eficiência está atrelada à fonte, distância do elemento até a planta e mobilidade; é considerado o elemento mais limitante às leguminosas forrageiras, sua aplicação pode ser realizada através de fertilizantes de liberação lenta (fosfato de rocha) ou rápida (superfosfato simples ou triplo). O incremento do pH do solo evidencia a rápida solubilidade e disponibilidade deste nutriente às plantas.
Nitrogênio: caracteriza-se como o principal nutriente para as gramíneas, incrementa a taxa de crescimento, desenvolvimento e o acúmulo de biomassa, o teor de proteína bruta, o número de estruturas reprodutivas e sementes por unidade de área. Em condições chuvosas e temperaturas elevadas, a degradação da matéria orgânica apresenta-se rápida e a disponibilidade de nitrogênio é baixa; possibilita a manutenção das necessidades da forrageira, suprindo as carências de fertilizantes nitrogenados.
Potássio: a deficiência deste nutriente pode resultar em plantas com estruturas morfológicas enfraquecidas, maior tombamento, amarelecimento e até necrose. Nas leguminosas, pode comprometer a nodulação e a capacidade de fixar nitrogênio simbioticamente. Em um sistema pastoril, o retorno do potássio para o solo ocorre através das fezes e da urina dos animais, no entanto, para a produção de sementes a oferta deve ocorrer em equilíbrio.
Cálcio, Cobre, Manganês e Zinco: estimulam a germinação e a viabilidade do pólen. O Boro incrementa o número de sementes formadas por inflorescência e sua presença proporciona uma maior elongação do tubo polínico, que pode limitar a produção de sementes em casos de deficiência.
Época de semeadura: caracteriza-se como de extrema importância. Deve ser escalonada e direcionada para as épocas mais úmidas da região, e a colheita deve ser orientada para a estação mais seca, com a finalidade de minimizar a deterioração das sementes a campo, período no qual as sementes atingem o estádio de maturidade fisiológica, com o máximo acúmulo de massa seca, germinação e vigor.
Densidade de semeadura: deve ser ponderada através da busca pela máxima produtividade de sementes, e a disposição das sementes deve ser realizada em linhas possibilitando o melhor arranjo das plantas na área, melhor supressão sob plantas daninhas e superior penetração da luz no dossel das plantas, menor incidência de microclima desfavorável, padronização do arranjo de plantas, técnicas de manejo e o processo de colheita das sementes.
Irrigação: caracterizada como prática fundamental na produção de sementes, sendo definida como o fornecimento controlado por meios artificiais de água no solo, em quantidades e momentos adequados com a finalidade de garantir o crescimento, o desenvolvimento e a produção das plantas forrageiras. Busca-se a máxima eficiência econômica, maximizando o uso da água, com mínimos impactos ambientais e os efeitos ocasionados por eventuais estiagens. Na irrigação, é necessário compreender as inter-relações entre solo x água x planta x atmosfera, evidenciando a demanda hídrica requerida para que a espécie forrageira atinja a máxima produção de forragem e sementes; efetuar um planejamento viável do turno de rega conforme a espécie utilizada, analisando a capacidade de armazenamento, a oferta de água no solo, o tamanho da área a ser irrigada e a duração do ciclo da cultura.
Desfolha: para algumas espécies forrageiras, a produção de sementes requer práticas de desfolhamento artificial, para que plantas obtenham o máximo índice de área foliar (IAF) sem que ocorra perdas ao aparato fotossintético da planta. A folhas devem interceptar valores próximos a 95 % de luminosidade (IAF crítico), desta forma, os cortes incrementam o afilhamento e sincronizam o florescimento (ex.: Brachiaria sp., Panicum sp., Setaria sp., Pensacola, Festuca, Trevos, Cornichões e Alfafa). A desfolha pode prejudicar os componentes do rendimento (ex.: azevém, aveia preta, aveia branca, trigo duplo propósito, milheto, capim sudão e cornichão). Do período após a desfolha até a colheita, as sementes necessitam de cuidados, como a realização de adubações de reposição para proporcionar a diferenciação dos tecidos, quando se ponderam as doses, a oferta hídrica e a umidade do solo, aplicações de inseticidas e herbicidas.
Colheita: para esta prática alguns critérios são utilizados para definir o momento ideal, baseando-se em mensurações visuais, alterações na coloração da planta e de suas estruturas reprodutivas, bem como no teor de umidade das sementes. A colheita das sementes pode ser realizada de forma manual: baseado na seletividade e na obtenção de sementes de alta qualidade. Realiza-se o corte de 15 a 20 cm abaixo da inserção da inflorescência, o manuseio deve ser realizado cuidadosamente para evitar as perdas de sementes maduras. Posteriormente, as estruturas morfológicas são depositadas em pilhas ou leiras para a secagem em ambiente protegido, para possibilitar o desprendimento natural das sementes da planta-mãe, com maior facilidade para a trilha manual ou mecanizada.
O método de colheita por varredura é baseado no corte rente ao solo com segadeira acoplada a um trator e enleiramento com ancinho manual ou tratorizado. Posteriormente, realiza-se a varredura mecânica do solo coletando as sementes junto a partículas estranhas. Este método é muito utilizado no Brasil para a produção de sementes de Brachiaria sp. e Panicum sp. Após a colheita, realiza-se o peneiramento ou a pré-limpeza no campo para retirar as partículas maiores e mais grosseiras. Diante das vantagens, evidencia-se que as sementes coletadas do chão têm maturidade completa, maior qualidade fisiológica e menor necessidade de secagem; em contrapartida, como desvantagens, elenca-se a grande quantidade de impurezas.
A colheita utilizando o método do pano é recomendada para o capim colonião, quando as plantas geralmente possuem porte alto. Instala-se estruturas no terço inferior das plantas para coletar as sementes que se desprendem devido a sua degrana natural. A colheita semimecanizada é recomendada para espécies forrageiras leguminosas que necessitam ser cortadas, desidratadas e depois trilhadas. Os procedimentos podem ser realizados tanto manualmente como mecanicamente (ex.: soja, perene, cornichão, lab-lab e estilosantes).
A colheita direta mecanizada é baseada na utilização de uma automotriz. Busca-se áreas e plantas uniformes, sem presença de plantas daninhas. Este método proporciona rápida colheita e escape de algumas condições não satisfatórias para a produção de sementes, exige mão-de-obra qualificada para as regulagens específicas da automotriz, como barra de corte simples, molinete com velocidade baixa equipado com escovas de borracha, cilindro tanto de barras como de dentes com regulagem minuciosa no côncavo, peneiras superiores pouco abertas e inferiores adequadamente fechadas, de acordo com as características intrínsecas da espécie forrageira, além de ventiladores desligados ou minimamente insuflando ar para que não ocorra excesso de perdas de sementes.
REFERÊNCIAS
SILVA, J. A. G.; CARVALHO, I. R.; MAGANO, D. A. A cultura da aveia: da semente ao sabor de uma espécie multifuncional. Curitiba, PR: CRV, 2020. v. 100
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; NARDINO, M.; VILLELA, F. A.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e produção de sementes de culturas anuais: soja, milho, trigo e feijão. Saarbrücken, Germany: Ommi Scriptum Publishing Group, 2018. v. 50.
CARVALHO, I. R.; NARDINO, M.; SOUZA, V. Q. Melhoramento e cultivo da Soja. Porto Alegre: Cidadela, 2017. v. 100.
Uma resposta
Muito obrigado pela matéria