Além do se ter um entendimento sobre as características dos custos fixos e variáveis, em uma adequada gestão de custos, deve-se também, ter-se conhecimento sobre as diferenças entre os custos diretos e indiretos. Como o próprio nome já indica, os custos diretos podem ser alocados diretamente na elaboração de um produto ou serviço. Eles são menos complexos de se mensurar. Por exemplo, na produção de grãos, os custos das sementes, dos herbicidas e fertilizantes são fáceis de serem mensurados por hectare, logo, são denominados de custos diretos, pois são identificados com precisão em relação a quantidade produzida.
Mas, e como analisar os custos que não estão especificamente relacionados com a produção, mas sim, com diversas outras variáveis do negócio rural, como os serviços de assistência técnica, a manutenção de maquinário e de implementos, e os serviços administrativos? Nesses casos, os custos são indiretos, visto que não ocorre a mesma precisão para mensurá-los, em relação aos custos diretos. Assim, uma forma de mensurá-los é por meio de rateio.
O conceito de rateio refere-se a uma divisão proporcional dos custos indiretos, sendo que essa divisão pode ocorrer de várias formas. Uma delas é a divisão por quantidade de hectares cultivados. Para entender esse método, as seguintes tabelas foram desenvolvidas.
Tabela 2 – Culturas cultivadas no ano agrícola e rateio dos custos indiretos por área (hectare)¹
Culturas | Hectares | Proporção de área cultivada por cultura | Valor em reais (R$) dos custos diretos |
Soja | 100 | 50% | 250.000,00 |
Milho | 50 | 25% | 125.000,00 |
Trigo | 50 | 25% | 125.000,00 |
Total | 200 | 100% | 500.000,00 |
1Valores meramente ilustrativos.
Como observado na Tabela 1, foram apresentados dois custos indiretos e seus respectivos valores (custos que ocorreram ao longo de um ano agrícola). Na segunda Tabela, esses custos indiretos foram rateados em três culturas cultivadas nesse ano agrícola (soja, milho e trigo).
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No método de rateio utilizado, buscou-se dividir os custos indiretos de acordo com a quantidade de área usada para cada tipo de produção. Assim, levando-se em consideração que nesse caso 200 hectares foram cultivados (50 hectares no inverno, com o plantio de trigo e 150 hectares no verão, com o cultivo de soja e milho), o valor total dos custos indiretos foi dividido (rateado) entre as áreas cultivadas de cada cultura. Logo, como apresentado na Tabela 2, 50% dos custos indiretos devem ser contabilizados como custos de produção inferidos na cultura da soja, 25% na do milho e 25% na do trigo.
Embora pareça algo simples, esse tipo de análise por vezes vem sendo negligenciado, o que pode mascarar os resultados financeiros obtidos. Realizar métodos de rateio, como o apresentado nesse texto, contribui para uma adequada gestão de custos na produção de grãos.
É por meio desse procedimento de gestão que se pode, de forma mais assertiva, analisar os resultados de lucro líquido e outros indicadores, como o de lucratividade de cada cultura.
O uso de métodos de rateio contribui no auxílio da identificação da utilização dos recursos financeiros e, assim, sua análise e mensuração pode ser útil para ajudar o produtor rural na tomada de decisão entre por exemplo, reduzir a área de uma determinada cultura, investir em maquinários novos ou em implementos com maior nível de tecnologia.