Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Plantas indicadoras de determinadas condições e/ou problemas de um solo
- Plantas que indicam a compactação, excesso ou falta de determinado nutriente no solo
Quantas vezes estamos a caminhar por lavouras e não prestamos a devida atenção nas plantas diferentes ou nativas que ali ocorrem?
Por que elas estão crescendo neste local?
Nem sempre é por acaso…
A forma mais tradicional de conhecer o solo é pela análise de solo. Entretanto, uma maneira rápida para conhecer melhor o solo se dá por meio da observação das plantas nativas que ali estão se desenvolvendo e que são, na maioria das vezes, desprezadas e deixadas de lado.
Conhecer estas plantas nativas é uma ferramenta importante que permite facilitar a análise clínica sobre o que pode estar acontecendo no solo de uma área agrícola, antes mesmo de se proceder com a análise do solo, da sua estrutura ou parte química, da observação das raízes e ainda de sinais de deficiência de nutrientes nas plantas. Além de que estas análises, geralmente, demandam mais tempo e recursos.
Por meio desta identificação destas plantas e tendo conhecimento do que as mesmas indicam, podemos obter várias informações da condição do solo ou da ocorrência de alguns problemas como compactação, excesso de um nutriente ou a falta de outro.
Portanto, trago aqui alguns exemplos de plantas indicadoras que são de fácil identificação e comuns de muitas lavouras e pastagens, que podem nos ser úteis nesta avaliação rápida para a obtenção de informações relevantes.
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Erva-lanceta (Solidago microglossa e S. chilensis)
Também conhecida como arnica ou erva-de-lagarto, ocorre em solos de pH 4,5.
Samambaia-das-taperas (Pterridium aqualinum e P. arachnoideum)
Samambaias indicam solos ricos em alumínio.
Picão-branco (Galinsoga parviflora)
Sua presença indica excesso de nitrogênio em relação ao cobre, solos arenosos de pH neutro, porém pobres em cálcio. É também hospedeira de nematoides, como os do gênero Meloydogine e Heterodera.
Língua-de-vaca (Rumex obtusifolius)
Corda-de-viola (Ipomoea purpurea)
Igualmente conhecida por corriola e invasora comum de lavouras de milho, esta trepadeira ocorre em solos com deficiência de potássio.
Joá-bravo (Solanum palinacanthum e S. viarum)
O joá-bravo, joá ou mata-cavalo cresce em pastagens em solos arenosos e com umidade suficiente. Quando suas raízes se desenvolvem na superfície do solo, indica falta de cobre.
Beldroega (Portulaca oleracea)
Igualmente conhecida como onze-horas, esta planta suculenta não sem importa com solos secos, porém somente se desenvolve em solos com matéria orgânica. Indicando, portanto, matéria orgânica, boro e solo arenoso.
Tanchagem (Plantago tomentosa)
Ocorre comumente em solos pobres e adensados, possui grande habilidade de mobilizar o cálcio, por isso é uma planta característica de solos deficientes em cálcio. Pode ser aproveitada como uma boa fonte de cálcio aos animais que pastejam em campo nativo.
Caruru (Amaranthus viridis)
Esta planta indica uma condição de solo com matéria orgânica, presença de boro e nitrogênio. Quando há a deficiência de boro no solo, o caruru apresenta e talos com interior podre. Nesta condição, também as flores podem apodrecer.
Caraguatá (Eryngium horridum)
Também conhecido como gravatá, aparece principalmente em pastagens pobres e solos ácidos. Pode ser eliminada após ser cortar três vezes após emitir o pendão floral.
Guanxuma (Sida rhombifolia e Malvastrum coromandelianum)
Apresenta crescimento radicular pivotante, o qual permite o rompimento de camadas compactadas e indicando a ocorrência de uma camada compactada.
Grama-seda (Cynodon dactylon)
A grama-seda ocorre em solos de pH 4 a 8 e em ambientes de pisoteio intenso, seja humano, animal ou ainda ocasionado por máquinas. Indicando, portanto, uma camada compactada e pisoteio intenso.
Capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)
Também conhecido como capim-amoroso, indica solos completamente compactados. Quando o solo é muito compactado seu porte é menor, já em solos menos adensados cresce mais. Para reduzir sua ocorrência, o uso de plantas que descompactam o solo, como a crotalária, mucuna e guando são ótimas opções para a cobertura do solo.
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
Muito comum em áreas de plantio direto, indicando solos adensados, porém férteis.
Tiririca (Cyperus rotundus)
Esta planta só não se desenvolve em áreas de arroz irrigado. Prefere solos com umidade suficiente, tanto ácidos como alcalinos, porém bem ensolarados. Sendo assim, o uso de mulching (cobertura morta) ou de um cultivo denso com o feijão-de-porco que promovem o sombreamento do solo, reduzem sua incidência.
Dente-de-leão (Taraxacum officinale)
O dente-de-leão ou serralha, como também é conhecido indica solos argilosos, férteis, profundos e bem agregados, ricos em nitrogênio e boro. Porém se desenvolve somente em regiões de clima temperado e subtropical.
Vassourinha-branca (Baccharis dracuncunlifolia)
Podendo chegar até três metros de altura, a vassourinha-branca ou alecrim-do-campo quando identificada em grande quantidade em uma área, indica lavoura abandonada.
Referências:
PRIMAVESI, A. Algumas plantas indicadoras: como conhecer os problemas de um solo. 1 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2017.