O lúpulo é o principal ingrediente da cerveja e é cultivado tradicionalmente em regiões como a Alemanha e Estados Unidos. Humulus lupulus L., como é o nome científico desta planta, é uma trepadeira, da família Cannabaceae e são as suas flores femininas (Figura 1) que são empregadas no processo de produção de cerveja. Estas são ricas em glândulas que armazenam lupulina, que contém resinas e óleos essenciais, responsáveis por trazer o amargor, o aroma e ainda auxiliar na conservação da cerveja.
Mesmo o Brasil sendo o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, com cerca de 13 bilhões de litros, quase todo lúpulo utilizado nessa produção precisa ser importado (SINDICERV/MDIC). Aos poucos essa realidade está mudando. Hoje já são mais de 160 produtores de lúpulo espalhados pelo Brasil, que contam com uma associação própria, a Aprolúpulo – Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo.
O lúpulo é uma planta dióica, sendo que a feminina é a de interesse econômico e cultivada. Ela é perene, entra em dormência na época de inverno em regiões temperadas, e inicia um novo ciclo produtivo no início da primavera. Nas lavouras, o lúpulo tem o crescimento dos seus ramos conduzidos verticalmente por fios, podendo chegar de 4 a 10 metros de altura, dependendo da variedade.
Seu crescimento está condicionado à presença de luz solar. Quanto mais tempo incidir luz solar no cultivo, durante sua fase de crescimento e reprodução, maior será a produtividade das plantas. Essa condição ocorre naturalmente nas regiões que tradicionalmente cultivam o lúpulo, onde a posição geográfica permite dias com maior fotoperíodo durante o verão, possibilitando maior número de horas de luz do que aqui no Brasil.
O jeito encontrado nas propriedades brasileiras foi estender as horas de luz por meio de iluminação artificial (Figura 2), aumentando significativamente as horas de luz que as plantas de lúpulo recebem. Com estas estratégias, a produtividade dos cultivos deu um salto e aumentou em 70%, passando de uma safra a, pelo menos, duas colheitas por ano.
Conforme o lúpulo desenvolve sua parte aérea, maior é a sua demanda por água, sendo o período de maior demanda o que vai do início ao final da floração, quando a formação dos cones, como são chamadas as flores, consome bastante água. A fertirrigação é uma estratégia adotada por muitos produtores, a fim de fornecer simultaneamente água e os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento da cultura.
De acordo com dados da Aprolúpulo, a produção brasileira média de cones por planta de lúpulo é de 200g. Este número está muito distante da média dos principais países produtores, como Alemanha e Estados Unidos, que é de 800g/planta. Com a adoção de diversas estratégias e alinhamentos finos de manejo, como a iluminação artificial, escolha da variedade, sistema de condução usado, algumas propriedades brasileiras já chegam a médias em torno de 500g/planta.
Além da produção de lúpulo, alguns produtores também estão investindo no seu beneficiamento, o que aumenta substancialmente, o retorno financeiro da atividade.
Vários produtores já se arriscam no cultivo do lúpulo e colhem bons resultados, servindo de exemplo para novos produtores que também passam a cultivar essa planta no Brasil. A Aprolúpulo desenvolveu e disponibilizou em seu site um manual de boas práticas para o cultivo de lúpulo, a fim de auxiliar os produtores menos experientes.
Veja mais informações sobre o cultivo de lúpulo no Brasil nesta reportagem: https://globoplay.globo.com/v/9579156/