O material traz informações sobre os fatores que devem ser levados em consideração para o ajuste dos programas de controle químico de doenças em trigo.
Trigo e as principais doenças foliares
A cultura do trigo pode ser atacada por várias doenças que estão entre os principais fatores que limitam ou comprometem a sua produção.
Principais doenças foliares
As principais doenças foliares são Puccinia triticina, Drechslera tritici-repentis e Blumeria graminis f. sp. tritici, e das espigas é Fusarium graminearum.
Essas doenças causam prejuízos consideráveis, especialmente em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de epidemias. Os prejuízos são agravados quando várias doenças incidem simultaneamente na lavoura.
|
|
|
|
Manejo de doenças
O manejo de doenças em trigo deve estar baseado na associação de estratégias, como utilização de cultivares menos suscetíveis a doenças, rotação de culturas, época de semeadura e controle químico.
Entretanto, algumas práticas têm sido pouco utilizadas, como é o caso da rotação de culturas.
O monocultivo nas áreas de trigo tem resultado em epidemias cada vez mais precoces e agressivas, especialmente da mancha amarela (Drechslera tritici-repentis). Além disso, atrasos na semeadura expõem a cultura a períodos chuvosos e com temperaturas amenas, o que agrava o problema com ferrugem da folha (Puccinia triticina) e giberela (Fusarium graminearum).
Neste contexto os fungicidas têm sido a ferramenta mais efetiva para manejo das doenças do trigo. No entanto, o posicionamento dos mesmos deve levar em consideração:
- a sensibilidade da cultivar
- o histórico da área
- a época de semeadura
- as condições climáticas no decorrer da safra
A não observação desses fatores no momento da recomendação resulta em controle insatisfatório das doenças, impactando diretamente o potencial produtivo da lavoura.
Doenças do trigo em anos de El niño
Na região Sul do Brasil, o fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) manifesta-se através da ocorrência de precipitação superior à média climatológica.
Em cada episódio é observado aumento no volume de chuvas, podendo aumentar até 150% na precipitação em relação ao índice médio normal, principalmente nos meses de primavera, fim do outono e começo de inverno, onde as temperaturas tendem a permanecer amenas na região Sul.
Fatores a serem considerados
Em anos de El Niño o excesso de chuvas na primavera dificulta o manejo das doenças do trigo.
Em safras com ocorrência deste fenômeno, a proteção do potencial produtivo do trigo tem uma dependência ainda maior do bom posicionamento do manejo químico.
Em condições de primavera muito chuvosa, o início e a evolução das epidemias são mais precoces e rápidos.
Observa-se o início de sintomas de ferrugem da folha, quando as plantas de trigo ainda estão na fase de perfilhamento.
Também é verificado um rápido aumento na severidade das manchas foliares, principalmente nas regiões de altitudes maiores.
Além das doenças foliares, temos observado alta incidência de doenças de espigas, como giberela (Fusarium graminearum) e brusone (Magnaporthe grisea), estas agravadas pela coincidência do florescimento do trigo e períodos de chuva.
Resultados de um mesmo programa de aplicação
As imagens representam os resultados de um mesmo programa de controle, com a primeira aplicação iniciada na elongação do trigo comparado à área sem aplicação e ao mesmo programa iniciado no perfilhamento trigo.
As diferenças de enfolhamento das plantas de trigo entre os programas de manejo estão claras.
No detalhe da folha bandeira-1 fica evidente a melhora do controle de manchas foliares e ferrugem da folha em função da antecipação da primeira aplicação.
Esse resultado pode ser explicado pela proteção exercida pelo fungicida antes do início da epidemia, o que resultou em maior residual de controle das doenças no baixeiro da planta.
Em anos chuvosos, a antecipação do início do programa de controle para o perfilhamento é fundamental para a proteção do potencial produtivo do trigo, visto que na fase de elongação muitas doenças já estão estabelecidas na lavoura, o que compromete o residual dos fungicidas.
O sucesso do manejo químico em trigo passa pelo ajuste do posicionamento do programa de controle que será definido a cada safra levando em consideração os fatores acima discutidos.