Neste material, você terá acesso a: definição, principais propriedades, vantagens na utilização, vias de penetração nas plantas, consequências do uso, resistência e classes de fungicidas sistêmicos.
O que são?
São produtos capazes de penetrar na planta e serem tóxicos, com processos vitais inerentes aos fungos. São altamente seletivos.
O conjunto químico sistêmico deve ser prontamente assimilado pela planta, translocado, e inibir infecções locais e distantes do local de aplicação, sem afetar os tecidos do hospedeiro.
Deve matar o patógeno no interior dos tecidos, resistir à rápida degradação, e, se for decomposto nos tecidos da planta, seus subprodutos devem ser tóxicos ao patógeno.
Principais propriedades fungicidas dos compostos sistêmicos:
a) Penetração:
A penetração do fungicida depende de sua solubilidade relativa em lipídeos, obtendo-se maior penetração do produto através da cutícula.
b) Movimento dentro da planta:
Envolve transporte no xilema e no floema, para serem transportados a longas distâncias. Dependendo de suas propriedades, o fungicida pode translocar-se pelo floema tanto por via foliar como por via radicular.
O movimento dos fungicidas dentro da planta depende também do seu fluxo livre dentro dos vasos; alguns produtos aderem-se à parede do xilema, enquanto outros parecem permanecer livres.
Há uma tendência dos ingredientes ativos dos fungicidas acumularem-se nas lesões dos parasitas obrigatórios, nos tecidos afetados e no micélio fúngico.
c) Toxicidade relativa:
A seletividade entre os sistemas do patógeno e da planta é devida a vários fatores, entre os quais se destacam a sensibilidade diferencial das espécies dos dois sistemas e diferenças na permeabilidade das membranas, entre outros.
Os fungicidas sistêmicos podem ser específicos para determinados grupos de fungos e/ou doenças.
d) Estabilidade metabólica:
O produto deve possuir uma atividade química que permita sua entrada e translocação na planta, e sua penetração nas células da planta, onde deverá seletivamente inibir ou matar o patógeno sem afetar a planta, de forma duradoura e não se degradando.
Vantagens:
- Atingir locais inacessíveis aos fungicidas protetores;
- Manter o patógeno no interior dos tecidos da planta após o processo infeccioso já ter sido iniciado;
- Proteção de partes dos tecidos da planta por período de tempo maior do que os protetores;
- Como os produtos sistêmicos são tóxicos em baixas concentrações, possibilitam o emprego de menor dosagem do produto;
- Translocação do produto na planta de forma ascendente (da porção basal para a apical da planta) e translaminar (da parte superior para a inferior). Dificilmente translocam no sentido descendente. Certa qualidade possibilita a redistribuição do ingrediente ativo dentro da planta.
Vias de penetração:
As principais partes da planta envolvidas na absorção de fungicidas sistêmicos são:
- folhas,
- caules,
- raízes,
- sementes.
Folhas:
A cutícula é composta de lipídios que têm por finalidade a redução da perda de água pela planta, limitando o movimento das partículas.
O movimento translaminar depende da composição das cutículas. A maior quantidade de estômatos na face inferior das folhas tem possibilitado penetração mais rápida nesta face do que na face superior.
A penetração de fungicidas sistêmicos através da cutícula é geralmente reduzida.
A penetração também é influenciada pelo tipo de formulação (CE): a dispersão em óleo pode aumentar a penetração através da cutícula, proporcionando uma economia de 2 a 3 vezes na quantidade de fungicida requerida por hectare.
Caule:
O caule de plantas herbáceas apresenta os mesmos inconvenientes que as folhas.
Com relação ao caule de plantas lenhosas, há uma variação entre as espécies de plantas, dependendo da espessura da periderme. Formulações à base de óleo aumentam a efetividade do fungicida.
Raízes:
É variável em função da espécie. Variam em sua permeabilidade à água e aos solutos.
Sementes:
Parte do produto é absorvida e será diluída pelo crescimento da planta, submetida à decomposição. Parte do fungicida que permanece no solo, ao redor das sementes, também está sujeita à degradação e absorção.
Consequências do uso de fungicidas sistêmicos:
O uso indiscriminado causa o aparecimento de novas raças na população do patógeno, as quais se tornam resistentes ao fungicida empregado.
Esta resistência é explicada, parcialmente, como consequência de mudanças genéticas, de modo que o fungicida não atinge o local específico do metabolismo do fungo no qual exerce seu efeito.
Isto pode ocorrer devido a decréscimos na permeabilidade da membrana do protoplasma ou ao aumento da capacidade do fungo de desintoxicar o fungicida.
Mecanismos de resistência:
a) Decréscimos na permeabilidade: antibióticos que não atingem o local de ação devido ao decréscimo na permeabilidade da membrana do protoplasma do organismo resistente;
b) Aumento da desintoxicação: pode ocorrer por modificações na molécula com concomitante perda de ação fungicida após a entrada na célula fúngica;
c) Decréscimo da afinidade no sítio de ação: quando o fungicida alcança o local de ação sem ser metabolizado pelo organismo, a resistência pode ser explicada baseando-se na falta de afinidade do inibidor no sítio reativo;
d) Adaptação por evitamento: quando um fungicida bloqueia a reação em um determinado sítio de ação do metabolismo fúngico e o fungo se adapta a esta situação, alterando seu metabolismo de tal forma que o local bloqueado não seja utilizado;
e) Resistência em condições de campo: capacidade de seleção de raças resistentes ao patógeno, o que pode ser aumentado nos seguintes casos:
- aplicação repetida de fungicidas sistêmicos quimicamente relacionados;
- aplicação de fungicidas em concentrações letais ou subletais, continuamente;
- utilização de fungicidas em áreas isoladas, onde não haja competição das diferentes raças dos organismos.
Por haver redução destas possibilidades, mais de um fungicida com diferentes mecanismos de ação devem ser aplicados, preferentemente, de forma alternada.
Classes:
- Benzimidazóis
- Triazóis
- Estrobilurinas
- Carboxamidas