O planejamento das ações de proteção de plantas está basicamente direcionado ao manejo da ferrugem asiática da soja, que está entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja. O estabelecimento da doença contempla as condições climáticas adequadas à infecção do patógeno, como molhamento foliar prolongado associado à temperatura diária menor do que 28ºC.
É de domínio geral que os danos da ferrugem asiática são mais efetivos a partir da fase de florescimento pleno até o final da cultura, período que corresponde à maior mobilização de fotoassimilados para os grãos e não mais para ativação eficaz de defesas. Portanto, a planta está fisiologicamente comprometida com o enchimento de grãos em virtude do grande gasto energético, não conseguindo evitar a progressão acelerada da Phakopsora pachyrhizi.
Com vistas ao manejo da cultura, faz-se necessário lançar mão de alternativas que protejam a área foliar ou reduzam a evolução da doença. Nesse sentido, inclui-se a utilização de cultivares precoces com algum nível de tolerância, plantio no início da época recomendada e aumento do espaçamento entrelinhas.
Estas estratégias acabam por melhorar a penetração dos fungicidas, principalmente no terço médio e inferior, além de favorecer um microclima de maior circulação de ar, maior temperatura, e consequentemente, menor umidade e menor molhamento foliar. Além disso, a eliminação de plantas de soja voluntárias, a ausência de cultivo de soja na entressafra por meio do vazio sanitário e o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura são medidas indispensáveis para proporcionar maior sanidade da lavoura.
Como complemento integrado ao manejo, a utilização de mistura de fungicidas do grupo dos triazois + estrobilurinas é fundamental para a proteção foliar e redução dos danos. Além disso, recentemente, novas moléculas do grupo das carboxamidas (fluxapiroxade e benzovindiflupyr) foram lançadas para auxiliar no controle, visto que estamos trabalhando há 14 anos com os mesmos dois grupos citados acima. Infelizmente, o uso correto e posicionamento ainda é um impasse, seja por atraso em relação à chegada do patógeno, intervalo excessivo entre aplicações ou desuso da recomendação da empresa relacionado ao adjuvante na mistura.
Neste sentido, o uso de fertilizantes foliares associados aos fungicidas pode ser uma alternativa de aplicação, aproveitando a entrada do pulverizador na área. No entanto, esse manejo não inviabiliza a utilização do adjuvante indicado pela empresa detentora do fungicida. Caso isso venha a ocorrer, além de não recomendado pelo fabricante, a eficiência do produto fica comprometida, pois o uso do adjuvante é fundamental para acelerar a absorção do produto pela folha.
Este efeito é principalmente destacado pela performance das estrobilurinas e agora das carboxamidas, pois são altamente dependentes de absorção foliar para garantirem maiores residuais de controle (Figuras 1 e 2). Este fato deve-se à apolaridade dos óleos mineral ou vegetal, sendo de característica lipofílica e interagindo fortemente com os componentes da cutícula e membranas celulares, eliminando as barreiras que diminuem a absorção dos produtos pelas plantas.
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A associação de diversos produtos no tanque pode gerar alterações na calda de ordem química ou física, resultando em efeitos antagônicos, aditivos ou sinérgicos.
Nessa situação, como consequência pode resultar ainda em menor cobertura da área foliar pelo ingrediente ativo e menor penetração nos tecidos foliares, reduzindo sua eficácia (Figuras 3, 4 e 5), acumulando maior quantidade final de doença (Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença – AACPD) (Figura 6).
Não bastasse o gasto energético que a planta mobiliza para produção e ativação de compostos de defesa do próprio metabolismo, que seriam direcionados para emissão de novas folhas ou enchimento de grãos, ainda compromete a área foliar fotossinteticamente ativa.
Dessa forma, a expansão de lesões acaba tomando a área foliar, acelerando o processo de desfolha precoce (Figuras 7 e 8). Consequentemente, a perda prematura de folhas retira a principal fonte de produção de carboidratos que seriam direcionados aos drenos (grãos), reduzindo, assim, a produtividade final e a massa de grãos (Figura 9).
A imagem das folhas das plantas resultantes de cada tratamento podem ser verificadas abaixo: