Este post reúne informações sobre o nematóide das lesões (Pratylenchus brachyurus), ocorrência, danos, sintomas e estratégias de controle.
Ocorrência do nematóide das lesões
O nematóide das lesões tem causado grandes preocupações em diversas culturas, e em varias regiões do Brasil, principalmente para os agricultores de Mato Grosso, onde o parasita dificulta o manejo dos nematoides de galhas e reniforme por meio da rotação de culturas
Dentre as espécies pertencentes ao gênero Pratylenchus, três merecem destaques, P. brachyurus, (Godfrey) Filipjev & S. Stekhoven, P. coffeae (Zimmermann) Filipjev & S. Stekhoven e P. zeae, essas de ocorrência mais comum.
No entanto, Pratylenchus brachyurus é uma das espécies mais distribuídas, possui um alto grau de polifagia e tem o potencial de causar perdas elevadas em diversas culturas de importância econômicas.
Danos causados pelo nematóide das lesões
Diferente destes nematóides, o P. brachyurus é endoparasita migrador. Após o ciclo no interior da raiz, as galerias abertas por ele funcionam como porta de entrada para fungos de solo como Fusarium, Rhizoctonia, Phytium, etc causando sintoma de escurecimento das raízes e redução do porte na parte aérea com reboleiras cloróticas.
A gama de hospedeiros é muito vasta, passando por algodão, feijão, milho e soja, principalmente em áreas irrigadas. Na ausência de hospedeiros o parasita pode sobreviver até 6 meses. Em áreas de plantio direto, esse prazo pode ser prolongado devido a presença de restos de raizes de plantas hospedeiras.
As perdas decorrentes do ataque deste nematoide estão na ordem de 30 a 50%, dependendo da densidade populacional no solo, condições climáticas favoráveis e da cultura presente na área. Tem preferência por solos médio-arenosos (15 a 25% argila).
Na ausência de cultivares resistentes, evitar movimentação de solo contaminado, revolvimtento do solo com exposição dos nematóides ao sol pode reduzir a população e rotação de culturas. Existem culturas com a capacidade de multiplicá-los, como milho, Brachiaria humidicola, guandu anão cv. lapar 43 e aveia preta, ou até reduzindo-os, como Crotalaria spectabilis e C. breviflora.
Sintomas
As plantas atacadas pelo nematoide Pratylenchus brachyurus apresentam no seu sistema radicular poucas raízes secundárias e um escurecimento típico devido à penetração e locomoção desse nematoide, o que acaba facilitando o ataque de fungos e bactérias do solo, acelerando consequentemente a necrose do sistema radicular.
Os sintomas reflexos de parte aérea são plantas subdesenvolvidas e com folhas amareladas. Geralmente não ocorrem em reboleiras, somente em casos que a densidade populacional esteja em um nível muito elevado, combinado com suscetibilidade da cultura.
Sobrevivência e disseminação
Esse nematoide possui baixa capacidade de sobrevivência no solo na ausência da planta hospedeiro, normalmente utiliza restos culturais para manter-se vivo. Plantio direto e sistema mínimo favorecem sua sobrevivência.
Sua disseminação se baseia na movimentação do solo infestado por máquina, implementos agrícolas e outros meios.
Estratégias de manejo
Os nematoides do gênero Pratylenchus são considerados de difícil controle. Para que o produtor obtenha sucesso, deverá integrar as estratégias de manejo disponíveis.
Portanto, para a escolha de estratégias e táticas de manejo é fundamental a diagnose e identificação da espécie presente na área, juntamente com a densidade populacional no solo.
Há reduzidas ferramentas para o controle desse fitonematoide, tendo destaque:
- O uso de plantas não hospedeiras como Crotalaria spectabilis e C. breviflora são as principais ferramentas na redução da população no solo.
- Em locais com alta incidência, recomenda-se arar e ou gradear o terreno após a colheita, ou antes do plantio a ação da luz a faixa ultravioleta possui propriedades nematicidas.
- O uso de plantas consideradas má hospedeiras com aveia preta, Brachiaria humidicola e B. dictyoneura, podem ser usadas somente quando a densidade populacional do nematoide não estiver em níveis elevados.
- Cultivares com resistência moderadas, somente quando a densidade populacional do nematoide não estiver em níveis elevados.
Referências
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