Neste material, você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Tipos de controle biológico
- Casos de sucesso na utilização do controle biológico no Brasil
- Quais os agentes de controle utilizados no controle biológico
- Situação atual do controle biológico brasileiro
O controle biológico de insetos tem uma longa história de observações de fenômenos naturais, uma estratégia antiga de utilização de insetos para controlar outros insetos, no entanto, alguns pontos cruciais precisam serem traçados para conseguir determinar qual o atual estado da arte deste assunto. Nesse sentido, serão abordados, em cronologia temporal, os principais agentes utilizados no controle que alavancaram o controle biológico de insetos no Brasil.
O primeiro caso de utilização de controle biológico no Brasil ocorreu por volta de 100 anos atrás, quando foi importado dos EUA um parasitoide, o Encarsia berlesei (Prospaltella berlesei) (Hymenoptera, Aphelinidae). As importações de inimigos naturais continuaram até 1944, mas sem sucesso, pois naquela época ainda não existiam estudos sistemáticos de insetos nem programas de criação massal. Na sequência, o Brasil passou por um período deprimente, quando uma significativa quantidade de pesticidas sintéticos foi utilizada para controlar pragas. O grande marco desse período foi a criação do sistema de quarentena, pela Embrapa, que tinha como objetivo subsidiar ações de controle biológico, além de prevenir a entrada e a disseminação de pragas exóticas.
Embora a história do controle biológico no Brasil seja baseada em parasitoides e predadores, a utilização de entomopatógenos de maneira discreta ganhou destaque com os grandes casos de sucesso, tais como a utilização do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae para o controle de Mahanarva fimbriolata Stal 1854 (Hemiptera: Cercopidae) no cultivo de cana-de-açúcar, e a utilização de vírus da poliedrose nuclear para o controle de Anticarsia gemmatalis Hüebner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae) em plantações de soja.
Nesse sentido, nos tópicos seguintes iremos abordar os principais tipos de controle biológico, e assim traçar o panorama atual do controle biológico no Brasil e no mundo.
Vamos conhecer um pouco mais os tipos de controle biológico que podem ser realizados:
Controle biológico natural:
ocorre naturalmente em diferentes agroecossistemas. No Brasil, um exemplo para esse tipo de controle é por epizootias de fungos entomopatogênicos, como o Metarhizium (=Nomuraea) rileyi (Farlow) Samson, causando uma doença conhecida como muscardine branca, que realizava o controle da Chrysodeixis includens Walker, 1858 (Lepidóptera: Noctuidae) a qual era considerada praga-secundária em soja até o final dos anos noventa. Com práticas inadequadas, as populações desse fungo diminuíram e a posição da praga foi elevada.
Controle biológico conservacionista:
é aquele que promove a conservação dos inimigos naturais através de práticas culturais adequadas, que permitem seu desenvolvimento natural. Esse tipo de controle é observado sempre que o ambiente não é impactado por práticas culturais errôneas.
Controle biológico clássico:
consiste na introdução e no estabelecimento de inimigos naturais em áreas em que eles não ocorreriam previamente para o controle da praga-alvo. Um exemplo “recente” desse tipo de controle é a introdução do parasitoide Cleruchoides noackae, inimigo natural do percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus), inseto nativo da Austrália. O percevejo bronzeado chegou ao Brasil em 2008 e tem causado prejuízos na cultura do eucalipto.
Controle biológico aplicado:
pode ser definido pela liberação de grande número de inimigos naturais em determinada cultura de forma aumentativa ou inoculativa, visando a rápida redução da população de pragas. Um exemplo de tipo de controle de sucesso é o uso do Baculovirus anticarsia na cultura da soja para combater a lagarta-da-soja Anticarsia gemmatalis Hubner, 1818 (Lepidóptera: Erebidae). Esse agente de controle foi aplicado no Brasil em dois milhões de hectares no auge da tecnologia, sendo considerado o maior programa de controle biológico aplicado no mundo na época.
Com base no que foi citado acima, os agentes de controle são divididos em macro e microrganismos. Didaticamente, pode-se dizer que o primeiro grupo corresponde àqueles que podem ser vistos a olho nu, como parasitoides e predadores. Já os micros são aqueles visíveis apenas em microscópios e são compostos por fungos e vírus. O mercado brasileiro atualmente, nesse ramo de controle biológico, encontra-se em avanços com várias empresas, comercializando bioprodutos e popularizando o controle biológico, especialmente em programas de manejo integrado de praga.
A Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico prevê um crescimento de 20%, com rendimento industrial de R$ 500 milhões por ano, e as culturas que mais utilizam controle biológico são: soja, cana, hortaliças, café e feijão.
Referências
ALVES, S. B.; LECUNA, R. E. Epizootiology aplicada ao controle microbiano de insetos. In: ALVES, S. B.; (ed.). Controle microbiano de insetos. 2. ed. Piracicaba: FEALQ, 1998.
BUENO, A. F.; SOSA-GÓMEZ, D. R.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; MOSCARDI, F.; BUENO, R. C. O. F. Inimigos naturais das pragas da soja. In: HOFFMANN-CAMPO, C. B.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; MOSCARDI, F. (ed.). Soja: manejo integrado de insetos e outros artrópodes-praga. Brasília, DF: Embrapa, 2012. p. 493-630.
PARRA, J. R. P.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S. Controle biológico: terminologia. In: PARRA, J. R. P; BOTELO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S. (ed.). Controle biológico no Brasil: parasitoides e predadores. São Paulo: Manole, 2002. p.1-16.