Neste material você vai conhecer aspectos importantes sobre a Mancha Aureolada em Fumo como:
– Ciclo de vida do patógeno;
– Sintomas da doença;
– Medidas de controle.
A mancha aureolada é uma das principais doenças no fumo, cultura na qual sua produção é concentrada nos estados da região sul do Brasil, representando cerca de 97% da produção nacional (AFUBRA, 2014).
Esta doença, causada pelo fungo Thanatephorus cucumeris (A. B. Frank) Donk (anamorph Rhizoctonia solani Kühn), é característica de áreas úmidas e de clima ameno, podendo suas perdas chegar a 50% se as condições favoráveis ao desenvolvimento da doença persistirem.
Ciclo de vida do patógeno
A doença é causada pela fase sexuada do fungo Rhizoctonia solani Kühn, conhecido como Thanatephorus cucumeris (Frank) Donk. Basidiósporos do fungo causam a infecção na planta, estes por sua vez, são produzidos por himênio presentes na superfície do solo ou por tecido de plantas infectadas (ELLIOTT et al., 2008; SHEW AND MAIN, 1990).
A doença pode ocorrer em mudas de fumo em ambientes de alta umidade, em condições de estufa, particularmente onde as folhas crescem agrupadas formando um dossel fechado (GONZALEZ et al., 2011).
As temperaturas ótimas para crescimento do fungo variam de 24-28ºC. O himênio e os basidiósporos são produzidos facilmente no solo e em plantas, após a presença da matéria orgânica colonizada pelo patógeno a vários centímetros abaixo da superfície do solo (SHEW, 1991). As temperaturas ideais para formação do himênio são de 20-28ºC. A doença não ocorre e o patógeno não produz himênio a temperaturas acima de 32ºC (SHEW, 1991).
Períodos estendidos de alta umidade relativa (ou molhamento foliar) e temperaturas moderadas (20-30ºC) são necessários para uma produção abundante de basidiósporos e para infecção e colonização de tecidos hospedeiros. Quando as condições não forem favoráveis para produção de basidiósporos (baixa umidade), isolados de T. cucumeris podem causar podridão da haste e tombamento das mudas de fumo (ELLIOTT et al., 2008). Sob condições ideais, são necessários de 16 a 20 dias para o ciclo da doença se completar (SHEW AND MAIN, 1990).
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Sintomas da doença
Os sintomas da doença começam com pontos circulares, pequenos, ensopados de água, com cerca de 2-3 mm de diâmetro, como aponta a flecha na figura 2. Em condições de campo, estes pontos pequenos permanecem visíveis independente da lesão se expandir ou não, já em mudas pequenas, as lesões podem continuar a se expandir sem que essas lesões menores desapareçam. Este sintoma é útil, porém não é totalmente preciso na diferenciação da mancha aureolada para outras manchas na cultura do fumo.
Sob condições de alta umidade relativa e temperaturas moderadas, as lesões se expandem rapidamente, tornando-se de coloração verde clara e quase transparente, com bordas irregulares e halos cloróticos (figura 3).
Em estágios avançados da doença, folhas infectadas são facilmente separadas da planta devido ao severo murchamento, como mostra a figura 4.
Medidas de Controle
Ações integradas para o controle de mancha aureolada são as práticas mais recomendadas atualmente.
Práticas que limitam o molhamento foliar (espaçamento, ventilação e irrigação por inundação em casa de vegetação) reduzem a incidência e severidade da doença (SHEW, 1991).
A utilização de fungicidas, também apresenta uma certa eficácia para o controle da doença. Segundo Seebold (2011), fungicidas a base de Mancozebe aplicados logo quando as condições se tornam favoráveis ao desenvolvimento da doença, se mostraram alternativas eficazes para o controle da doença. Ainda segundo o mesmo autor, fungicidas a base de azoxistrobina, pertencente ao grupo das estrobilurinas (QoI), possuem boa eficácia de controle quando aplicados no momento correto, ou seja, antes do aparecimento dos primeiros sintomas da doença.
Referências bibliográficas
AFUBRA. Fumicultura no Brasil. 2015. Disponível em:
ELLIOTT, P.E., LEWIS, R.S., SHEW, H.D., GUTIERREZ, W.A.; NICHOLSON, J.S. Evaluation of tobacco germplasm for seedling resistance to stem rot and target spot caused by Thanatephorus cucumeris. Plant Disease. 92, 425–430. 2008.
SEEBOLD, W.K. Managing Target Spot and Rhizoctonia Damping-Off in the Float System. Lexington: University of Kentucky, 2011. Disponível em:
SHEW, H.D. Target spot. In: SHEW, H.D.; LUCAS, G.B. (Eds.). Compendium of Tobacco Disease. Saint Paul: American Phytopathological Society, 1991. p. 13-15. 1991.
SHEW, H.D. AND MAIN, C.E. Infection and development of target spot of flue-cured tobacco caused by Thanatephorus cucumeris. Plant Disease. 74, 1009–1013. 1990.